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Nunca acreditei em histórias do tipo "amor à primeira vista" e afins, já que, em minha concepção, era necessário conhecer alguém antes de começar a desenvolver qualquer laço afetivo. Geralmente, não conseguia só "me divertir" com alguém sem compromisso algum sem conhecer a pessoa antes, e por isso já me taxaram de chato em muitas ocasiões.

Mal sabia eu que minha concepção sobre aquilo estava prestes a mudar.

Não sei bem por quanto tempo fiquei parado encarando o desconhecido, mas ao recuperar a consciência, torci para que ele não tivesse percebido – o que, se eu fosse sincero, parecia impossível, já que estava praticamente o secando por um bom tempo. Continuei meu caminho rumo ao bar, sentindo o rosto aquecer pela cena protagonizada. Sentei-me em um dos bancos altos, tentando ignorar o fato de estar sentado no banco ao lado dele.

Era estranho estar sentindo aquilo. Não entendia como um carinha que eu nem conhecia fez aquela bagunça toda com meus sistemas, sendo que não trocamos nem um olhar. Ao mesmo tempo em que aquilo me deixava curioso, o medo era ainda maior. E aquele sentimento era absolutamente ridículo, levando em consideração que provavelmente nunca o veria novamente.

Pedi uma bebida forte qualquer ao bartender e passei os olhos pelo local, esperando encontrar qualquer um de meus amigos para arrastar comigo para fora dali, mas sem sucesso algum. Provavelmente todos já haviam encontrado coisas para fazer, e eu sabia que, lá no fundo, eu não conseguiria interromper a diversão de ninguém por problemas pessoais sem nexo algum.

— Procurando por alguém? — uma voz ao meu lado perguntou, fazendo com que eu me assustasse ao ser despertado de meus devaneios. Fechei os olhos por alguns segundos, tentando acalmar a velocidade absurda que meu coração alcançou. Não estava entendendo o que estava acontecendo, mas o medo de descobrir era maior.

Coloquei meu melhor sorriso amigável no rosto para que o nervosismo não transparecesse, finalmente tomando uma gotinha de coragem para encarar o homem ao meu lado. Naquele momento que percebi que a maratona que meu coração corria tornou-se uma competição de Fórmula 1, porque parecia que o desgraçado ia saltar de meu peito e sair correndo.

É claro que ele conseguia ser mais bonito ainda de perto. Seus fios loiros contrastavam com a noite estrelada, e eram iluminados pelos raios da lua. Seus olhos eram tão pequenos que eu podia apostar que se fechavam ao sorrir, e era impossível não reparar nos sinais espalhados por seu rosto, como se emoldurassem aquela obra. Parecia que cada parte sua foi feita milimetricamente sob medida, apenas para torná-lo o homem mais lindo que eu já vi.

Precisei balançar a cabeça para recobrar a consciência, lembrando-me de que ele muito provavelmente esperava por uma resposta. Limpei a garganta, como garantia de que algo saísse dali, tentando não pagar um mico ainda maior.

Não gaguejar, Wooyoung, lembre-se de não gaguejar.

— E-eu... — limpei novamente a garganta, xingando-me mentalmente por ser tão ridículo. Por que tudo estava dando errado?! — Eu estava procurando por meus amigos, mas eles não parecem estar por perto.

Um sorriso fraco surgiu em seus lábios, dando destaque às covinhas que apareceram em ambos os lados de sua boca. Seu olhar ainda estava distante, e eu agradeci mentalmente por aquilo. Não sei se conseguiria sustentar seu olhar sem me tornar um tomate.

— Então você deveria tentar se divertir sem eles também. — ele levou o copo que descansava em uma de suas mãos até os lábios, bebendo o líquido com calma. Ao notar que não fez nenhuma careta ao fazer aquilo, cheguei a duas conclusões: ou a bebida era fraca, ou ele era forte para bebidas. O rapaz colocou o copo vazio no balcão, estralou os dedos e fez o que eu mais temia: olhou para mim.

Cruel Summer || woosanOnde histórias criam vida. Descubra agora