Noah

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Encarei o céu escuro e carregado, suspirando ao perceber que as gotas se tornavam cada vez mais grossas. Ergui o braço e também analisei o relógio de pulso, revirando os olhos ao notar que já se passavam das nove da noite.

No momento em que eu vou embora do trabalho, tenho a sorte de pegar um temporal.

Tudo já estava fechado e na entrada estavam apenas os seguranças. Todos me encaravam com pena por saberem que eu teria de enfrentar a chuva, já que por puro desleixo, nem um guarda-chuva havia trazido.

Acenei para os rapazes e me agarrei na bolsa, pronta para correr até o ponto de ônibus mais próximo, contudo, parei quando escutei a buzina e reconheci o carro. Franzi o cenho quando o automóvel parou em minha frente, rindo fraco apenas quando o vidro da janela baixou.

- Entra! - Noah apontou e eu, com certo desespero, abri a porta e me sentei, já vendo-o fechar o vidro.

- Você estava esperando eu sair do trabalho? - Brinquei, colocando o cinto de segurança.

- Eu não! Só passei por aqui e vi o desespero estampado na sua cara. - Ele riu, já manobrando o carro. Quando é que você vai tirar sua carteira de motorista? Meu Deus!

- Eu não tenho tempo.

- Devia ter tirado comigo e com Linsey na época da faculdade.

- Você já disse isso milhares de vezes, Urrea, e Linsey também. - Revirei os olhos e ele me encarou com um sorriso divertido. - O que é? Vocês não gostam de me dar carona?

- É exatamente isso.

- Você é um mentiroso! Eu sei que estava me esperando. - Bati em seu ombro, arrancando-lhe uma gargalhada boa de se ouvir.

Me encostei no banco confortavelmente e soltei o ar em meus pulmões, enquanto uma sensação boa me invadia. Sensação essa que apenas Noah conseguia despertar apenas com a sua presença.

- Como foi o seu dia no trabalho? - Puxou assunto e eu me espreguicei.

- Foi cansativo... mas bom. - Respondi, vendo-o afirmar enquanto segurava o volante com uma única mão. E você, também estava trabalhando?

- É. - Noah olhava fixamente para frente e eu o analisei com mais cuidado.

Uma roupa social cobria seu corpo. A gravata já não fazia mais parte da camisa e os primeiros botões já estavam desabotoados. Já o rosto jovial, imprimia uma feição cansada que não combinava tanto com Urrea. Ele continuava lindo, mas não tão radiante como sempre foi.

- Está tudo bem com você? - Me sentei de lado, vendo-o me olhar de relance e afirmar com a cabeça. - Noah...

- Eu tô bem. Só estou cansado. - Sorriu. - O meu pai pega pesado comigo na empresa. Ele acha que eu consigo lidar com mil coisas ao mesmo tempo. - Mordi o lábio reflexiva e afirmei com a cabeça.

Linsey de fato já havia comentado o quão seu pai estava depositando toda a confiança da empresa, nela, mas principalmente em Noah. O senhor Urrea provavelmente já pensa em se aposentar e por isso está treinando seus filhos para que eles assumam seu posto.

- Procure relaxar no seu tempo livre. - Aconselhei.

- Que tempo livre? - Noah riu soprado e eu o encarei.

- Agora você vai fazer o quê?

- Provavelmente chegar em casa e dormir como uma pedra. - Disse simples e eu me mantive em silêncio, atraindo seu olhar curioso. Por quê? Você tem alguma sugestão?

- Eu?

- É! - Mexeu os ombros. Me convide pra beber, s/n.

- Mas onde? Está chovendo demais.

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