CAPÍTULO 1 A primeira Visão

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Dias atuais

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Dias atuais


Apesar de saber que seus olhos estavam abertos, a escuridão era tanta que começou a achar que tinha ficado cega.

O fato era que não via nada. Estava em um lugar totalmente escuro, sem qualquer luz, reflexo ou cor. Tudo era preto.

Embaixo de suas mãos sentiu o chão terroso e frio. Não parecia estar em uma casa ou qualquer construção. O chão era irregular e duro, coberto com terra e pequenas pedras. O ar frio e o eco indicavam que estava em um lugar amplo.

Automaticamente se lembrou de um dia na sua infância em que seus pais a levaram, juntamente com sua irmã gêmea, para um passeio em uma pequena cidade no interior do estado de São Paulo. Ali naquela pequena cidade pitoresca existia uma infinidade de cavernas, muitas delas nem tinham sido exploradas em sua totalidade, tão grandes eram. Seus pais as levaram para várias delas e sempre que chegavam a uma galeria, como chamavam estes espaços grandes e amplos, pediam para que as lanternas fossem desligadas. Alice se lembrava do quão assustador tinha sido a primeira vez que fez aquilo, mas o medo durou apenas alguns segundos pois percebeu que, pela primeira vez na vida, estava vendo a escuridão total. Era impossível ver qualquer coisa.

Junto com esta realização veio também uma paz interior que ela nunca tinha sentido. A paz da escuridão e o do silêncio. Não se ouvia nada, não se via nada. Era como dar um tempo da vida. Como se estivessem ali em um lapso do tempo, repousando, mesmo que por alguns minutos. Desde aquela primeira vez, a escuridão tinha um significado positivo para ela e a irmã. Não era mais algo a se temer, pelo contrário, era o encontro com a paz.

Alice, então, percebeu que era bem possível que estivesse em uma caverna, mas como havia ido parar lá?

Seu coração começou a acelerar. A paz da escuridão só era possível se você soubesse exatamente onde estava, mas ali a coisa era diferente. Que droga estava acontecendo?

Pensou em tatear seu caminho até alguma saída, mas se lembrou da regra número um em uma caverna: Quando as luzes se apagam, não é permitido se mexer. Parecia estar ouvindo a voz do pai falando estas exatas palavras.

"É muito perigoso", diria ele, "você pode cair em algum buraco ou bater a cabeça ou escorregar no penhasco". Sem ver nada, aquilo era bem possível.

Suas mãos começaram a suar e sua respiração ficou acelerada. Não podia ficar ali sem saber onde estava, nem podia se mexer.

Percebeu que estava prestes a ter um ataque de pânico, pois o corpo todo começou a tremer.

Foi quando ouviu a voz de sua mãe ou talvez estivesse apenas se lembrado.

"Deixe a escuridão tomar conta de você. Ouça, Alice. Consegue ouvir alguma coisa? Não há som nenhum, somente sua respiração, suas células trabalhando para manter seu corpo vivo, o bater de suas pálpebras, a saliva descendo por sua garganta quando engole. Deixe que a paz tome conta de seu corpo. Somente aqui você consegue esta paz. Somente quando não pode ver ou ouvir. Quando você pode apenas sentir."

Olhos Amarelos (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora