𝐓𝐖𝐎

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Suspiro irritada pela décima vez em meia hora. Não aguento mais escutar o quão feliz Amaya está por conseguir um novo emprego. Todos sabemos que vai ser mais um emprego que ela não vai durar uma semana. Abro a boca para falar algo, mas sinto um chute em meu pé, me fazendo olhar feio para Mitsuo.

─── Eu tenho certeza que esse emprego é perfeito para mim. Eu sempre quis ser secretaria de alguma empresa grande.

─── Amor, você sabe que não precisa desse tipo de trabalho, não é? Meu salário é mais que suficiente para nós quatro. ─── Meu pai diz enquanto limpa sua boca com o guardanapo.

─── É claro que eu sei, amorzinho, mas eu não quero ter que depender de você, eu quero ser uma mulher independente, sabe?

Acabo não me segurando e soltando um pequeno riso enquanto ela fala.

─── Algum problema? ─── Ela me olha com tédio.

─── Não, por que teria? Só queria saber como eu vou para a escola já que estou sem moto.

─── Eu te levo, é caminho mesmo. ─── Mitsuo toma a frente e se oferece para me levar enquanto se levanta.

Saio da mesa e corro em direção as escadas. Geralmente eu teria alfinetado Amaya, mas eu estou evitando intrigas com meu pai. Vou até o banheiro e escovo os meus dentes e dou uma leve conferida em meu visual, que não estava nada mal.

Saio de casa sem me despedir dos adultos e paro em frente de Mitsuo, que está encostado em sua moto.

─── Você deveria tentar se controlar mais, sei que você e a minha mãe não se dão bem, mas você está disposta a passar o resto da sua vida brigada com eles?

─── Eu prefiro morrer do que me dar bem com ela, com todo respeito.

Ele apenas dá de ombro e sobe em sua moto, logo eu faço o mesmo e ele dá a partida indo em direção a escola.

Chegando na Mizo Middle, eu desço de sua moto e espero ele descer, mas isso não acontece. Olho para o mesmo com uma sobrancelha arqueada, mas ele me ignora e dá a partida, indo para algum lugar que eu não tenho a mínima. Caminho até dentro da escola, tenho que encontrar Hina, já que eu estou com seu livro de matemática.

Sinto alguém me puxar para dentro de uma sala e logo me deparo com a Tachibana.

─── Você tinha que ver o que aconteceu ontem! ─── Abro a boca para falar algo, mas logo ela me interrompe. ─── Dois caras de gangue vieram aqui na escola atrás do Takemichi, eu fiquei assustada, sabe? Eu tive medo deles baterem nele, então eu fui até um deles e bati nele, foi apenas um tapa, ainda bem, porque logo em seguida eu descobri que eles são amigos do Take.

─── Espera aí, você está me dizendo que o Takemichi tem outros amigos, além daqueles quatro?

─── Essa foi a única parte que você escutou? Fala sério!

─── Eu estava brincando. Eu fico feliz por ele não ter apanhado de novo.

O sinal tocou, indicando que as aulas estavam começando. Eu devolvi o livro de Hina e nós fomos em direção as nossas salas que, infelizmente, não eram as mesmas.

Às duas primeiras aulas foram didáticas, até demais, apenas escrita e leitura, até tentei me concentrar, mas só consegui pensar em um certo loiro de olhos verdes que vem ocupando minha mente a mais de três anos.

Estava tão perdida em meus próprios pensamentos que acabei não escutando o sinal indicando que aquela aula insuportável tinha acabado.

Levanto-me indo em direção aos armários e encontro novamente com a Tachibana.

𝐓𝐖𝐄𝐋𝐕𝐄 𝐘𝐄𝐀𝐑𝐒, Chifuyu MatsunoOnde histórias criam vida. Descubra agora