Prólogo

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O som dos vários pares de sapatos sociais, saltos e tênis sobre o chão de mármore do segundo piso do Museu Nacional da Colômbia era baixo e tímido em contraste com a voz do guia. Não podia negar que era um pouco difícil eu me concentrar na exposição e na voz do guia falando um espanhol rápido e perfeito de um nativo enquanto eu, uma mera brasileira não formada em seu curso de espanhol, fazia suas anotações e desenhos sobre dentro da "Sala da Memória e da Nação", sem dúvida uma das mais bonitas do museu. Estava na Colômbia para estudar arte e cultura para um grande projeto — Com as despesas do meu grupo pagas — da faculdade, e eu estava sinceramente empolgada pois era a primeira vez que eu viajava pra fora do país e principalmente fazendo algo que eu gosto.

Y aquí tenemos las hermosas estatuas de… —  A voz do guia disfarçava o som de minha lapiseira caindo e rolando no chão, o que fez eu me afastar do grupo timidamente pra tentar pegar, e no último segundo ela escapa entre meus dedos, caindo escada abaixo em uma escadaria que eu não lembrava que estava ali. Antes de descer as escadas olhei para o guia, só pra ter certeza de que ele não tinha percebido que eu me afastei, e desci correndo as escadas pra tentar pegar.

Antes de chegar ao final da escada vejo a lapiseira passando por baixo de uma porta de madeira que praticamente brilhava em contraste com as paredes escuras daquele corredor.

— Merda! — Dou um leve soquinho na parede, impulsivamente olhando pra ela depois, pra ter certeza que não tinha estragado, provavelmente custa um rim tudo nesse lugar. Acabo de descer a escada e analiso a porta de madeira bruta e talhada, mas sem uma maçaneta. — Hum? Que estranho… We need a doorknob… — Cantarolei baixinho a música de algum desenho da Disney que escutei minha sobrinha assistindo, é que por coincidência cabia nessa situação.

Olhei para o chão novamente, onde minha lapiseira havia caído, vendo mais escondido nas sombras uma maçaneta, redonda e dourada. Pego-a sem exitar, e tento encaixar na porta, encaixando com perfeição.

— Será que só caiu? — Penso comigo mesma, olhando em volta em seguida. — Ninguém vai perceber se eu entrar, vai? Nahhh, claro que não. — Guardo meu caderno na bolsa lateral de couro que eu carregava e arrumo ela em meu corpo, apertando levemente a alça. — Tá, 'vambora!

Girei a maçaneta devagar e assim que o trinco se desprendeu a porta abriu com tudo para dentro, me cegando com um brilho avassalador, e que mesmo depois dos meus olhos terem se  acostumado o brilho continuou firme e forte, imponente. Me sentia sugada para dentro daquela porta, por uma leve força que não era apenas curiosidade, e hesitante, adentro-a com os olhos fechados. 

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Notas:
Um prólogo curto para esclarecimentos :)
O capítulo 1 será postado ainda hoje, mas minha meta é postar 1 capítulo por semana.
Obrigada por ler, vote e compartilhe!

Palavras: 469.

Meant to be - Camilo MadrigalOnde histórias criam vida. Descubra agora