O Nosso Cérebro É Um Mistério

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Já havia se passado três semanas desde que Maya e Carina decidiram morar juntas, ambas ainda estavam se acostumando com a nova rotina de dividirem o mesmo apartamento todos os dias. Já tinham passado por uma experiência parecida quando Carina sofreu o atentado e depois que teve alta do hospital, Maya praticamente se mudou pro apartamento dela durante os primeiros dias pois queria cuidar e ter certeza que ela ficaria bem, mas mesmo assim não se compara ao que estão vivendo agora.

Carina estava aprendendo a se acostumar com as pequenas bagunças e manias de Maya, como largar a toalha molhada em cima da cama por exemplo, coisa que irritava profundamente a italiana. Maya também estava aprendendo a se acostumar com as manias de arrumação e organização de Carina, que ela as vezes julgava serem exageradas.

Apesar desses pequenos detalhes as coisas iam fluindo muito bem entre elas, aos poucos cada uma cedia um pouquinho de suas manias para que tudo desse certo e fosse bom para ambas.

Os raios tímidos de sol começavam a entrar pelas frestas da cortina que fora mal fechada na noite anterior, Maya despertou xingando mentalmente a claridade que batia em seus olhos. Há um tempo atrás ela levantaria no maior mal humor, xingando tudo e todos por ter que despencar da cama tão cedo em plena segunda feira mas dessa vez foi diferente. Seu mal humor não durou nem dois segundos quando se virou pro lado e seu olhar pousou em Carina que dormia como um anjo.

Ela sorri admirando a namorada dormir e agradece mentalmente por tê-la ali, por ela ter se tornado seu porto seguro, por todos os momentos lindos que viveram juntas e por todos que ainda vão viver. Maya nunca se sentiu tão sortuda até Carina chegar.

— Isso é estranho, sabia? - Carina questiona se espreguiçando na cama

— O que?

— Ficar velando meu sono

— Não pude deixar de admirar, você parece um anjo dormindo - rouba um selinho da médica

— Um anjo descabelado e cheio de olheiras - ri

— E mesmo assim continua linda - sorri fazendo as bochechas de Carina corarem, era incrível como mesmo depois desse tempo todo a italiana ainda ficava levemente envergonhada com os elogios que recebia da namorada

Depois de enrolarem por mais alguns minutos na cama elas finalmente se levantam para tomar banho e se prepararem para iniciar mais uma semana comum como todas as outras, bom pelo menos era isso que elas pensavam.

Após deixar Carina no hospital, Maya seguiu para a estação, chegando lá mal teve tempo de vestir seu uniforme quando todos os veículos foram solicitados, era um incêndio de alarme múltiplo. O incêndio era no abrigo infantil da cidade, a coisa estava verdadeiramente feia por lá.

— Warren e Dixon montem a triagem, Montgomery, Hughes e Miller nas mangueiras,  Herrera, Gibson e Ruiz peguem os equipamentos necessários para entrar - deu as ordens e começou a analisar as dimensões do fogo para traçar um plano

Mais de cinquenta crianças com idades diferentes moravam alí. Grande parte das vítimas já haviam sido resgatadas, mas o fogo ainda continuava difícil de controlar e o tempo estava ficando curto então Maya resolve entrar também. Enquanto vestia seu casaco de incêndio e pegava o tanque de oxigênio Maya sentia um frio na barriga e a adrenalina tomar conta do seu corpo, já fazia um tempo que ela não entrava nas cenas apenas dava as ordens e ajudava de fora como capitães costumam fazer.

Já dentro do abrigo ela começa a verificar os cômodos em busca de possíveis vítimas, ela entrou em uma pequena sala que deduziu ser a biblioteca do abrigo devido as prateleiras de livros, que já estava boa parte queimada, passou os olhos no local mas não viu ninguém, chamou e também não obteve resposta mas quando estava prestes a sair escuta uma tosse fraca e então volta a chamar novamente e procurar o dono ou a dona do barulho.

