Escolhas me apavoram

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Não havia estrelas aquela noite (como eu esperava ver) e a lua não estava tão reluzente como de costume, mas para equilibrar, a brisa gélida do vento parecia perfeita e o sacudir das folhas das árvores harmonizavam tudo, num certo balançar sincronizado. Uma bruma suave envolvia-me de tal maneira, que parecia um singelo convite para uma dança. A chuva estava se criando no céu, com nuvens tão escuras quanto a noite. E por essas e outras, eu adorava como o vento passeava sem destino pela minha pele, como se em sussurros, me motivasse a persistir.

O restaurante era requintado, tinha leveza nas cores, e um toque rústico nos móveis, era acolhedor e não muito barulhento, agradável até o exato momento. Ariel fez questão de escolher a mesa, aliás, uma pequena provocação, porque eu opto por lugares discretos, e ele não, óbvio que não. Ariel gosta de lugares nada recatados.

- Você escolherá nossos pratos hoje - ele falou, em um tom divertido, quando nos sentamos.

O encarei, surpresa.

- Sério?

Ele balançou a cabeça afirmando.

- Confio em você - sorriu, confiante.

Peguei o cardápio em mãos e analisei as opções apresentadas, estava tão concentrada, que só notei a presença do garçom, quando ele pigarreou pela segunda vez. Levantei a cabeça e sorri constrangida.

- Boa noite senhorita, o que irá pedir?

Ariel me olhou e riu, e eu o olhei de volta, ele sabia o quanto eu detestava escolher as coisas.

- Dois pratos de filé de costelas com batatas raspadas, por favor.

Anotou o pedido.

- Algo para beber?

Olhei para Ariel, que deu de ombros, dando a mim, mais uma vez, o maldito poder de escolha.

- Água. Sem gás.

- Água, sério Ane? - Ariel questionou, dei de ombros, como se dissesse "e daí, você não me mandou escolher?".

Até o fimOnde histórias criam vida. Descubra agora