Em uma manhã apreciável duas pessoas ficam em silêncio se encarando, esperando pacientemente alguma falar qualquer coisa. O clima poderia até ficar bom sem nenhuma voz ou nenhuma problema, mas estava começando a ter um desconforto evidente. Ninguém quis dizer nada, apenas analisar o físico.
Sentado de braços cruzados, um rapaz loiro de olhos verdes observa emburrado sua psicóloga, que lança um sorriso forçado, claramente falso.
- Que bom vê-lo novamente, Clay. - diz a mulher parando com aquele joguinho de ficarem se entreolhando.
- Me chame de Dream, por gentileza. - responde meio seco, mas com um pingo de educação no final.
A moça suspira revirando seus olhos para o pedido dele, ela não estava nem um pouco disposta em ajudá-lo e Dream sabia disso. Compreende que essa tal psicológica é uma farsa, colocando como importância seu dinheiro do que auxiliar seus pacientes.
- Por que eu não posso o chamar de Clay? Achei que já havíamos conversado o suficiente para termos um laço. - aquela pergunta fez o jovem ranger os dentes, tentando se controlar da forma ardilosa que a morena arremessa nele.
- Você não me cativas, Esmeralda. - fala sério. - Além disso, não tem intimidade o suficiente para me chamar assim, inclusive eu prefiro ser chamado de Dream. - sua voz saí misturando cansaço com ódio por estar aqui perdendo o seu tempo. - Então, não venha forçar a barra. - concluí enterrando mais afundo suas costas na poltrona macia de cor verde-limão.
Esmeralda pegou sua pasta de anotações e a deixou em uma mesinha, tirando de cima das suas coxas. Ela realmente não gostava desse paciente, na verdade a mesma está apenas fazendo um favor para Drista, irmã caçula de Dream. As duas eram colegas de faculdade, antes mesmo de cada uma seguir sua carreira.
Mas, o próprio Dream também estava aqui por prometer ir uma última vez na psicóloga. Resumidamente, eles estão praticando isso por Drista, apesar de seus santos não baterem, colocam ao menos alguns esforços.
- Eu não sei se você notou, mas essa poltrona tem a sua cor favorita. - diz Esmeralda tentando uma brecha de aproximação do rapaz que fica na defensiva diante de sua presencia.
- E? - questiona Dream aguardando ela comentar algo.
- Você não gostou, Clay? - provoca usando o nome que ele não queria.
- A cor eu gosto, mas de você eu detesto. - retruca dando um sorriso sarcástico, enquanto vê Esmeralda morder seus lábios inferiores para controlar seus nervos.
Ela iria pirar a qualquer segundo.
- Então, o que você queria dizer com aquilo de cativar? - troca o tópico indo para uma rota um pouco mais arriscada.
Dream respirou fundo, já prevendo o caos nessa consulta.
- Nada em você me interessa. - começa a explicar. - Não tem como ser amigo de alguém sem cativar a pessoa primeiro, sem criar uma afinidade, ou até mesmo uma simples conexão. - suas palavras tomam o consultório, sendo somente ele confessando. - Ter algo que conecta você com essa pessoa é o que faz seus relacionamentos serem únicos. E por isso eu digo, você não me cativas, Esmeralda. - reforça a fala anterior, porém, desta vez com mais firmeza.
- E você tem alguém que lhe cativas, Clay? - insiste em chamá-lo assim.
- E se eu tiver é da sua conta?
- Acho que você nunca vai ter alguém que lhe traz felicidade. - ela comenta com certeza olhando bem fundo nos olhos esverdeados do paciente. - Veja, tudo isso que você passa é apenas uma fase. - parecia que Esmeralda tem orgulho de rebaixar os sentimentos turbinados de Dream. - Pare com esse drama, e viva corretamente.
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Broken
FanfictionDream, um jovem solitário, nunca entendeu o sentido da vida. Ele sempre se esforçava para compreender as pessoas por perto, pois em sua teoria devemos tentar saber como a sociedade reage O que ele não podia contar era as enormes decepções que a vida...