Esposa de Mentirinha

Capítulo 2

Divirtam-se!!

Foi um golpe um pouco duro ver Diana ir embora de repente. Kara havia sido fisgada tão facilmente pela graciosidade da morena, que nem mesmo se lembrou da sua aliança falsa. Em todos esses anos que mentia descaradamente, a loira sempre foi muito cuidadosa em seus passos. Só porque havia gostado aquela moça, tudo contribuiu para que as coisas dessem errado.

Há muito tempo, não encontrava alguém que mexesse com ela a ponto de se envolver. Nesses dez anos de plena solteirice — tirando Diana — apenas uma vez se imaginou tendo algo com alguém. Daquela vez, nada poderia rolar com a pessoa, por isso nem mesmo tentou ou sequer comentou com alguém e preferia fingir que nada aconteceu. Apenas pensou mais uma vez que, por causa das circunstancias, o amor não era para ela.

Respirando fundo, Kara vestiu sua calça e pegou suas botas que estavam distantes uma das outras. Olhando para o relógio, viu que iria acabar se atrasando para chegar ao consultório. Nesse momento, só haveria uma pessoa que poderia remanejar seus horários.

Depois de mandar uma rápida mensagem para Alex — que sabia que ela tinha saído da festa com uma garota — avisando que estava viva, procurou pelo número de sua assistente.

— Bom dia para a minha assistente favorita — disse com animação assim que foi atendida.

— Bom dia, Kara. O que posso fazer pela sua pessoa?

— Pode remanejar meus horários de hoje? — começou andar enquanto tentava entender como chegaria até seu carro.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou preocupada.

— Aconteceu, mas não é nada de ruim. Só preciso que faça isso, pois chegarei atrasada no consultório.

— Tudo bem. Como quiser. Posso colocar horários a partir das onze?

— Sim. Você é a minha heroína, sabia?

— Sempre soube.

A resposta fez Kara sorrir.

— Você tomou café essa manhã?

— Tchau, Kara — desligou.

Antes de ir para o consultório, Kara passou em casa para tomar um banho e trocar suas roupas. No caminho para o trabalho, parou na cafeteria que Lena gostava e comprou seus preciosos croissants. Dessa vez, não brincaria com ela sobre pegar sua comida, já que estava com tanta fome que também teve que comprar algo para ela.

Meia hora antes do horário que Lena a disse, Kara já estava entrando em seu consultório.

— Olha o que eu trouxe — colocou tudo o que havia comprado em cima da mesa da morena.

— Vai alimentar um exército? — a fitou.

— Não. Isso é para você — a entregou um saquinho de papel e o café que ela gostava — e isso é para mim. Estou morrendo de fome.

— Que bom que vou conseguir comer o que é meu sem você me atormentar.

— Não seja por isso — ameaçou tentar pegar o que estava na mão de Lena.

— Nem vem — empurrou sua cadeira de rodinha para trás. — Como foi a festa?

A pergunta foi o suficiente para que Kara começasse a detalhar tudo o que aconteceu. Gostava de contar para Lena sobre a sua vida, ela sempre parecia estar interessada e também opinava. Suas opiniões geralmente eram bem duras, mas a loira ouvia tudo sem reclamar.

Há oito anos Lena trabalha para a Kara. Elas se conheceram um ano antes disso de uma maneira... estranha e diferente, pode-se dizer assim.

Quando ainda ter seu próprio consultório era um sonho tentando sair do papel, Kara trabalhava no Hospital Geral de National City. Em uma noite em que estava de plantão, durante seu intervalo foi até uma cafeteria que ficava ali em frente. Ao chegar lá, encontrou uma morena de olhos verdes grávida, comprando croissants com manteiga. Estranhou o fato dela estar ali sozinha com uma barriga enorme, mas apenas ficou a observando.