Capítulo 18: Um médico, uma lanterna e um conjunto de órgãs. Parte 2

44 4 0
                                    

Part- S/N

Fico feliz pelo garoto topar o meu plano com tanto entusiasmo, mesmo sem saber qual é, fico feliz mas honestamente, queria saber o que aconteceu com o olho dele, porque está enfaixado? Foi um acidente ou foram eles? Não sei, mas acho que não é o melhor momento para falar disso agora. De qualquer forma, terei todo o tempo do mundo para perguntar ou ele mesmo me dirá...

- Me encontre às 01am no final desse corredor principal. - falo olhando para a comida e sussurrando para que ninguém ouvisse.

-Como saberei que é 01am? E os guardas da patrulha noturna?- ele me fala em um tom questionador.

- Acenda uma luz se começar a piscar, será a hora! E os guardas, confie em mim. - sorrio e termino de comer.

Pelo tempo passado logo irei voltar ao meu trabalho, mas todo esforça valerá a pena. Tenho confiança que o que pensei irá funcionar.

- FIM DO ALMOÇO PARA SEUS POSTOS!- grita um dos guardas.

- Até de noite...- sussurro baixinho antes de me levantar e ir para fila de revista.

Passa o resto da tarde cuidando dos porcos, dando da lavagem, limpando um lugar onde ficam e trocando água. Preza muito pelos padrões de higiene, como não temos mais vacinas e remédios para controles de doenças, todo cuidado é pouco no manejo desses animais. Anoitece, sei que daqui a pouco será feita a revista para voltar às celas, entro na fila e o nojento do Nelson está lá mas ele não está no apoio hoje ele está para fazer revista, não sei bem qual é desse tarado, já vi ele me olhando muitas vezes daquele jeito sabe? Fico desconfortável, não consigo trabalhar bem com ele me olhando, é como se ele fantasiasse na cabeça, esperasse uma brecha, não sei explicar...

Logo chega minha vida fila, o Nelson me deu um sorriso malicioso, ele pede para ele estender os braços e começa a revistar os braços passa para os ombros levanta meu cabelo, tem um guarda tão minucioso sem ter algum motivo ele está se aproveitando, desce pelo pescoço e ele aperta meus seios. Eu o afasto e pergunto:

- Revista de rotina, é novata aqui por acaso? Sabe como funciona... - ele me dá um sorriso nojento.

O colega dele parece não se incomodar e não deve mesmo, aceito passar até o fim da revista pois quero ir logo ao quarto, ele continua descendo e pega na minha bunda ele leva um pouco mais de 30 segundos antes de dizer que tá tudo ok.

- Viu como não foi difícil? - ele me fala então de deboche e libera o caminho para que eu possa seguir.

Vou até o quarto, sinto meu estômago embrulhar, deito na cama e choro um pouco, não sei explicar bem a sensação que estou sentindo... Sinto raiva, nojo e medo. Respiro fundo e logo recupero o controle emocional, tiro um cochilo porque quero me encontrar com o Carl e o contar meu plano em detalhes.

Logo da 01am, as luzes piscando no corredor, é hora de sair, empurro a porta devagar... Tudo limpo, vou até o local indicado, pouco tempo depois o garoto chega, vejo ele sorrir para mim com o rosto iluminado pela luz da lua.

- Como sabia disso? Da porta? Dos guardas? - fala ele sussurrando com um tom de rouquidão.

- Eu passo muito tempo observando as coisas, não demorou muito para perceber quantos guardas daqui são relaxados, sempre há um ou outro que quer fazer o serviço direito, mas, a maioria basta uma brecha para poder manguear. Dito isso, o horário que todo mundo tá dormindo é o mais tranquilo, afinal tá todo mundo dormindo ou quase todo mundo... - Fala baixinho enquanto Carl se aproxima de mim para ouvir melhor.

-Isso ainda não responde a porta..- ele falou então questionador mas de forma suave.

- As coisas aqui funcionam por geradores, mas tem um momento que o sistema precisa dar um reboot para que continue funcionando bem. Se observar bem aqui era um sanatório, as travas são elétricas, existem meio que imãs que prendem a porta, mas ele precisa de energia para funcionar, mas durante o reboot existe uma falha onde a porta fica mais fraca E se forçar um pouco dá para sair. E assim estamos aqui.- digo de forma detalhada para que ele entenda.

-E como sabe de tudo isso?- ele se aproxima e pega da minha mão.

- Eu tinha um tio, ele era bipolar, ele tentava se matar ocasionalmente, meu pai era responsável por ele, teve um momento que ele percebeu que seria impossível o controlar dentro de casa e no fundo também temia que ele pudesse fazer algo a mim quando eu estivesse sozinho comigo durante um dos seus surtos. Então ele o internou, mas sempre o visitamos. Em um dos seus momentos de sanidade, ele riu e disse que eu era sua sobrinha favorita e contou que às vezes gostava de dar passeios noturnos, eu perguntei para ele como e ele me contou da brecha da porta. Ele disse que não era novato no lugar desses e disse que basicamente todos são iguais. Que se driblar os guardas pode dar um passeio à noite de 30 minutos todos os dias. - digo enquanto eu aperto sua mão e chego perto.

O garoto me olha profundamente nos olhos como se estivesse tentando adentrar e meu ser logo o garoto se aproxima para me beijar, pego uma das minhas mãos e passa pelo seu cabelo e a outra em seus ombros, seu hálito quente e meu rosto enquanto ele suspira devagar, fecha os olhos e sinto ele se aproximar de mim e me beijar delicadamente... Seus lábios quentes e úmidos se pressionam contra os meus com força mas delicadeza, sinto a sua mão na minha cintura me apertar com pouco, o beijo apesar de rápido foi intenso na medida certa. Acabo o beijo mesmo sem querer, pois preciso discutir com o Carl o plano para sairmos daqui. O garoto parece um pouco frustrado por parar o beijo do nada compreende a situação.

- O plano é até bem simples, a princípio precisamos além das ferramentas daqui uma lanterna, do Dr.Samuel e alguns órgãos dos zumbis...

Ecos De Um Apocalipse: Encontrando O Amor Com Carl Grimes Onde histórias criam vida. Descubra agora