3- Ele tem o quê?!

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-Não podes ficar a conversar com pessoas que não conheces.

Já eram 12:30, e tinha acabado de ter a minha última aula. Nesse momento, estava com um grande amigo meu, o Ricardo, tinha contado mais cedo sobre o rapaz que conheci na praia a três noites atrás, mas ele não pareceu muito contente.

-Ele não é nenhum estranho.- digo revirando os olhos.- O nome dele é Lucas, e parece ser super simpático!

Estava convicta que o Ricardo estava apenas a exagerar, e estava apenas preocupado comigo. Mas, ele não conhece o Lucas!

-Parece?- perguntou com a testa franzida, não parecendo muito convencido.- Nem sequer o conheces! Estiveste com ele duas vezes, e uma delas , ele estava completamente bêbado.

-Ele não estava bêbado!- defendo o Lucas, mas ele não parecia acreditar muito.- Talvez, cheirasse um pouco a bebida, mas não estava embriagado! E para além disso, também bebes, então não sejas hipócrita.- já estava começando a ficar irritada, e o Ricardo percebe isso.

Não queria discutir com ele, mas não gostava do como que ele falava do "meu rapaz da estrelas".

Nós continuávamos em silêncio, e já estávamos a sair da escola, quando ele decidiu quebrar o clima estranho.

-Peço desculpas.- ele suspirou e encarou os meus olhos.- Estou preocupado contigo, e não quero que saias magoada, por causa de alguém que acabaste de conhecer.- justificou colocando a mão no meu cabelo, e afagando os mesmo. Sempre que discutíamos ou estava triste, o Ricardo fazia isso como sinal de carinho.

Sorri, também não quero discutir com o Ricardo, sei que ele sempre preocupou-se comigo, e odeia ver quando estou magoada.

-Eu sei, também peço desculpas.- digo abraçando o meu amigo, ele é o único que sempre apoiou o meu sonho desde o início, não importava o quanto os outros debochavam e diziam que era impossível alguém sair de Angola, e se tornar uma das astrónomas mais conhecidas e conceituadas de sempre, afinal era esse o meu sonho.

Nós já tínhamos saído da escola, quando depois de uns metros termos atravessado o portão, encontro uma figura bem conhecida por mim, e desconhecida para Ricardo.

-Lucas?!- digo ansiosa chamando atenção dele, de repente ele vira-se e abre um sorriso assim que olha para mim, e que sorriso...parece que o brilho do sol ilumina aquele sorriso lindo, e mesmo sendo tão brilhante, eu não consigo deixar de olhar, como se estivesse a ser atraida pelo campo magnético que ele possuía.

-Miúda astronómica.- sorriu mantendo os olhos fixados em mim, chamando-me pelo apelido da "nossa" primeira noite.- Sempre a nos encontramos? Pelos vistos, o destino queria que dessa vez fosse de dia.- eu ri de um jeito bem estranho e um pouco esganiçado, mas apesar disso ele abriu um sorriso mesmo assim para mim, em contrapartida, o Ricardo deu uma pequena cotovelada no meu braço, tentando chamar a minha atenção.

-Claro, Lucas esse é o Ricardo, estudamos juntos.- o Ricardo olho para mim com a sombrancelha meio arqueada, e quando vai apertar a mão do Lucas, fica com uma cara muito séria.

-Na verdade, sou muito próximo da Lueji.- olho confusa para ele, mas o mesmo continuava com um sorriso convencido, onde ele queria chegar?

-São muito amigos, então?- com a pergunta do Lucas, o sorriso de Ricardo murcha um pouco, e ele murmura em confirmação.

-O que fazes nessa zona?- ignoro tudo aquilo, e tento chamar a atenção de Lucas que continuava a encarar o Ricardo.

-Estou a ir para casa, tinha vindo buscar a Star na creche, mas a minha mãe já tratou de tudo.- Star? Será que é a irmãzinha dele?

-Mas, ainda bem que encontro você aqui.- fico confusa com as suas palavras, ele também queria ver-me?.- Deixaste cair os teus fones na outra noite, encontrei eles no caminho quando estava a sair da tua casa.

Lembro de não encontrar os fones hoje de manhã, mas não pensei que tivesse deixado eles cair. Ele ofereceu-se para irmos buscar na casa dele, e eu prontamente aceitei sem pensar duas vezes, mas o Ricardo intrometeu-se.

-Eu também vou, não vou deixar ires para casa de um estranho.- eu belisco o braço do Ricardo, e puxo ele para um canto.

-Qual é a tua ideia? Não podes falar com ele assim, e além disso a mãe dele está em casa, não ouviste ?!- eu sei que ele está apenas preocupado, mas eu não sou nenhuma flor ingénua que não sabe defender-se.

-Mesmo assim, continuo preocupado, vou com vocês e depois deixo você em casa, e não se fala mais nisso!- eu suspirei emburrada, mas aceitei.

A casa do Lucas, fica na rua contrária ao colégio, e da minha casa também. O caminho fomos todos em silêncio até chegarmos 15 minutos depois numa pequena casa, de cor amarela.

Quando passamos o pequeno portão da vedação, o telefone do Ricardo começa a tocar, ele afasta-se e atende ficando no portão, nós chegamos até ao alpendre e o Lucas pede para esperar um pouco, enquanto vai buscar os auriculares, quando ele está quase a entrar, uma pequena menina, de uns três anos, negra, os olhos de um tom amber e cabelos preso em duas trancinhas veio a correr e a saltar no colo de Lucas, o mais estranho seria o facto de a pequena menina ter o cabelo num tom loiro? Mas, o que ela disse em seguida foi o que me deixou completamente chocada.

-Bem-vindo de volta, papá!

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Como prometido, e dessa vez sem nenhum atraso, capítulo novo!
Não esqueçam de comentar e dizer o que acham, para alegrar a vossa querida escritora!

O Rapaz das EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora