O garoto esfregou as mãos uma na outra, sentindo a umidade do suor aumentar. Seus olhos inquietos fixaram-se no gato no alto da árvore, um reflexo do estado de nervosismo que tomava conta de seu corpo. Ele olhou para Yoongi, que estava relaxado e parecia alheio ao turbilhão de emoções que Hoseok sentia. Mesmo aos dezesseis anos, Hoseok ainda era muito apegado aos pais, e a ideia de partir naquela noite sem ao menos dizer adeus parecia-lhe um peso insuportável.
As bruxas e bruxos tinham uma tradição: deixar suas casas em uma certa idade para desenvolver independência em uma nova cidade. Antigamente, partiam aos treze anos, mas nos dias de hoje era mais comum saírem aos dezoito. Hoseok, no entanto, ansiava por essa liberdade e a pequena cidade de menos de mil habitantes já não era suficiente para ele. Ele precisava de mais, de novas experiências e aventuras que a vida em Gwangju não podia lhe proporcionar.
Pisando firme na grama, como se esse gesto pudesse lhe dar a coragem necessária, Hoseok caminhou até a casa de telhados coloridos e janelas abertas, onde flores de todas as cores enfeitavam o jardim. Seu pai estava sentado no sofá, concentrado em consertar a pequena caixa de som do vizinho, enquanto sua mãe estava na cozinha, lendo um livro de receitas e preparando uma poção, provavelmente um remédio. Era uma cena tão familiar e reconfortante, que fazia seu coração doer com a despedida.
— Mãe, Pai — chamou alto, atraindo a atenção dos dois. Seus pais sorriram gentilmente para ele, parando o que estavam fazendo. — Irei embora hoje à noite.
Os sorrisos gentis desapareceram instantaneamente. Sua mãe, surpresa, colocou o livro sobre a mesa e se aproximou.
— Hoje? — Ela perguntou, com uma expressão de preocupação. — Ainda faltam dois anos, meu filho. Não está cedo demais?
— Eu sei — suspirou Hoseok, tentando manter a voz firme. — Mas sinto que estou pronto.
Seu pai ia dizer algo, mas Hoseok o interrompeu, determinado a não ser coagido a ficar.
— Por favor. Eu amo viver em Gwangju, mas quero mais. Quero conhecer lugares novos e, além disso, Yoongi estará comigo. Hoje é lua cheia, e a previsão do tempo diz que o céu estará limpo.
— Fico aliviado em saber que Yoongi estará lá — respondeu seu pai, tentando esconder a preocupação na voz.
Ele olhou para sua esposa, tentando convencê-la com o olhar. Ela suspirou e acenou com a cabeça, aceitando. Eles não poderiam prender a liberdade do filho, apesar de temerem que o mundo pudesse roubar seu sorriso caloroso.
— Você já é grande e tenho certeza de que se dará bem em outra cidade — disse sua mãe, aproximando-se para beijar seus fios platinados. Seu pai se juntou a eles, formando um abraço em grupo. — Cadê meu outro filho preguiçoso?
— Estou aqui — Yoongi, em sua forma humana, entrou pela porta. Quando viu o que estava acontecendo, tentou fugir, mas Hoseok foi mais rápido e o puxou para o abraço familiar. — Odeio todos vocês.
— E nós te amamos — Hoseok beijou suas bochechas rosadas e o abraçou mais apertado.
Sentiria falta dos abraços calorosos e dos momentos simples em família. Mas a ideia de sair de casa, voar por cidades em sua vassoura, conhecer novas pessoas, descobrir lugares e experimentar comidas diferentes fazia seu coração acelerar. Ele queria experimentar tudo isso e muito mais. Arrumaria um bom emprego para dar a ele e a Yoongi uma vida tranquila e, aos poucos, construiriam seu lar.
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Serendipidade | vhope
FanfictionÉ como uma tradição bruxas e bruxos sairem em busca de independência a uma certa idade. Hoseok tem dezesseis anos e decidiu que era sua hora e junto com seu gatinho Yoongi partiram de casa em uma noite de lua cheia. ou Taehyung é um artista que vive...