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Como um legítimo apreciador de arte, o nascer do sol me era tão incrível quanto o pôr do mesmo. A forma como a imensidão profunda e salpicada por estrelas se tornava um céu límpido tingido pelos mais diversos tons pastéis me fazia entender como e por que tantos artistas retratavam aquele acontecimento.

Já devia passar das seis da manhã, e lá estava eu, sentado na areia, assistindo ao espetáculo do nascer do sol, sendo rodeado pelos braços de Choi San. Minha cabeça repousava em seu ombro enquanto seu queixo se apoiava no meu ombro, e eu mexia distraidamente eu seus dedos, já que ele me abraçava por trás. Soltei um suspiro baixo, relaxando ainda mais em seus braços.

Era até irônica a maneira como logo eu, o cara que não acreditava que algo do tipo era possível, queria que aquele momento parasse apenas para ficar daquele jeito para sempre.

Aquele pensamento era muito perigoso, e eu tinha plena consciência disso.

Eu devo ter ficado um pouco tenso devido àqueles devaneios, já que o maior perguntou, sua voz soando como as ondas do mar que atingiam calmamente a areia em nossos pés:

— Aconteceu algo, Woo? — sua respiração batia contra a pele de meu pescoço, enviando arrepios por todo meu corpo. Mas eu não tinha coragem nenhuma de sair dali, de sair de seus braços.

Eu sabia que precisava voltar; Hongjoong hyung provavelmente já estava querendo acionar a polícia, eu tinha certeza, mas também acreditava que os meninos seriam capazes de contê-lo. A bateria de meu celular devia ter acabado, sendo que não havia tocado nenhuma vez – isso ou eu só estava ocupado demais para escutar.

— Shh... — pedi, fechando os olhos por alguns segundos ao me aconchegar melhor contra San, voltando a relaxar ali. Eu pensaria nas consequências depois de aproveitar bastante daquele aconchego e do calor emanado da pele quentinha do maior. Mexi em seus dedos de forma descontraída, admirando como até mesmo nossas mãos pareciam se encaixar perfeitamente. — Só fica assim mais um pouquinho...

Senti sua risada reverberar por minha pele, assim como os selares que depositou na curva de meu pescoço. Era impossível pensar com clareza quando os lábios dele estavam sobre minha pele, e até mesmo sua proximidade me deixava desnorteado. A única coisa que se passava em minha mente no momento era a sensação indescritível que eu sentia por estar ali, em seus braços.

— Acho que estou viciado no seu cheiro. — sua voz saiu abafada por ainda estar em meu pescoço, e uma parte de mim esperava que ele não conseguisse se afastar de mim tanto quanto eu não conseguia dele.

Soltei uma risada baixinha, tanto por sua voz causar cócegas quando tão perto de minha pele quanto por me sentir um bobo perto dele. San me apertou mais um pouco no abraço, e um sorriso automático surgiu em meus lábios.

— Eu devo estar com cheiro de peixe... — comentei baixinho, virando um pouco o rosto para que pudesse enxergá-lo. Sua risada fez com que meu sorriso aumentasse, principalmente ao receber um beijinho na ponta do nariz.

A cada vez que via seu sorriso, aquela espécie de dormência no peito aumentava. Não era algo ruim – não, longe disso; talvez desconcertante, mas não ruim. Me lembrava a sensação de entrar no mar: algo que, quando as ondas estavam agitadas, dava medo, mas só de ver a imensidão azul atrás delas... era pura arte.

Recebi mais um beijo no pescoço, sentindo a pele arrepiar em cada centímetro onde ele tocava. Infelizmente era algo que eu não podia evitar que San visse, mas, naquele ponto, sequer me importava. Sua voz soou rente a meu ouvido, daquela maneira calma como as ondas do mar se encontravam diante de nós.

— Já comentei o quanto gosto de animais marinhos?

Voltar para casa após aquela noite incrível não foi fácil. San me levou até lá, aproveitando para contar histórias dos moradores que conhecia daquele local; aparentemente, por ser uma praia constituída majoritariamente por turistas, todos os moradores fixos conheciam bem uns aos outros. E pude perceber que, pela maneira animada e carinhosa que o rapaz falava, ele provavelmente era querido por todos.

Cruel Summer || woosanOnde histórias criam vida. Descubra agora