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— Você quer conversar?

Foi a primeira coisa que Hongjoong hyung perguntou assim que chegamos em casa. Ele me conhecia bem demais, e eu sabia bem disso. Porém, sinalizei que não com a cabeça, e apenas fui para meu quarto.

Eu era o tipo de pessoa que prefere guardar para si do que ficar incomodando os outros com meus problemas, visto que as pessoas já tem seus próprios problemas para lidar. Sendo assim, eu geralmente era o amigo divertido, que faz piadas e entretém os outros, então eram poucos os que conheciam meu lado triste.

E sendo sincero comigo mesmo, eu não deveria me sentir assim naquela situação, certo? Desde o começo eu sabia que seria apenas durante o verão, e mesmo assim, estava sentindo o coração doer, como se faltasse ar em meus pulmões. Mas contive o choro enquanto tomava banho, escovava os dentes e colocava um pijama confortável. Só me permiti chorar ao finalmente me embrenhar entre os lençóis, me mantendo o mais silencioso possível para não incomodar ou preocupar ninguém.

Nos próximos dias, fiz o máximo possível para grudar em meus amigos. Quando eles não sugeriam algum plano para o dia, eu mesmo ia atrás de algo para que pudéssemos sempre estar fazendo alguma coisa. Portanto, usava a desculpa do cansaço para sempre que San quisesse sair, então só conversávamos por mensagem.

Claro que não era certo ficar fugindo daquele jeito quando eu mesmo tinha dito que não tinha problema nenhum, mas eu era covarde demais para falar qualquer coisa a ele. Sendo assim, continuei agindo daquela maneira, e estava dando certo.

Mas só até aquela sexta-feira à noite.

Eu estava na sala com Yeosang, jogando um jogo muito estranho que ele tinha encontrado no celular. Geralmente éramos bem competitivos por sermos amigos há décadas, então era uma competição saudável. Nossos gritos de pura emoção foram interrompidos por Hongjoong, que limpou a garganta para chamar nossa atenção.

— Woo, tem alguém que quer falar com você. — anunciou ele, e pelo olhar em seu rosto, eu já pude adivinhar de quem se tratava.

Claro que eu sabia que, em algum momento, aquilo iria acontecer, mas esperava atrasar o momento o máximo possível. Realmente pensei em só correr até meu quarto e fingir que não existia, mas, pelo olhar do hyung, ele mesmo me bateria por aquilo.

Sendo assim, respirei fundo antes de levantar do sofá, convencendo Joong hyung a jogar com Yeo antes de caminhar devagar até a porta, como se assim tivesse mais tempo para organizar a cabeça.

— Hey. — foi a primeira coisa que eu falei ao vê-lo escorado na varanda da casa, forçando um sorriso em meus lábios.

San se desencostou de onde estava assim que me ouviu chegar, também abrindo um sorriso em seus lábios, mas era claro que o seu era verdadeiro. Suas vestes eram as mais simples possíveis – regata preta e calça jeans, acompanhados de um all star – mas, de alguma forma, todas as roupas pareciam realçar sua beleza. Como era possível alguém ser tão lindo?

— Hey, Woo. — seu sorriso acompanhado da covinha me deixava fraco demais. — Quer dar uma volta?

Eu concordei com a cabeça, já que preferia ir a outro lugar do que conversar por ali. San me estendeu sua mão, e eu a segurei, o seguindo para onde ele quisesse me levar.

Caminhamos calmamente em silêncio até a beira mar, parando apenas para tirar o chinelo antes de andar sobre a areia fofa. O sol já estava se pondo, fazendo com que eu me lembrasse de meu primeiro dia ali, quando conheci Choi San.

Eu conseguia lembrar perfeitamente de pensar que ele era o ser mais lindo do mundo, e ali, ao pôr do sol, fitando como os raios de sol iluminavam seu rosto, eu pude ter certeza daquilo, mesmo tantas semanas depois. Sua mão continuava segurando a minha, em um balançar suave conforme caminhávamos.

— Tava com saudade de você. — foram suas primeiras palavras após aquele silêncio confortável. Seu polegar acariciou minha mão, fazendo com que um sorriso involuntário surgisse em meus lábios.

