fifteen

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Serkan acabou tudo comigo, ou melhor, parou antes mesmo que nós pudéssemos ter a chance de realmente começar algo. 

Isso me irrita. 
Muito. 

E é por isso que eu tenho evitado ele. No primeiro dia foi mais fácil, nós não tínhamos nada o que fazer, então me trancar no quarto e na sala de música estava sendo o meu refúgio. Até ele ter mais um dia de passagem de som e eu precisar acompanhá-lo mesmo que ele tenha assegurado que eu não precisava fazer isso. 

Mas eu dei minha palavra, não dei? Eu vou ser sua assistente temporária. Vou acompanhar os últimos shows da turnê, e também vou aceitar sua ajuda e morar no seu antigo apartamento ou com a sua mãe. Vai ser do jeito que ele quer, do jeito que ele planejou... mas eu também sinto falta do meu amigo.

Serkan está cumprindo o que me prometeu desde o início: uma chance de seguir carreira na música e um futuro promissor. Não é culpa dele se no meio do percurso nós confundimos tudo, ou eu me deixei levar. Mas por enquanto vou me dar a licença de sentir raiva por querê-lo, por já não mais saber o que eu quero, além de ser dele. 

E é movida pela raiva que agora estou em frente ao apartamento da mãe dele. Ele não sabe disso, sequer desconfia que eu consegui o endereço dela, mas eu sei que se eu tentasse avisá-lo ele tentaria me impedir de ir, mesmo que a ideia idiota de que eu deveria morar com ela tivesse saído dele. 

— Olá, Aydan. Te atrapalho? — A cumprimento assim que ela abre a porta do apartamento.

— Quando avisaram que uma tal de Hande estava pedindo autorização para subir, eu não acreditei. Mas olha só pra você — ela parece orgulhosa por me ver ali a desafiando — O que você quer comigo?

— É como diz o ditado: Mantenha seus inimigos próximos à você — ela sorri com a minha resposta, mas não saber quais suas verdadeiras intenções comigo é o que mais me deixa puta — Posso entrar ou essa conversa será aqui no corredor?

— Claro que pode — ela me deixa passar e fecha a porta —, mas eu ainda não entendi o que eu tenho a ver com a sua nítida raiva.

— O que você disse para o Serkan? — sou direta. 

— Eu disse o óbvio e o que vocês dois estavam adiando enxergar.

— Seja mais exata, por favor. Estou sem tempo para as suas gracinhas. — Aydan desperta em mim algumas lembranças da minha mãe e isso é enervante.

— É só isso, não há segredo. Eu pedi que ele falasse com você, porque é óbvio para qualquer uma assessoria, que lançar alguém ao estrelato e logo haver escândalo de namoro com alguém como Serkan, com fãs enciumados, não gerará boas coisas para você. 

— Vocês só esqueceram de me consultar antes.

— Mudaria alguma coisa? Você seria aquela a deixá-lo? Meu filho não precisa de mais alguém quebrando o coração dele.

— Você sozinha já faz isso o suficiente, não é? — minhas palavras são para machucá-la, mas me arrependo assim que vejo um pouco de dor transpassar no seu olhar. 

— Talvez eu tenha uma responsabilidade nisso também — ela admite —, mas eu estou falando da ex-namorada dele.

Então era dessa vadia que Pırıl estava comentando? Serkan pensou em largar tudo por ela? 

— Ela foi filha da puta com ele? — não consigo segurar o xingamento.

— Sim, ela foi — ela concorda —, mas essa não é uma história minha para contar. 

— Então qual a sua intenção? Que ele quebre o meu coração antes que eu quebre o dele? 

— Eu não vejo dessa maneira — ela diz enquanto enche um copo de whisky — Eu não proibi vocês de ficarem juntos, sequer está no meu poder fazer isso, eu só apresentei os fatos... sua carreira vai ser um inferno se começar dessa maneira

A Crying DiamondOnde histórias criam vida. Descubra agora