A Crying Diamond

twenty

Essa semana foi interessante... mas não sei se essa palavra é a melhor para definir tudo que aconteceu. Brigar com Eda não estava nos meus planos, assim como ter uma conversa franca com a minha mãe estava muito além do que eu esperava um dia acontecer.

Aydan veio até a minha casa, primeiro falou sobre toda a questão de agenciamento e essas porcarias, mas de fato o que me surpreendeu foi vê-la chorar.
Eu nunca vi minha mãe chorar. Nunca.

Ela sempre foi tão forte e auto suficiente, com sua postura inalcançável, que vê-la pedir desculpas com os olhos cheios de lágrimas foi um golpe muito forte.

Ela pediu desculpas por não ter sido uma mãe presente, de que não percebia que a assessoria estava ocupando o espaço que deveria ser materno, mas mais do que isso, ela disse que estava grata por Eda ter me encontrando e me ajudado a lidar melhor com a situação quando ela não podia.

"Eu estou deixando de ser sua agente porque eu não quero errar de novo. Eu sempre estive tão preocupada com a sua carreira, de mostrar para o mundo o quanto você é perfeito, que foquei no que os outros iriam pensar e esqueci de você. Seu sonho era muito importante pra mim, eu não podia falhar no que eu estava fazendo, mas falhei, e espero que um dia você consiga me perdoar"

Foram as exatas palavras que ela me disse, e bem, foda-se a minha vida. Eu queria poder falar que ela não precisava fazer isso, eu queria falar para ela como também me senti durante esse tempo, eu queria poder desculpa-la, mas eu travei. Nada saiu da minha boca e eu me sinto um idiota por isso.

O dia todo eu estava repassando palavra por palavra do que ela disse, planejando o que eu diria da próxima vez que a encontrasse. Mas a vida não é feita de planejamentos e eu também fui surpreendido com Eda batendo na minha porta, então por um momento meu foco também ficou em pedir perdão a ela.

Quando caminhamos até a casa da minha mãe e eu coloquei minha jaqueta em Eda, mas notei algumas marcas avermelhadas em seus braços, mas dado ao momento eu não queria ser invasivo, mesmo que a ansiedade pra saber o que aconteceu estivesse me matando.

Agora, após ela passar mais um dia na gravadora, ela veio até a minha casa e eu encaro seus braços mais uma vez. Estamos deitados e conversando no meu quarto, então é quase impossível não notar essas marcas, que agora estão bem melhores que ontem, estando tão perto dela.

— Oi? Terra chamando Serkan — ela estala os dedos na minha frente quando percebe que não estou focado na nossa conversa.

— Desculpa, me distrai — eu confesso.

— O que está rodando essa sua cabeça, hein? Eu posso sentir o cheiro do seu cérebro fritando.

— Eu... — penso em mentir, ou melhor, em ocultar a verdade, mas eu preciso saber o que a machucou, mesmo que seja besteira — Eda, eu... uh... notei seus braços machucados, agora posso ver que suas pernas também estão um pouco avermelhadas. Então eu estava debatendo comigo mesmo se seria indelicado perguntar o que aconteceu.

Sou honesto, porque desde que nos conhecemos sinto que com ela eu posso sempre falar o que estou pensando e sentindo.

Eda me encara e pego algumas emoções no seu olhar. Primeiro surpresa, provavelmente por eu ter notado as marcas, depois vi um pouco de tristeza, até perceber que ela estava com vergonha.

— Depois que você saiu — ela divaga para me contar — Sabe, depois da discussão que tivemos...

— Sei... — tento encorajá-la a continuar, mas estou morrendo de medo de ouvir sua resposta.

— Digamos que não foi um momento fácil.

— Não, não foi — concordo —, mas os machucados...