caçador

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× Lá estava eu novamente preso na porra da carranca do velho trabalho, mas não me leve a mal, as palavras só se moviam para formarem os meus pensamentos banais.
   Banalidade? Era a palavra que eu procurava para fala sobre minha rotina. Vivendo de futilidades, mas o que posso fazer se sou ótimo em mandar almas para o seu devido descanso?
Novamente eu andava por toda aquela merda, buscando mais dinheiro como verme vivendo como coveiro. Lá estava eu, novamente manchado com sangue, com rosto marcado com o carvão, junto com olhos de Piedade que deixei vagarem

O assovio do velho destino me perseguia, assim como o cheiro do cigarro entranhado em minhas roupas. Era o meu relacionamento tóxico mais duradouro, o vício que eu não poderia abandonar ou estaria só novamente.

Voz desconhecida- o que quer, senhor? - me pergunta se debruçando a mesa, me dando o prazer de escutar sua mais doce melodia, me olhando enquanto tomava um gole de sua bebida...

- me sirva a bebida mais amarga que a vida me trouxe, enquanto não vou ao inferno- disse sorrindo, piscando para a garota do bar.

A garota nada me disse, apenas balançou a cabeça em concordância, enquanto me dava o prazer de ver suas bochechas rubras.

Balancei a cabeça, isolando meus pensamentos impuros de sua carne nem tão pura assim.

Voz desconhecida- aqui está, senhor- diz me dando um copo de bebida e só pelo cheiro, minhas memórias eram aquecidas, bacardí e princesa Isabel, duas
damas que almejavam foder comigo, uma com a noção e a outra com um fígado que já não tinha mais uso. Um gole e eu me sentia com pés no chão, mais um, mais outro e assim por adiante, mas minha cabeça estava no mesmo lugar.... ....ah não, não faça isso, não tire o meu único paraíso.
    Meus demônios estão soltos, vazios e os que seguravam não faz mais efeito em mim, então eu imploro, grito para que fiquem dentro, peço controle, antes que seja tarde, mas suas risadas cortam minha voz, tudo o que ouço é o seu sussurro, "o controle se acabou".

× de devaneios em devaneios, sua voz doce me achou. Ah velha companheira, está sendo uma especialista em me livrar de minhas merdas...

Voz desconhecida- lican, você está podre. Velho como um carvalho, mas descabeçado como um homem tolo- disse a velha senhora que por sua vez aparentava ter seus cinquenta anos.

- Liz, não corte o meu barato. Está precisando dar umazinha para acabar com esse humor desgraçado. Pode até estar velha, mas dá uma bom caldo- dizia sorrindo abobado. Cara, aquela cachaça era da boa

Liz- cale-se, seu velho lobo. Tem cinquenta anos como a mim, mas por ser um licantropo, aparenta ser tão jovem que diria ser um daqueles babacas passando por uma puberdade infernal- disse Liz irônica, enquanto carregava o meu corpo até algum quarto daquela taberna.- sabe, deveria parar de dar em cima de meus funcionários...tsc tsc, um lobo bissexual que vive em um cio sem fim. Que diabos de amigo fui arrumar- Liz completou me jogando na cama.

- blá blá blá, deveria calar a boca, velha amargurada- disse gargalhando de sua cara de indignação

Liz- tem sorte de ser um bom caçador, se não eu mesmo te daria um fim. Ah sim, e falando em trabalho, chegou uma carta para você, um novo serviço.


(Continua? Talvez)

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