05| Isso não é um sonho

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Ana acordou de repente, respirando com dificuldade ao encarar o teto do leito improvisado. Seu corpo inteiro doía, fazendo acreditar que tudo o que ela vivera no dia anterior não havia sido um sonho maluco que tivera por assistir muito filme de terror com Rafael.

Rafael... pensar nele fez o seu coração doer, embaçando a visão por conta do mar de lágrimas que não conseguia mais segurar. Não conseguia acreditar que o havia perdido para sempre, que nunca mais o veria.

Ana encolheu-se sobre a maca, abraçando o próprio corpo com força. Nem se importando com a ausência de metade de uma das pernas, pois perder um membro parecia menos pior do que perder a família ou simplesmente o grande amor da sua vida...

Ela abraçou a camisa dele com toda a sua força, chorando ainda mais pela falta que ele fazia. Por se encontrar tão solitária, mesmo aquele lugar estando cheio de pessoas... Por não conseguir acreditar, no fim das contas, que não teria mais ninguém para lhe proteger, que a fizesse sentir-se amada.

— Eu sinto tanto a sua falta, Rafael...

— Eu também, Ana.

Uma voz conhecida captou a atenção da jovem, fazendo-a chorar ainda mais por ser enganada daquele jeito pelo seu inconsciente.

— Não faz isso comigo. Por favor, eu não vou aguentar quando acordar e...

Rafael sentou ao lado dela, acariciando seu rosto com ternura.

— Isso não é um sonho.

— Mas como... Eu vi você se transformar naquelas coisas... — Ela franziu a testa, perdida com toda aquela informação. — Eu morri?

— Não. — Ele riu, deixando uma lágrima escapar. — Eles conseguiram fazer um antídoto... Na verdade, eles já vinham trabalhando nisso há alguns an...

Ela colocou as mãos na boca, não conseguindo conter a emoção e abraçá-lo o mais forte que conseguia. Ana pressionou seus lábios contra os dele, tendo a certeza absoluta de que aquilo não era um sonho cruel. Sentindo o coração explodir de alegria ao ser correspondida por ele naquele gesto de afeto.

— Obrigada por não me deixar. — Ela o abraçou forte, enterrando o rosto na curva entre o pescoço e os ombros de Rafael. — Eu te amo, Rafa.

— Eu também te amo. — Ele a apertou, passando as mãos sobre seus cabelos já com a cor vermelha desbotada. — Eu disse que sempre estaria com você, não foi?

Ela fez que sim, sorrindo.

— Eu não gosto de descumprir minhas promessas. — Sorriu, beijando o topo de sua cabeça. — Você nunca mais vai ficar sozinha de novo. Eu prometo.

🧟‍♂️

Ana abriu os olhos. Não havia ninguém ali ao seu lado naquela manhã chuvosa e nem em nenhum lugar do quarto minúsculo que possuía naquela espécie de república improvisada dentro do estádio de futebol.

Ela sorriu fraco, deixando uma lágrima lhe escapar ao perceber que não se sentia mais só, pois Rafael sempre estava ali com ela, independente de onde ele estivesse. 

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E vocês?

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