O mundo ganhou cores

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Ao alcance de casa, notei uma movimentação diferente, e ao abrir a porta de madeira, fui recebida por um barulho violento, um som de um corpo contra o piso, e quando virei o rosto para o lado, vi o garoto que tinha o meu coração, caído no chão, todo desengonçado, rindo.

— O que você pensa que está fazendo? — perguntei, cruzando os braços, tomando uma postura de mulher séria, como quando uma criança apronta e a mãe vai tirar satisfação.

— Era para ser uma entrada triunfal. — Ele sorriu, de modo vergonhoso, como se eu tivesse tirado toda a sua diversão. — Parece que não deu certo.

— Não mesmo — Ofereci minha mão — Foi patético.

— Foi fofo, não patético — desconversou quando nossas mãos se tocaram e ele levantou — Aliás, sua preocupação comigo me comove!

— Céus! Você é tão melodramático — atestei. Uma risada escapou-se da minha garganta, e ele rugou a testa, fazendo uma cara de bravo. Precisei me recompor um instante, foi hilário vê-lo no chão— Hum, você está bem? — Resolvi me aproximar, já o esquadrinhando, um tanto preocupada.

— Agora você pergunta se estou bem? — Momentaneamente, ele cruzou os braços. — Pelo que eu me recordo você não parecia interessada no meu bem estar — o garoto sorriu, o maldito sorriso que fazia meu dia se aquecer e valer a pena.

— É... Isso é um sim — revirei os olhos, inspirando o ar levemente— E então Romeu, para que veio? — mudei de assunto, demonstrando curiosidade.

— Matar a saudade? — Ele espremeu os olhos, com se não entendesse de fato o sentido da pergunta.

— Nos vimos ontem, Ariel — intervi, séria.

— Não posso mais sentir saudades da minha Julieta? — E então ele se aproximou dos meus lábios, com seu típico olhar desafiador, e me beijou, a ponto de me tomar o fôlego, e fazer as borboletas se agitarem.

— Pode — murmuro, com a respiração desregular, ainda de olhos fechados — Sem sombras de dúvidas, você pode...

— Tenho uma surpresa para você lá em cima... — sussurrou.

— Você não pode trazer até mim? — Me afastei sonolenta em direção ao sofá, arranquei os sapatos e me joguei no estofado.  — Você sabe o quanto pessoas sedentárias odeiam subir escadas — murmurei, num bocejo. — Vai lá buscar, vai.

— Nada disso — Ariel se pôs na minha frente e segurou minhas mãos, para que eu tomasse impulso e levantasse. — Anda, Ane! Só tem graça se você for ver.

— Argh! — resmunguei, e a contragosto, subi cada degrau com ele do meu lado. — Se não for importante, considere-se morto.

Até o fimOnde histórias criam vida. Descubra agora