𝐒𝐈𝐗𝐓𝐄𝐄𝐍

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Tentando, ao máximo, ignorar o canto dos passarinhos e o alto barulho no andar de baixo, eu, mesmo a contragosto, abri os olhos, fechando no mesmo instante ao sentir a luz forte em meu rosto. Sentindo algo pesado em meu abdômen, lembrei de Chifuyu, que havia dormido aqui na noite passada. Levei minhas mãos até os fios desgrenhados do garoto, fiz um leve afago no local, escutando um ronronado e abrindo os olhos, vendo Chie deitada ao meu lado, apenas esperando por carinho. Desistindo de voltar a dormir, ouvi dois toques na porta, logo sendo aberta.

─── Hora de acordar, casal! ─── Num tom de voz estridente, o loiro praticamente gritou, assustando a gata que saiu do quarto e acordando Chifuyu, que olhou confuso para a porta, recebendo uma gargalhada de Mitsuo, que caminhou até a cama, agarrando o cobertor e dobrando-o.

─── Saí daqui, Mitsuo! ─── Vociferei, enquanto arremessava uma almofada em formato de estrela no meu irmão.

─── Nada disso. Já são nove horas! ─── Respondeu ele, enquanto apontava para o relógio invisível em seu pulso, redirecionando o olhar para o Matsuno, que agora estava sentado ao pé da cama, com os cabelos bagunçados e olhos inchados. ─── Estou com pena desse pobre coitado. 

─── O cérebro dele demora para acordar. ─── Me levantei, indo em direção ao banheiro, mas, antes de fechar a porta, ouvi o meu irmão dizer:

─── Vocês têm dez minutos, se em dez minutos vocês não estiverem na cozinha, eu deixarei os dois sem café da manhã. 

Com a saída de Mitsuo, Chifuyu finalmente acordou, olhando para as paredes e indo em direção ao banheiro, dando dois toques na porta e entrando, pegando sua escova e começando a higiene. 

Assim que terminamos, descemos as escadas, dando de cara com Mitsuo pondo a mesa e meu pai servindo o café. 
─── Bom dia! ─── Dissemos em uníssono, chamando a atenção dos outros presentes.

Sentamos um ao lado do outro, nós nos servimos e começamos a comer, enquanto abordávamos diversos assuntos, como: impostos, gangues, preços de motos e carros, notas de escola e desenhos animados. Geralmente nossa família comia em silêncio, mas dessa vez meus familiares aproveitaram a presença de Chifuyu para conversar com o garoto.

[…]

─── Obrigada pela ajuda, May! Você me salvou. ─── Se curvando levemente, a rosada agradeceu.

─── Não foi nada, Hina! Se precisar de ajuda, é só chamar. 

Acenei ao me despedir da rosada, indo em direção às escadas. Pondo uma mecha teimosa atrás da orelha, olhei para o lado e vi um certo loiro num balanço, dando de ombros, continuei andando, mas parei ao ouvir o garoto gritando meu nome.

─── Você é muito escandaloso, Takemichy! ─── Repreendi o garoto, enquanto caminhava em sua direção e me sentar no balanço ao seu lado. 

─── Sinto muito! ─── Com as bochechas levemente coradas e coçando a nuca, ele se desculpou, desviando o olhar. ─── Preciso falar com você.

─── O que foi? Alguma coisa sobre aquele lá? ─── Perguntei, me referindo a Kisaki, vendo o garoto negar com a cabeça, suspirei.

─── Olha, sei que você e a Hina são amigas, mas você pode não contar a ela sobre o que está acontecendo? 

─── Eu não ia contar, Takemichy. Assuntos de gangue, ficam na gangue. ─── Vendo o loiro suspirar aliviado, me levantei, recebendo um sorriso do garoto.

─── Trarei o Baji para a Toman, quem sabe trago o Kazutora também. ─── Ele se levantou num pulo, ajeitando sua postura e colocando um sorriso convencido em seu rosto.

𝐓𝐖𝐄𝐋𝐕𝐄 𝐘𝐄𝐀𝐑𝐒, Chifuyu MatsunoOnde histórias criam vida. Descubra agora