Capítulo 3

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Gabriela

Um barulho de panela caindo no chão me acordou. Deveria ser ser cedo já que minhas pálpebras insistiam em querer fechar. Mais uma vez o choque de uma panela com o chão fez meus olhos se abrirem de vez.

Bati minha mão no criado mudo em busca
dos meus óculos que coloquei no meu rosto.
Estiquei os braços, saltei da cama e me
espreguiçando fui ver que destruição era
aquela na minha cozinha.

— Lucas, o que diabos você ta fazendo? —
perguntei ao vê-lo com uma bagunça enorme na minha cozinha.

— Preparando um café.

— Você está destruindo minha cozinha, Lucas — tinha algumas panelas no chão, o
liquidificador todo sujo em cima da pia que
estava repleta de bandas de laranjas abertas, tinha casca de banana e até mesmo um jornal.

No fogão um ovo mexido era preparado, só
que tinha mais ingredientes no fogão do que na panela.

Corri para mexer o ovo que já ia queimar
no fogo. Desliguei e virei cruzando os
braços para encarar o senhor Lucas que ria
mostrando duas covinhas na bochecha.

— Estou preparando um café da manhã, ué.

— Não precisa quebrar tudo! — bati o pé no chão enquanto colocava as bandas de laranja no lixo.

— Só caíram umas panelas no chão.

Recolhi as panelas do chão e organizei no
armário. Eu podia ser bagunceira, mas na
cozinha gostava das coisas pelo menos no lugar delas. Lucas ligou o rádio de pilha que eu tinha em cima da geladeira que ganhei da minha avó e começou a rolar um sertanejo, muito ruim. enquanto
colocava o líquido do liquidificador no copo.

— Você vai arrumar toda essa cozinha. — falei pegando o copo com suco e indo sentar no sofá. — Que horas são?

— Horas de eu ir para o escritório. Só preciso arrumar isso tudo já que a Senhorita mandona, mandou.

— Gosto assim. — sorri e ele retribuiu.

Lucas realmente arrumou a cozinha. Fui
tomar banho e quando voltei ele estava
terminando de passar pano no cômodo. Olhei a bancada brilhando e a louça bem lavada.

Em cima da mesa além dos ovos mexidos,
uma grande variedade de pāes e frios.
Inspirei o cheiro gostoso de café recém
passado e me sentei a mesa. Lucas se sentou ao meu lado e pegou uma xicara, serviu com café puro e bebeu. Fiz o mesmo.

Olhei para minha blusa com um gatinho
estampado e minha calça de moletom velha.

Encarei-o novamente e senti meus olhos se
encherem de lágrimas e parei de beber meu café.

— Eu gosto do meu pijama.

— Gabi! — ele começou a rir. — Não chora, seu pijama é lindo, calma. - pegou minha mão sobre a mesa e continuou rindo.

— Você ta rindo de que?

—De você.

— Por que eu estou grávida, sozinha,
descabelada, de pijama e nunca vou ter ninguém, e vou continuar assim para o resto da minha vida? - limpei uma lágrima que escorreu.

— A gravidez só vai durar nove meses! —
zombou antes de levantar e me envolver em um abraço. — Você não está sozinha!

— Você entendeu!

Queria me referir a ter alguém ao meu lado
igual ele tinha Sara, e se não tinha antes,
agora grávida que não teria mesmo. Sequei
minhas lágrimas e voltei a comer.

Meu melhor erroOnde histórias criam vida. Descubra agora