Me From the Moon, You From the Stars- Vmin/MinV

Três

*Autora aqui! Peço desculpa pela demora ~ Espero que o capítulo valha a pena pela espera. Boa leitura ~ *

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Concentrava-me nos meus pensamentos aleatórios enquanto me aninhava num canto de um armazém vazio que tinha encontrado alguns dias antes. Tinha decidido desistir dos treinos e, uma vez que sabia que a minha presença não era opcional, tinha procurado um local onde pudesse esconder-me de todos e mergulhar na minha própria mente.

-Ouvi dizer que estavas aqui.

Ergui o meu olhar, pensando se estaria a alucinar. A sua voz era suave, mas, daquela vez, consegui perceber uma nota de censura e senti-me corar como uma criança apanhada a fazer algo que não devia. Depois do que me pareceu demasiado tempo para ser considerado apropriado olhar para alguém, desviei o meu olhar. Culpei o fator surpresa de ter sido apanhado em flagrante pelo facto de o meu coração bater desenfreadamente no meu peito, enquanto fazia todos os esforços mentais para não memorizar cada um dos traços cuidadosamente desenhados do seu rosto.

-Tenho andado à tua procura. A tua ausência foi notada nos treinos matinais.

Senti o rubor subir mais pelo meu pescoço e face. Dessa vez, um sentimento de raiva fazia o meu sangue ferver e, antes que pensasse sequer nas consequências, as palavras já eram proferidas pelos meus lábios.

-E como sabes tu disso? Não é como se tu treinasses connosco.

-Ouvi o mestre comentar com o meu pai. -a sua boca formou uma linha fina de desagrado.- Sei as consequências que te aguardam e, por isso, vim ver se estavas doente.- baixou-se até ficar à minha altura e senti o seu olhar analisar-me atentamente. Senti os meus músculos retesarem e, instintivamente, encolhi-me.- Não estás doente. -não era uma pergunta, e a afirmação veio seguida de um estalar de língua.

-Pois não...-murmurei. As minhas sobrancelhas uniram-se enquanto tentava desvendar o que tanto o incomodava. Sabia que provavelmente seria chicoteado pela minha desobediência, mas em nada isso prejudicava Aquiles.- Mas tu és o príncipe.

Ele deveria estar a pensar em algo, porque o olhar que me lançou era de total incompreensão, como se eu tivesse falado numa língua estrangeira ou tivesse dito algo tremendamente disparatado.

-Sim... E?

-E, se estás assim tão preocupado comigo, poderás dizer que estava contigo.- tentei soar sarcástico, mas a minha voz saiu mais suave do que pretendia. -De certeza que me iriam perdoar.

Se não estivesse tão concentrado na sua cara, não teria notado a leve mudança no seu olhar enquanto ponderava a minha sugestão. A seguir, tão rápido como um bater de asas de um colibri, levantou-se e começou a andar de um lado para o outro. Mantive-me em silêncio enquanto parava e retomava o mesmo movimento, como se estivesse a resolver um conflito interno. Por fim, quando voltou a parar, virou-se para mim. Havia uma leve ruga no seu rosto imaculado e, mesmo que me parecesse absurda a mais pequena imperfeição no seu rosto, a verdade é que não lhe retirava qualquer indício de beleza.

-Não gosto de mentir.

Senti uma gargalhada formar-se a partir do meu âmago. Era a primeira vez que ouvia o som do meu riso desde... bem, na verdade, não me lembro da última vez que ouvi tal som. Obriguei-me a cessar a gargalhada o melhor que pude quando percebi que Aquiles me lançava novamente um olhar de repreensão. Inclinei a cabeça, deveras surpreendido.

-Falas a sério. -limitou-se a assentir uma única vez e soube que tinha ferido o seu orgulho. -Bem, então só tens de me levar contigo para as tuas lições. -encolhi os ombros como se constatasse algo óbvio. -Assim, não estarias a mentir.