007 - Cabaré ou só comprar flor.

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Hoje recebi uma visita nem um pouco esperada, muito menos desejada. Mas mesmo assim agora ele dormia na minha cama, se cobrindo apenas com um travesseiro e completamente nú.

Eu poderia ter dado um cobertor, mas queria mesmo era saber desenhar para desenhar seu corpo coberto apenas por um travesseiro. E ele certamente não estava merecendo uma coberta.

Isaque e eu tínhamos um caso, o conheci na faculdade pouco meses depois de chegar no rio. Antes disso ele havia me ajudado a pegar um ursinho na máquina do shopping. Eu entreguei o macaquinho pra ele aquele dia, por puro orgulho.

Com o tempo eu finalmente aceitei o boneco, e só depois começamos a ter algo.

Nada realmente oficial, um namoro, alguém que pudesse apresentar para a família como apresentei Pedro. Afinal eu não falava com minha família. E ele não foi meu único relacionamento nesses anos.

Nenhum realmente foi sério, saia com algumas pessoas e nenhuma me tratava bem. E eu era tão carente que aceitava qualquer coisa.

Aceitava qualquer coisa de Pedro também, mas pelo contrário, ele sempre foi meu anjo particular.

Isaque era meu amigo acima de tudo, por isso nunca colocamos um fim ou um começo. E estava bem assim. Se eu ou ele encontrarmos em um relacionamento do nada, vamos respeitar, talvez esconder nosso histórico sexual, e continuar assistindo filmes durante toda a madrugada.

E o filha da puta era realmente bonito. Era absurdamente mais alto que eu, pra ser mais precisa o menino tinha 1,78. Apenas 22 dois anos e queridinho dos pais, tratava a mãe e crianças muito bem, e isso era sempre um bônus. Também era fumante, pelo menos não reclamava como Pedro reclamava, afinal ele estava fumando junto.

Seus cabelos eram cacheados e bem mais cuidados que o meu, sua pele sempre tinha um contraste incrível com luz. E era justamente essa parte que me fazia ter a impressão de que havia saído de uma pintura.

Tirando as coisas que eu poderia aproveitar na cama, ele também era um amigo incrível. Infelizmente não do tipo que te ajudava em um porre como o Abel, mas ainda era um amigo incrível.

E falando em Abel, era justamente no que pensava enquanto me arrumava me olhando no espelho do elevador.

A gente sempre se falava por vídeo chamada, umas sete vezes no ano, tirando isso apenas algumas perguntas sobre como anda a vida por mensagem. E ele era meu melhor amigo.

Eu realmente havia me afastado de muitas pessoas, e Abel foi a que eu mais senti falta. Mas mais do que meu melhor amigo, ele era melhor amigo do Pedro.

E isso sempre teria ligação.

Quando o elevador abriu eu já consegui ver o menino, um pouco mais alto e um pouco diferente de quando tinha 17 anos. Ele era apenas um ano mais velho que eu.

Mal consegui perceber exatamente o que mudará, pois assim que o elevador abriu o mesmo me abraçou. Quase nos derrubou no chão do elevador. Retribui sem jeito já que o mesmo tinha agarrado meus ombros.

— Tá bom, né? O elevador vai fechar. - brinquei. O menino me puxou pra fora e me abraçou de novo.

Dessa vez consegui retribuir normalmente.

— Agora tenho minha melhor amiga de volta. - ele agarrou meu braço e caminhou pra fora do prédio. - Onde vamos? Cabaré ou só comprar flor?

Sorri.

— Só comprar flor, idiota.

— Ainda não acredito que voltou. - disse quando entramos no seu carro. Ri sozinha jogando minha mochila atrás. - Você é muito burra, besta quadrada.

WITH LOVE, SATUR

𝙋𝙃𝙊𝙏𝙊𝙂𝙍𝘼𝙋𝙃𝙔𝑝𝑒𝑑𝑟𝑜 𝑜𝑟𝑜𝑐ℎ𝑖.  [HIATOS]Onde histórias criam vida. Descubra agora