dejavu

15. vale a pena quebrar as regras por algumas pessoas

A temporada oficial começou com um jogo em casa, então pelo menos elas teriam o apoio da torcida para facilitar. O primeiro semestre do ano letivo era sempre uma confusão. Era quando a temporada regular acontecia, enquanto os playoffs aconteciam no segundo.

Sendo um dos melhores times discentes, Yonsei fazia parte da liga dos Grandes Dez. Obviamente o campeonato tinha outro nome  em homenagem a um jogador super velho ou algo assim, mas era assim que os estudantes a chamavam já aquele que era basicamente o epicentro da comunidade esportiva do futebol universitário do país.

Elas tinham que completar os dezoito benditos jogos em intervalo de quatro meses e ficar no topo da tabela para se classificarem. Isso tudo entre idas e vindas, treinos e viagens para jogos contra faculdades mais distantes que às vezes duravam todo o final de semana. Mas todas sabiam o quão importante era se sair bem nos primeiros jogos, já que no final do semestre a pressão das provas eram acumuladas a pressão das próprias partidas.

Jeongyeon sabia muito bem como toda aquela tensão poderia afetar de maneira negativa todos os aspectos da sua vida. Ela realmente não queria cometer os mesmos erros novamente, não deixaria que aquilo tudo a sobrecarregasse mais uma vez. Nem a ela e nem as pessoas que ela amava. Então a goleira fez questão de dar uma atenção especial para Jihyo. Passou ainda mais tempo com ela durante a primeira semana. Fez o possível para tranquilizá-la já que aquele seria o primeiro jogo da zagueira como capitã em Yonsei. Sabia o quanto sua melhor amiga estava nervosa por isso. Ela se cobrava muito mais do que qualquer outra pessoa.

Mas quem a viu dando o discurso motivacional antes da partida inaugural no vestiário jamais imaginaria que aquela era a mesma pessoa que parecia uma pilha de nervos durante a semana. Jeongyeon expressou seu apoio e bateu palmas com o resto do time no final do discurso. Parabenizou sua melhor amiga animada, transbordando orgulho e deixando claro que Jihyo realmente tinha nascido para aquilo.

O time foi deixando o vestiário aos poucos, a maioria estava animada para aproveitar o campo e conversar com seus amigos que estavam na arquibancada antes do aquecimento oficial começar. Porém, quando estava prestes a atravessar a porta e entrar no túnel que ligava o vestiário ao campo, Jeongyeon notou outra pessoa visivelmente nervosa caminhando de um lado para o outro no fundo do vestiário, afastada do restante do pessoal.

"Ei, você está bem?" Jeongyeon esperou e se aproximou dela assim que a última jogadora deixou o local.

"O que?" Nayeon se assustou por momento, mas assim que assimilou que a voz que a chamou pertencia a Jeongyeon ela voltou a marchar sozinha. "Sim, estou. Eu estou ótima."

"O buraco que você está quase abrindo no chão pode ter uma opinião diferente sobre isso." Jeongyeon puxou uma cadeira para o fundo do vestiário e se sentou perto de Nayeon.

"Eu só estou me exercitando um pouco, sabe? Não posso sair de forma." Nayeon brincou sem olhar para Jeongyeon.

"Nayeon." Ela chamou em um tom estrito que quase, apenas quase fez Nayeon parar de andar.

"Eu estou bem."

"Então para de roer as unhas." Daquela vez Nayeon parou. Interrompeu a marcha ao perceber que estava roendo as unhas enquanto caminhava. Poderia não parecer nada demais para qualquer outra pessoa mas Jeongyeon conhecia bem aqueles sinais. "Qual é o problema?"

"Droga, foi mal." Nayeon colocou as mãos atrás das costas na tentativa de colocar um fim no mau hábito e voltou a caminhar de um lado para outro. "Mas acho que eu estou bem, só um pouco nervosa."

"Não, nós é que estamos um pouco nervosas." Jeongyeon cruzou os braços e encostou na cadeira para ficar mais confortável. "Você está pior do que aquela vez que Jihyo tomou seis expressos pra virar a noite estudando e acabou tremendo mais do que um pinscher nervoso."