Parte Quatro

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Manhattan

Atthaphan escovava o longo cabelo loiro da irmã, a encarando pelo reflexo do espelho da penteadeira.

—P' ... —Ela começou, mordendo o lábio insegura. —Você não acha que P'Off age estranho sobre você?

Era tarde da noite, ele deu um banho nela e tirou o cheiro de álcool, agora alisava o cabelo bonito com ternura.

Para Gun, Off era quase um irmão.

—Como assim?

—Ele parece apaixonado por você.

Gun paralisou um pouco, a mão tremendo levemente. Encarava o cabelo agora, evitando olhar nos olhos dela. Ayla tem esse costume, de ver através das pessoas.

E as vezes, ela coloca isso em palavras.

—Off é o meu melhor amigo, ele transa com todas as suas amigas Ay...

—Idai! Você também. Isso impede de amar? Sexo é só carnal.

—Eu não gosto de homens rodados.

—Você é estranho P', gosta de garotas livres mas prefere homens devotos.

Ele riu, puxando o cabelo dela levemente, enquanto se curvava e apoiava a cabeça no ombro da irmã.

—E você é a mesma coisa... Entenda princesa... Você é...

—O amor da minha de P', P' não cuidará de ninguém como cuida da princesa dele. Eu sei eu sei...

Gun sorriu, beijando a bochecha macia.

—Mas P'... sobre P'Off... Você sempre gostou dele.

Instantaneamente, a mente dele voltou para aquele verão proibido anos atrás. Os olhos de Off próximos dele, preocupados com o tornozelo dolorido.

Off era menos de um ano mais velho que ele, mas agia como se fosse uma vida toda. Talvez por que na infância, Gun tenha sido forçado a deixar a mãe, que ele era apegado, na Tailândia e ir morar com o Pai em Nova York.

O garotinho seis meses mais novo, parecia mais assustado que uma criança anos menor. Era uma língua nova, cultura e realidade que parecia de outro mundo.

Gun se lembrava do garoto de olhos brilhantes e castanhos. Que se comprometeu em lhe ensinar inglês.

Ele foi o único que estendeu a mão a ele, que o tranquilizou em um tailandês quase que arcaico, afinal Off cresceu em Nova York.

Gun sentiu o coração esquentar. Desde aqueles anos distantes.

Eles cresceram juntos.

E o Off se tornou... Off Jumpol diante de seus olhos.

—Quem é ela? —Gun perguntou certo dia, sentado no divã do quarto da mansão de Jumpol, seus olhos encarando a foto no chat do line.

Eles tinham doze anos.

Jumpol riu baixinho, encarando o confidente.

—Ela é só uma... amiga?

—Você... já beijou?

—Beijei ela?

—Beijou alguém... —Atthaphan pontuou, queria saber se a boca dele. A magistral boca de Off Jumpol, encostou em qualquer lábio menos digno. Que os seus próprios.

—Claro que sim né! Já fui até mais longe na verdade.

Um milhão de agulhas.

Direto na sua aorta, ele perderia todo o sangue do corpo em segundos.

Me vê?  • OffGunOnde histórias criam vida. Descubra agora