dejavu

06. ela decidiu que deixaria a coragem líquida falar um pouco por ela

Dois dias depois, Sana passou uma hora inteira tentando persuadir Jeongyeon para que ela convencesse Mina a participar de um jogo de rodar a garrafa para que ela tivesse uma chance de beijar Mina sem que aquilo tivesse que significar algo mais ou que fizesse as coisas ficarem estranhas entre elas. Nas próprias palavras de Sana, não dela. Jeongyeon apenas riu e falou para ela deixar de ser idiota, mas mesmo assim Sana não desistiu tão fácil. O que era estranho porque até onde Jeongyeon sabia, Sana tinha uma regra de não se envolver com colegas de quarto.

Era domingo à tarde e o time estava tendo uma pequena festa na Casa de Praia, local onde Jihyo e boa parte do time residiam como parte da comunidade esportiva.

Jihyo tentou fazer com que Jeongyeon se mudasse para Casa de Praia junto com ela no início do ano anterior, uma vez que os planos que ela tinha de se mudar com Nayeon haviam acabado, mas não conseguiu convencê-la. Ao invés disso, Jeongyeon e Momo alugaram um apartamento nos arredores do campus e ela nunca se arrependeu da decisão.

Jeongyeon amava a paz e a tranquilidade do prédio onde morava, coisa que ela não teria se residisse no local que era ponto principal de festas da time. A escolha de Jihyo não foi realizada por causa das festas, mas como próxima na linha para capitã do time ela se sentiu no dever de estar mais perto do restante das suas garotas para poder observá-las e cuidar delas mais de perto, por isso decidiu se mudar para Casa de Praia no início do segundo ano.

A recompensa veio logo no final daquele mesmo ano, quando ela foi nomeada nova capitã do time apesar do incidente com Jennie quase arruinar aquele sonho. Pelo menos foi apenas quase, porque se Jihyo realmente tivesse sido prejudicada por causa daquilo, Jeongyeon tinha certeza que ela nunca se perdoaria. E mataria Jennie no processo sem nenhum peso na consciência.

Aquela era a primeira festa onde Jeongyeon dava o ar da sua graça desde que Nayeon havia voltado, e uma voz no fundo da sua mente já dizia que algo iria dar errado. Ela só não imaginava que daria tanta merda assim. A pior parte era que mesmo que ela soubesse, olhando para trás hoje ela ainda não mudaria nada.

Jeongyeon ainda achava estranho pensar no quanto as coisas haviam mudado desde aquele dia no qual ela recebeu aquela mensagem de texto quando estava naquela mesma casa.

Ela e Nayeon não eram amigas. De jeito nenhum. Mas o clima entre elas não era mais tão pesado quanto Jeongyeon pensou que seria e a goleira não exatamente odiava ter ela por perto. Longe disso, na verdade. De algum modo, ter ela tão próxima chegava a ser confortável se comparado às coisas que ela costumava sentir depois que Nayeon foi embora.

Não saber onde ou como a ex-atacante estava foi algo que afetou a ansiedade da goleira por muito tempo, uma vez que uma parte dela - a parte com a qual ela ainda entrava em conflito constantemente - nunca deixou de se preocupar com o bem estar de Nayeon. Agora, pelo menos, ela estava ali, perto. Sã e salva, ao que parece. Mesmo com a tal lesão e tudo.

Por falar naquilo, a lesão em questão continua sendo um mistério para o grupo. Mas isso não é da sua conta, Jeongyeon se lembrou enquanto ela - não tão discretamente - assistia Nayeon dançar com Joy e Yerim na sala da Casa de Praia.

Ver Nayeon daquele jeito - livre, leve, animada e, diga-se de passagem, levemente bêbada - fez com que Jeongyeon se lembrasse da Nayeon do primeiro ano da faculdade, a versão pela qual Jeongyeon já foi tão apaixonada um dia.

"Aposto que se você perguntar para ela, ela vai te contar." Momo comentou como se tivesse lido os pensamentos dela.

"Contar o que?" Jeongyeon se fez de desentendida.

"Que lesão é essa que ela diz que teve, oras. Pelo o que ela deu a entender parece que foi algo recente. Como ela não pode jogar futebol mas pode dançar daquele jeito?"