Capítulo 01: Meu dia sã

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Fazem 127 dias desde que perdi meus pais naquele acidente, e mesmo depois de quase 5 meses, a memória é muito vivida em minha mente... Toda vez que fecho meus olhos parece que acabou de acontecer, tento ignorar na maior parte do tempo, pois agora estou só nesse mundo devastado e tenho outras prioridades no momento, preciso de água estou na minha última garrafa que; 1- nem ao menos estava cheia, 2- ja estava com o gosto estranho pelo tempo guardada e 3- não tinha lugar pra encher; logo pensei em procurar algum lugar que pudesse ter água, esperar a chuva não era uma opção, dada a ideia que eu estou minimamente certa da contagem de dias dês de o dia 0 que são pelas minhas contas são mais ou menos 542 dias não é uma época propícia pra chuva, no entanto, eu realmente preciso de água o quanto antes, mercado não era uma opção no momento, apesar de ser quase certeiro de ter algo, é arriscado entrar em grupo, quem dirá só, esses lugares foram tomados pelos mortos, o mundo pertence a eles agora, estão em maior número logo levam a vantagem, os vivos que sobraram só tentam viver de alguma maneira, sem saber se estarão alí no outro dia pra contar a história, o que ninguém sabe (ou não quer assumir) é que nos somos os mortos que caminham, se você acha que está vivo e isso te faz alguém melhor que os outros, sinto lhe dizer mas você já está morto!

Continuei caminhando, meus pés não param de doer, mas preciso ser forte, não nadei pra morrer na praia né!? Em frente vejo talvez uma esperança pra mim, é um posto de gasolina, olho pela janela e vejo além do que esperava; água e comida! Eu precisava entrar lá, meu sorriso logo se fechou ao perceber por que algo assim estava "dando sopa" tinha um zumbi alí, mas não qualquer um, ele usava uniforme do posto de gasolina, parecia ter quarenta e poucos anos e deve ter ficado ali quando tudo começou, estava com capacete, um tiro na cabeça seria ineficaz, e ele tinha sobrepeso, seria pesado até pra um rato de academia tentar segurar, ele parecia inteiro, talvez tivesse morrido de causas naturais, olhei o chão cuidadosamente e vi uma injeção de adrenalina, estava bem empoeirada, estava lá faz tempo como aquele cara aparentemente estava, mas verifiquei que estava com tampa ainda, me faz acreditar que teve um choque anafilático e isso causou sua morte; bom, isso explica muita coisa e porque ninguém tinha entrado, aparentemente não tinha o suficiente nem pra que o risco compensasse, pensei em desistir mas estava fora de opção analisando o mapa estou MT longe de um rio, oi de outro lugar que possa ter algo e já estava anoitecendo, perto das florestas há muitos mortos, eles gostam de ficar no mato, deve ser pelos animais ali presentes, mas isso não importa agora, preciso pensar e rápido como posso entrar, decidi subir no teto da construção, sorte minha que 1- eu sabia escalar muito bem, 2- eu não estava tão desidratada e 3- tinha um encanamento para me dar apoio. Subi e passei a noite pensando como conseguiria entrar, mesmo que ocasionalmente eu me pegasse olhando para aquele céu estrelado imaginando o que meus pais falariam pra mim naquele momento, entre meus pensamentos e devaneios, adormeci em algum momento, acordei com o calor suave do sol ao amanhecer, aquecendo delicadamente minha face que fora gelada pelo frio da brisa da noite.

O bom é que já havia pensado num plano, fiz suposição que por estar parado a MT tempo seus músculos deveriam estar atrofiados e juntando ao sobrepeso, ele seria muito lento, mas ele me seguir seria arriscado, então precisaria de outra coisa, que por mais que me doa, seria um coelho, 99% de chance do coelho sobreviver pois é muito rápido e era uma situação de vida ou morte, peguei um ramo de grama e pus em pilha e só precisava aguardar pra por a caixa, e foi dito e feito, a área era cheia ou dei sorte, não demorou muito pra aparecer um, amarrei ele ao pilar em uma corda fina que arrebentasse com um tiro; respirei fundo, pois no menor erro, o coelho morre, ou pior, eu morro; era um pouco arriscado o morto não podia me ver, e eu não poderia gastar muitas balas ou fazer mais barulho que o necessário, que era exatas: duas balas, dois tiros; logo subi no telhado e executei meu plano, um tiro na fechadura pra destrancar a porta e atrair o morto e outro na corda para libertar o coelho e atrair o morto pra longe.

Ecos De Um Apocalipse: Encontrando O Amor Com Carl Grimes Onde histórias criam vida. Descubra agora