— Ei, tá tudo bem, você consegue se levantar? - pergunta ao garotinho, que aparentava ter uns quatro ou cinco anos, sentado de baixo da mesa no canto encolhido com a cabeça escondida entre as pernas. O pequeno não responde e nem se mexe - Eu vou te tirar daí, tudo bem? - Mais uma pergunta sem resposta, ela então se agacha pega o garoto no colo mas logo nota o porquê dele não responder. Estava muito fraco e respirava com muita dificuldade, havia inalado muita fumaça tóxica, mal conseguia manter os olhos abertos. Antes de saírem dali ela retira sua máscara de oxigênio e coloca no garoto

Com o menino nos braços ela anda o mais rápido que consegue, precisava sair logo pois além do local ficar cada vez mais perigoso ela já estava inalando muita fumaça tóxica também. Maya começa a se sentir tonta, ela estava começando a ficar fraca quando nota uma luz no fim do corredor e percebe que já está perto da saída, ela se esforça e consegue sair com o menino.

A capitã passa direto pelo centro de triagem e entra na ambulância, é o tempo dela colocar o pequeno na maca e demaiar ali mesmo. Warren presencia toda a cena e sai correndo para a socorrer. Sentado na maca, o garotinho que agora já havia parcialmente recobrado os sentidos depois de ficar com o oxigênio da capitã observava a cena atentamente.

Ambos são levados para o Grey Sloan para receber os devidos atendimentos. Na entrada do hospital Karev e Shepherd esperavam pela ambulância, eles já haviam sido comunicados da situação por Ruiz.

— Bombeira 29 anos desmaiada a aproximadamente 20 minutos após inalar fumaça tóxica, ela bateu a cabeça no chão ao cair - Warren explicava tirando a maca da ambulância

— Levem ela pra tomografia - Amélia dá as ordens aos seus internos - Não falem nada pra Carina agora, ela tá no meio de um parto, e nem para a Meredith ela está em cirurgia - pede antes de ir

— Menino de aproximadamente 5 anos, com os sinais vitais aparentemente normais mas também inalou muita fumaça - Teo explicava a situação para Karev ao descer da ambulância com o garoto no colo e entregá-lo ao pediatra

Carina ainda não sabia que a namorada havia dado entrada no hospital, ela tinha acabado de entrar para realizar uma cesariana de emergência no momento em que Teo comunicou o hospital sobre a chegada deles.

Assim que Meredith fica sabendo que a filha havia dado entrada ali já à alguns minutos ela fica preocupada mas completamente brava por não ter sido avisada antes e em um momento de raiva ela acaba indo confrontar a chefe.

— A minha filha deu entrada no hospital e você nem ao menos pediu para que me avisassem - Grey fala entrando sem bater na sala de Bailey

— Eu vou relevar esse seu tom e forma como entrou aqui porque sei que está nervosa por tudo que tá acontecendo - começa reprendendo a forma como a cirurgiã fala com ela - Você estava em cirugia, eu não podia simplesmente entrar na sala e te dar uma notícia dessas sabendo que você estava com um paciente aberto sobre a mesa - Meredith respira fundo e entende que a chefe estava certa e se dá conta da maneira que a agiu

— Eu sei, desculpa - abaixa a cabeça e suspira cansada - Onde ela está?

— Fazendo uma ressonância, Amélia quer ter certeza que não tem nenhum coágulo ou trauma. Ela bateu a cabeça quando caiu - explica e a loira apenas assente e sai dali

                                           ***

— Não tem nenhum coágulo, nem trauma, nada, os exames estão limpos - Amélia fala assim que Yang entra na sala

— Então porque tá com essa cara?

— Já tem mais de quarenta minutos e ela ainda não acordou, não deu nenhum sinal - fala ainda analisando os exames tentando ver se acha algum erro - Os sinais vitais estão ótimos, o oxigênio tá normal, tá tudo no lugar... Ela já deveria ter acordado

— Como você mesmo diz, o nosso cérebro é um mistério, ela é forte, vai acordar - coloca a mão no ombro de Amélia tentando passar algum conforto - Você é a melhor neuro desse país, tenho certeza que vai descobrir o que fazer

Cristina sai da sala deixando a neurocirurgiã pensativa, Amélia não conseguia entender tal fato. Tudo que podia fazer nesse momento era esperar e enquanto isso pesquisar para ver se achava casos parecidos ao de Maya.

Por Nossas Filhas | Marina e MeddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora