08. ah sim, a maldita carta

627 71 96
                                    


Jeongyeon acordou no dia seguinte com os braços de Momo em volta dela.

Ela se lembrou vagamente da sua companheira de apartamento saindo do próprio quarto e a encontrando chorando na noite anterior, com a carta amassada em mãos e os demais pertences da caixa jogados ao redor do quarto. Em outra ocasião Jeongyeon se sentiria envergonhada, mas ela estava muito fora de si para ligar e também sabia que Momo não a julgaria. A japonesa nem mesmo perguntou o que havia acontecido.

Momo apenas levou Jeongyeon para o banheiro e a deixou tomar um banho enquanto buscava roupas limpas e confortáveis no armário. Secou o cabelo da goleira antes de puxá-la para cama e deixou que ela chorasse em seu peito até que ela caísse no sono. Nenhuma pergunta ou julgamento, apenas companhia e apoio. O tipo de conforto que Jeongyeon precisava.

Jeongyeon sabia que já havia perdido o treino, então também não se importou com as aulas que viriam depois. Momo estava em um sono profundo ao seu lado e apesar de se sentir mal pela japonesa também estar perdendo atividades importantes por estar ali, ela não se daria ao luxo de recusar aquele conforto. Jeongyeon se aconchegou ainda mais no abraço de Momo enquanto pensava sobre tudo que havia acontecido no dia anterior.

A mente dela estava trabalhando mais rápido do que ela conseguia acompanhar e ela tinha literalmente acabado de acordar, mas primeiro ela decidiu analisar as palavras que as amigas haviam dito durante a festa, bem quando tudo começou a dar errado.

Não que Jeongyeon fosse admitir para alguém mas era óbvio que ela também havia notado os sinais. Ela conhecia Nayeon muito bem, afinal. Ela podia ser um pouco lenta às vezes, mas com certeza não era burra.

Toda vez que ela olhava para Nayeon, ela pegava a outra garota já olhando para ela primeiro. Nayeon sempre quebrava o contato visual e corava envergonhada após ter sido pega. Jeongyeon ainda deixava seus olhos permanecerem em sua ex-namorada um pouco mais do que o necessário porque ela sempre achou adorável o jeito que Nayeon ficava vermelha quando estava com vergonha, coisa que não acontecia com frequência.

Era por isso que ela tentava evitar ao máximo qualquer tipo de contato visual com Nayeon, porém, mesmo assim, Jeongyeon sempre sentia os olhos dela a acompanhado por onde quer que ela fosse. Era inquietante e intoxicante ao mesmo tempo. Parecia quase certo.

O jeito que Nayeon apenas aceitava todas as provocações diárias de Sana sem qualquer tipo de defesa ou retaliação também era muito incomum, mas aquele era o jeito que ela havia encontrado de ficar nada dela. Permanecer fora do radar, sem chamar a atenção ou causar cenas. Ou talvez ela só estava aceitando que pelo menos mais alguém ali não tinha a recebido de braços abertos, diferente do restante.

De qualquer maneira, Jeongyeon preferiu acreditar que aquilo tudo era apenas culpa. Fazia mais sentido do que achar que a pessoa que quebrou o coração dela ainda gostava dela, certo?

Mas Nayeon não deixou mais espaço para dúvidas. Pelo menos não a respeito dos sentimentos dela, pelo menos. As dúvidas agora eram todas de Jeongyeon.

Ela seria capaz de colocar tudo para trás e retribuir aquele sentimento? Jeongyeon sequer queria aquilo novamente depois de todo aquele drama? Ou será que Nayeon ao menos pensava em fazer algo a respeito de tudo daquilo?

Merda! Nem mesmo Jeongyeon sabia o que ela mesma estava sentindo.

Talvez o melhor que ela poderia fazer era tentar superá-la de verdade para que ela e Nayeon pudessem ter algo mais próximo de amizade ou algo assim. Pelo bem do time, claro. Depois da faculdade ela estaria livre.

... certo?

E a carta? Ah sim, a maldita carta.

No passado, Jeongyeon havia decidido que aquela Nayeon não era mais apaixonada por ela quando escreveu tudo aquilo. Ela se esforçou a acreditar que todos os argumentos ali eram apenas desculpas e focou apenas naquela frase específica.

dejavuOnde histórias criam vida. Descubra agora