Perdendo o juízo

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Dois dias se passaram desde o ocorrido. O tilintar das taças e talheres juntamente com o grande vozerio preenchia a grande sala de reuniões dos escritório onde Marília, Maiara e Maraísa eram gerenciadas. As conversas aconteciam paralelamente enquanto Marília encontrava-se em uma bolha onde só ela estava e que, provavelmente não iria conseguir sair tão facilmente.

Desde o último beijo com Maiara, houve uma movimentação em seu interior que não sabia explicar. A vontade de ter aquela sensação de novo lhe deixava ansiosa cada vez que seu olhar cruzava com a recém-ruiva sentada do outro lado da mesa.

Olhando seus detalhes e seu novo visual, Marília pôs-se a pensar no que faria a partir disso e em como reagiria para conter o desejo que, em sua visão já estava claro. Dias atrás, ela pensava que ela teria fugido para muito longe em pensar em outra vez tocar seus lábios em Maiara novamente naquela maneira, por puro medo.

Mas, agora, seu outro novo grande problema era em como fazer para que a situação se repetisse.

Na realidade, Mendonça sempre teve uma grande mania em aumentar problemas que não são necessariamente tão grandes assim, e esse seu defeito desencadeava reações em si que não eram tão saudáveis, embora os problemas ainda fossem preocupantes. Felizmente, Marília tinha plena consciência disso, e precisava urgentemente tratá-los se quisesse tomar alguma atitude.

- Vocês foram incríveis, incríveis! Eu sabia que podia esperar tudo isso de vocês! - Carlos vangloriou alto, erguendo uma taça de champanhe. - Eu sugiro que façamos um brinde a essa nova etapa!

Marília sacudiu a cabeça levemente na tentativa de espantar seus pensamentos, entretanto, ao encontrar as órbitas familiares, sentiu seu estômago gelar novamente. Apanhando a taça de champanhe em sua frente, levantou-se para tocar o cristal nas outras taças erguidas.

- A nova turnê das patroas! Daqui um mês estaremos na estrada novamente! - Henrique Bahia comemorou.

Marília franziu o cenho em direção as outras mulheres que também tinham a mesma reação. Brindando com os outros e engolindo um pouco do líquido doce, Marília voltou a se sentar na cadeira posta para si, ao lado de Bahia. Quando o moreno sentou-se novamente ao seu lado, Marília o cutucou, ainda com o cenho franzido.

- O que você quis dizer com "Daqui um mês estaremos na estrada?" - Questionou em um sussurro.

- O Carlos não te contou? - Henrique disse arrumando seus óculos - Choveram propostas de contratantes para os shows da turnê. Em cada cidade, temos uns três interessados.

- Bem, mas não decidimos nada ainda e...

- Eu sei, eu sei. Mas é que tudo isso precisava ser feito rápido, antes que mudassem de ideia. Pelo menos, nesse caso, vocês não precisariam ensaiar, hein? - Riu levemente, mas parando no segundo que notou a carranca que pintou no semblante da leonina, - Ah, qual é. Faz parte do jogo. Você sabe que às vezes não consegue ter o controle de tudo. Deixa que a produção e administrativo ficam com a gente, você só precisa fazer o que faz de melhor: cantar e ser você.

- Você sabe que eu gosto de tomar as decisões sobre a minha carreira. - Marília resmungou, - Eu sabia que teria uma turnê, mas não tão em cima assim.

- Você foi avisada, não? Então, o que resta é aceitar. Fizemos da forma que vocês decidiram, a turnê se iniciará no Nordeste. - Henrique rebateu, - Vocês escolheram isso, nós só precisávamos ver qual seria o alcance e a proporção que tomaria.

- Mas meu álbum...

- Lila, não temos o que fazer. Tem muita coisa em jogo, isso movimenta muitos empregos. Não podemos parar.

Healing Hearts {Mailila}Onde histórias criam vida. Descubra agora