𝐅𝐈𝐅𝐓𝐄𝐄𝐍

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Podia sentir meus olhos arderem, a enorme vontade de chorar me consumia enquanto eu acariciava lentamente a pele macia de Chifuyu. Me perguntava o porquê de Keisuke ter feito algo tão repugnante com uma pessoa que o seguia fielmente. Baji me pediu para confiar nele, e eu estou tentando, mas sei que, no fundo, a confiança está despedaçada.

Sinto uma lágrima solitária descer por meu rosto e limpo-a rapidamente, mesmo sabendo que não tem ninguém vendo. Continuo acariciando Chifuyu, até sentir o mesmo se mexer, logo soltando um gemido de dor e abrindo lentamente o olho, para se acostumar com a claridade.

─── Céus, Chifuyu, que susto você nos deu! Como está se sentindo? ─── Ele demora um pouco para reconhecer minha voz, piscando algumas vezes e fazendo um esforço para se sentar na cama.

── Bem, eu acho. ─── Enquanto sorria fraco, o garoto levou os dedos até o tampão.

─── Não, Chifuyu, você não está bem! Você desmaiou de tanto ser espancado, a última coisa que você está é bem. ─── O pequeno sorriso que estava em seus lábios acaba sumindo. Ele me analisa lentamente e abre a boca para começar a falar, mas nada sai da sua boca.

─── Entendo que você esteja preocupada, mas eu tô bem. Não estou nos meus melhores dias, mas não tô tão ruim assim. ─── Ele fala enquanto faz gestos exagerados com as mãos e desvia o olhar do meu.

─── Foi o Baji, não foi? ─── Ele arregala o olho e contorce os lábios, imagino que não queira falar desse assunto, mas não posso simplesmente ignorar isso.

Ele assente com a cabeça, abaixando-a em seguida. ─── Porra. Por que diabos ele faria algo assim? Por prazer?

─── Ele precisava fazer isso para o Hanma aceitar ele na Valhalla. Não fica com raiva dele, afinal, eu que aceitei.

─── Certo, deixa só eu ver se eu entendi. O Baji precisava de alguém para usar como teste de fé, ele te chamou e você simplesmente aceitou? Isso é loucura!

Mesmo com dor, o garoto se aproxima um pouco, segurando meu queixo e me beijando suavemente. ─── Olha, eu não te falei antes, porque não queria que você ficasse assim, preocupada e irritada. Não precisa se preocupar, nós temos tudo sobre controle. Certo?

Mordo o interior da minha bochecha, sabendo que nada deve estar sobre controle. ─── Certo.

─── Agora, eu tenho que ir e terminar de resolver uns assuntos. Te vejo amanhã?

─── Claro, claro que vê.

[...]

Olho pela décima vez para o relógio, que parecia estar de mal comigo, sempre andando cada vez mais devagar, fazendo o mesmo barulho irritante e estridente. Deitada em minha cama, fazendo carinho em Chie, que ronronava de maneira pacífica. Olho para o relógio novamente, uma e quinze da tarde, estava aflita e entediada, nada pior que isso.

Um pequeno barulho me tira dos meus pensamentos. Uma pedrinha na janela. Chifuyu e Takemichi no meu jardim. Sem fazer perguntas, desço as escadas e vejo os dois loiros na minha porta, Chifuyu ainda estava machucado, é claro, afinal, ninguém se recupera em menos de um dia. Antes que eu pudesse abrir a boca para perguntar o que estava acontecendo, Takemichi puxa o meu braço e Chifuyu tranca a porta de casa.

𝐓𝐖𝐄𝐋𝐕𝐄 𝐘𝐄𝐀𝐑𝐒, Chifuyu MatsunoOnde histórias criam vida. Descubra agora