(Para maiores de 18 anos!!)
Alice e sua irmã gêmea, Maria, possuem um grande segredo: as duas irmãs nasceram com dons especiais. Alice tem visões do futuro e Maria pode sentir exatamente o que as pessoas ao seu redor sentem. Mesmo assim elas consegu...
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Depois de sua visão com os olhos amarelos, há 6 meses, seu dom de prever o futuro tinha ficado mais forte e mais preciso. Ainda não conseguia controlá-lo, as visões apareciam aleatoriamente, mas era nítida a mudança. Antes as visões eram confusas e um tanto nebulosas, agora ela via tudo como se estivesse assistindo a um filme. Era como se antes as visões fossem cobertas por um véu e agora este véu tinha sido removido.
Não eram tão frequentes, mas certamente deixavam a vida bem menos interessante. Naquele momento, por exemplo, tinha apresentado seu projeto de revitalização de uma área desfavorecida da capital e estava realmente entusiasmada para ver a reação de seus clientes. Tinha convicção de que o projeto era bom e traria benefícios enormes, tanto para o cliente, quanto para os moradores da região, mas a imagem do cliente sorrindo tinha acabado totalmente com sua adrenalina. Ela fez sua apresentação já sabendo que ele gostaria do projeto.
Alice começava a perceber que a vida precisava de momentos de medo, apreensão e insegurança. Eram estes momentos que traziam as surpresas da vida e uma vida sem surpresas era uma vida sem cor.
Seu chefe entrou na sala com um sorriso no rosto. Ele era um homem de 50 anos, divorciado e bastante charmoso. Os cabelos negros bem cortados e a barba aparada o deixavam ainda mais bonito. Alice o respeitava muito como profissional e como pessoa. Ele havia sido seu mentor desde o primeiro dia de trabalho, quando ainda era uma estagiária, enquanto fazia faculdade de arquitetura, há 8 anos.
— Parabéns, Alice. Novamente conseguiu.
— Obrigada. O cliente pareceu satisfeito.
— Ele foi até minha sala dizer o quanto você tinha sido brilhante.
— Tenho certeza de que ele não usou esta palavra.
O homem deu risada.
— OK, talvez não brilhante, mas ele gostou muito.
— Fico feliz. Carlos, nós podemos conversar um minuto?
— Claro, vamos até minha sala. Você parece séria.
Ela apenas sorriu para ele e o acompanhou pelo corredor do escritório. O lugar era todo envidraçado. Cada pessoa tinha seu próprio espaço, mas era possível ver praticamente o escritório todo por causa das diversas paredes de vidro. Alice se sentia em casa quando estava trabalhando. Gostava do ambiente, gostava das pessoas, era respeitada por seu trabalho.
Quando entraram na sala de Carlos, Alice fechou a porta. O assunto era delicado. Precisava encontrar uma maneira de falar o que precisava, sem revelar muitos detalhes.
— Carlos, você não vai entender muito bem o que vou dizer, mas vou dizer mesmo assim.
Ele se acomodou em sua própria cadeira e esperou que Alice se sentasse para prosseguir.
— Você está me deixando preocupado.
— Não é minha intenção, mas...estou tentando encontrar as palavras certas.