— Eu também... — minha voz não passava de um murmúrio, mas como a praia estava deserta, tinha certeza que ele ouviu.

— Quando você vai embora? — seu olhar encontrou o meu, mas eu não pude decifrar os sentimentos em seus olhos.

— Em poucos dias. — chegava a ser engraçado como aquelas tantas semanas de férias de verão passaram voando, sendo que, de primeira, eu nem queria ir naquela viagem. Desviei o olhar para meus pés, observando como a areia marcava o formato deles conforme eu passava.

San parou de andar, e puxou minha mão para que eu fizesse o mesmo. Ele me puxou para seus braços, já entrelaçando-os ao redor de minha cintura, como costumava fazer. Eu o abracei forte, aproveitando para apoiar o queixo em um de seus ombros, e soltando um suspiro ao finalmente relaxar em seus braços.

Ambos sabíamos que nossa data de validade já estava quase chegando, e depois de ter ficado longe por tantos dias, eu preferia apenas aproveitar aquele momento junto do maior. Depois eu teria tempo o suficiente para me arrepender por tudo aquilo.

Por enquanto, eu só iria aproveitar das sensações que Choi San me causava.

Uma de suas mãos foi até meu rosto, o afastando de seu ombro para que ele pudesse me fitar por alguns instantes antes de unir seus lábios aos meus. Seu polegar fazia uma carícia em meu rosto conforme nossas bocas se moviam em harmonia, daquela maneira lenta que já se tornara costumeira.

O tempo parecia passar voando sempre que eu estava com ele. Logo o sol se pôs por completo, dando lugar à lua que agora iluminava a noite, sendo acompanhada das estrelas. San havia levado uma espécie de toalha para que pudéssemos nos aconchegar na areia, e lá estávamos. Eu me aconcheguei melhor em cima do mais velho, o usando como uma espécie de colchão humano, enquanto depositava mais alguns selinhos demorados em seus lábios.

Suas mãos estavam em minha cintura, acariciando o local sem pressa alguma, o que mandava alguns arrepios por meu corpo devido a diferença de temperatura. Parecia que estávamos presos em uma bolha, e que nada além de nós, naquele lugar e momento, importava. Eu apoiei a testa na dele, recuperando um pouco o fôlego, e contornei seu rosto com o polegar, acabando por acariciar devagar sua bochecha.

— Você é lindo. — sussurrei, continuando com a carícia em seu rosto. Ele abriu os olhos, me encarando daquela maneira que era capaz de até tirar meu fôlego, sem parar o carinho que fazia em minha cintura.

— Você é mais. — San respondeu antes de voltar a unir nossos lábios, novamente com toda a calma do mundo. Ele me puxou mais contra si, como se fosse possível que nos aproximássemos ainda mais, e circulou minha cintura com seus braços, agora acariciando minhas costas por dentro da camisa que eu vestia.

Não sei ao certo em que momento da noite suas mãos desceram mais do que de costume, ou quando que sua camisa foi parar ao nosso lado, sendo acompanhada pela minha logo depois. Mas eu sabia que as lembranças de seus dedos entrelaçados em meu cabelo e da maneira afoita, mas ainda repleta de calma com a qual San me beijava me acompanhariam por muito além daquele verão.

Pois foi abaixo daquele céu estrelado, com o quebrar das ondas como trilha sonora e a lua como única testemunha, onde nos tornamos um só.

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OI GENTE!!! O capítulo tava pronto há seculos mas eu tinha esquecido de postar! Só queria avisar que o próximo capítulo é o penúltimo da história e, como passei mais de um ano sem conseguir escrever (até aqui já tava postado lá no Spirit!), é bem provável que haja uma diferença na escrita. Mas espero que gostem, e espero que estejam gostando do que leram até aqui. Muito obrigada a quem acompanha, cada like e comentário encoraja muito!

(e lembrem que essa história é completamente inspirada na música Cruel Summer da Taylor Swift, então caso queiram me xingar, xinguem ela!!!!!)

Até logo! <3

Cruel Summer || woosanOnde histórias criam vida. Descubra agora