Normalmente, as pessoas procuram pessoas para amar que coincidem com as suas expectativas, desejos e padrões, entre esses pontos estão diversas linguagens do amor, dizem existir cinco, receber presentes, toque físico, tempo de qualidade, atos de serviço, palavras de afirmação. Eu gostaria de acrescentar uma, a onomatopeia. Onomatopeia são palavras que descrevem os sons, "toc toc", ao bater numa porta, ou "tic tac", o som do relógio.
Por mais difícil que fosse para Onika se expressar com palavras, ela não precisava, ela era transparente e eu sentia que sabia decifrar ela em grande parte do tempo, mas agora, depois do beijo e de tudo que passamos, eu daria tudo pra ler seus pensamentos, por mais invasivo que isso fosse, eu queria saber o que se passava ali dentro.
Ela não falava, mas eu a escutava. Escutei o estrondoso "boom!" que a porta da sala fez, no dia que tivemos uma discussão sobre ideais, indicando o quão chateada e raivosa ela havia ficado após aquilo. Escutei e li as batidinhas que seu pé direito dava no chão, indicando nervosismo, ansiedade ao me ver, falar comigo, ou esperar por algo junto comigo, como quando fiz entrevista para estagiar numa empresa importante, eu passei, ela me parabenizou simplesmente, mas eu ouvi o som nasal que fez, fungando rente ao meu ouvido quando me abraçou, indicando a sua emoção e vontade de chorar, era um grande passo na minha carreira profissional. Era diferente assisti-la cumprimentando outras pessoas, beijando elas na bochecha, ecoando aquele som seco, era diferente dos beijos que eu ganhava dela, eles pareciam mais demorados, molhados e confortáveis, eu me sentia amado com aquele gesto. Eu passaria horas escrevendo e descrevendo essas onomatopeias que carregavam tanto sentimento e tanto significado, poderia tatuar cada uma delas no meu corpo e eu me lembraria de todos os momentos e ações e demonstrações que eu sei que estavam presentes, que existem, eu nunca cobraria dela palavras, verbalização de seus sentimentos quando eu sabia ler cada palavra do lindo livro que ela era.
— Estou no seu prédio.
Ela sussurrou como se tivesse se arrependido na mesma hora em que falou, mas a faria ver que valeu a pena.
— Tudo bem, fique onde está. — da mesma forma que entrei, eu sai, com as mesmas roupas e mesma expressão cansada.
— Não desliga.
Eu estranhei o pedido, mas obedeci.
— Não precisa ter pressa. — respirou fundo, com a voz chorosa e trêmula, parecia querer me dizer algo. — Eu sinto sua falta todos os dias, e isso é tão errado, NamJoon.
Eu esperava o elevador, mas era como se ela estivesse em minha frente, eu a imaginava, provavelmente se protegendo do frio ou de si mesma, se abraçando. Olhei para o espelho, esperando que ela continuasse.
— Eu sou tão dependente de você, eu já era antes, mas depois que descobri que sou apaixonada por você, é tão difícil te ver longe, e eu juro que sinto muito por tudo isso.
Era como me ouvir, ela refletia a minha imagem naquele momento, ela falava o que eu sentia por ela, esclarecendo os seus sentimentos e os meus.
— Você tem a InSook, eu respeito isso, vocês são perfeitos juntos, e eu sinto muito se estraguei tudo.
— Não estragou. — neguei com a cabeça e sai do elevador. — Você abriu meus olhos.
— O que quer dizer com isso? Minha cabeça dói tanto.
Não respondi, já que enxerguei ela do lado de fora, pelo vidro, exatamente do jeito que eu imaginara, mas mil vezes mais bonita. Eu queria que ela me desse motivos pra ir embora naquele momento, se tudo desse certo eu não a deixaria ir.
Me aproximei dela, ela olhava para o chão, segurando o celular perto do ouvido com força, eu a ouvia soluçar mesmo estando a uns seis passos da mesma. Eu a chamei, mas ela não pareceu escutar, estava bem agasalhada, com a mochila nas costas.
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Primavera (Vai Chuva)
FanfictionVi sua covinha se fazer presente quando ele me acompanhou, rindo também, e o mundo inteiro pareceu congelar naquele momento. Ver ele fazer o que amava, falar sobre o que amava e apreciar o que amava era o que me fazia feliz, era agradável e me fazia...