CAPÍTULO 4 Chegou a hora

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Algumas horas depois, após comerem e trocarem presentes à meia noite, Alice foi buscar o espumante para brindarem. Ela levantou a taça cheia em direção a irmã, que fez a mesma coisa, e começou o brinde.

— Que este Natal nos traga sabedoria, conhecimento e...

Neste preciso momento, Alice se viu em outro lugar. Já não estava mais em sua própria sala, estava de volta ao lugar onde teve a visão do homem de cabelos loiros. Desta vez Maria não estava com ela.

Sabia que mais a frente encontraria a clareira da primeira visão e começou a caminhar até ela, mas algo à sua direita lhe chamou a atenção. Viu três homens, um deles o homem de cabelos loiros, os outros dois estavam de costas, mas não conseguiu ver muitos detalhes, estavam cobertos com pele animal, as cabeças cobertas também. Pelas vestimentas, imaginou que aquilo não era uma visão do futuro, mas do passado. Estava testemunhando alguma coisa que aconteceu há muitos anos. Nenhum deles parecia perceber que ela estava ali, mesmo assim Alice se escondeu atrás de uma árvore e os observou.

Os dois homens de costas estavam curvados, como se fizessem uma reverencia, o outro levantou os braços e Alice pode ver claramente que ele tinha apenas uma mão. Algo aconteceu ali, o vento girava ao redor deles, a neve se levantou. O homem com uma só mão começou a proferir algo que ela não conseguiu entender. Uma língua estranha, parecia muito antiga. Quando a ventania terminou só restava o homem loiro ali, que veio em sua direção.

— Chegou a hora, criança. O momento que estava esperando.

Alice entendeu imediatamente que ele estava falando de suas visões.

— O que devo fazer?

— Você deve encontrá-lo.

— Onde ele está?

— Está no templo. Você precisa achar o templo.

— Quem é você? Qual templo eu preciso ir?

— Você precisa vir para este lugar, onde tudo começou. Me encontre e encontre também quem você procura. A resposta está no templo, mas vá sozinha. Ainda não é o momento de sua irmã. Ela será chamada no momento certo. Vá, criança.

Ela abriu os olhos quando sentiu a água gelada no rosto e estava novamente em sua sala. A irmã à sua frente segurava o copo vazio.

— Precisava me molhar inteira?

— Precisava. Você parecia a menina do exorcista.

— Não importa. Eu vi tudo. Já sei para onde tenho que ir — disse sorrindo.

Era como se um grande peso tivesse saído de seus ombros. Alice estava feliz, mais feliz do que imaginava. Não entendia muito bem por que, mas a sensação que tinha era de que aquele momento era seu marco zero. Como se uma nova vida a aguardasse.

— Eu gravei tudo — Maria falou emocionada.

Alice ouviu, no celular da irmã, sua própria voz dizer aquelas palavras estranhas da sua visão. Repetiu diversas vezes.

Imortalidade. Aqui eu te condeno à vida eterna, Eirikr, filho de Sigur. Da rainha branca Lua receberá a força de 100 homens e com ela servirá a mim pela eternidade. O sangue como o que derramaste de meu corpo, será, a partir de agora, a fonte de sua vitalidade. Aqui eu te condeno à vida, pois a morte é a recompensa dos justos e dos crentes.

E tu Rádúlfr, filho de Sigur, que cravaste a espada em minha carne, por ela viverá. Seus poderes virão da rainha branca, assim como seu irmão, mas por ela será regido. Filho da Lua agora será e dela terá a força de 100 lobos. Como o outro, servirá a mim por toda a eternidade. Aqui eu te condeno à vida, pois a morte é o prêmio dos justos e dos crentes.

Olhos Amarelos (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora