Love 101- Sinan and S/n

Bathroom

S/n Sadik

Nem sei quanto tempo eu estou trancada nessa cabine fedida. Fui muito ingênua de acreditar que o banheiro seria um bom lugar para me esconder. Graças a minha burrice tive o desprazer de escutar uma gazela gemendo. Que eles tenham usado camisinha, amém.

Pelo menos o casal já foi embora, agora sou a única no banheiro. Sei que eu deveria ter saído enquanto eles estavam aqui, mas fiquei com vergonha deles perceberem minha presença. Além disso, lá fora não estava muito diferente.

Continuei dentro da cabine aproveitando o silêncio do ambiente. Quer dizer, forcei ao definir isso como silêncio, ainda consigo escutar o som abafado das músicas e os gritos das pessoas.

— S/n— Escutei uma voz masculina me chamar de fora da cabine. Conheço bem essa voz, é o maluco perturbado.

— O que você quer?— Perguntei usando uma intonação de cansaço, sem ao menos sair da cabine.

— Preciso que saia daí— Pediu com seu jeito delicado de sempre.

— Por quê?— Perguntei não gostando nenhum pouco da ideia.

— Só vou explicar se você sair— Afirmou em forma de chantagem. Revirei os olhos me levantando.

— Arg!— Gemi de raiva ao destrancar a porta. Abri e dei de cara com Sinan. Ele deve se drogar, isso explicaria os olhos fundos. Odeio aqueles olhos, eles expressam superioridade, mas ou mesmo tempo confusão, um típico sabe tudo que no fundo é insatisfeito com a própria vida.

— O que foi agora?— Questionei cruzando os braços.

— Me dá seu celular— Mandou estendendo a mão impaciente.

— Meu celular? É assim que pretende me conquistar?— Provoquei sendo sarcástica e ri fingindo graça.

— Muito engraçado, agora me dá logo— Repetiu usando uma intonação severa.

— Por que quer tanto meu celular?— Perguntei mostrando o aparelho.

— Pode ter certeza que não é pra pegar seu número— Disse o retirando da minha mão indelicadamente.

— Tem como contextualizar?— Pedi debochada após ver o mesmo guardar meu celular em seu bolso.

— A partir de agora um cara bêbado entrou no banheiro feminino, jogou seu celular na descarga e você não está conseguindo alcançar, entendido?— Falou como se estivesse bolando um plano.

— Que cara? Você?— Perguntei irônica apontando o dedo em sua direção.

— Eu estava pensando em poupar seu celular, mas se você quiser pode ser de verdade— Ameaçou balançando meu celular de maneira provocativa.

— Você não teria coragem— Duvidei franzindo o rosto cinicamente.

— Quer apostar?— Falou dando um passo em direção a cabine. Impedi sua passagem colocando meu corpo a frente do seu. Nossos rostos ficaram mais próximos do que o necessário, fazendo o clima ficar meio esquisito.

— Qual é o plano?— Perguntei quebrando a troca de olhares. Sinan olhou para o lado rapidamente.

— Vou trancá-los aqui— Disse simples. Retornei a olhar para ele confusa.

— Quem?— Questionei tentando não acreditar no que ele estava cogitando.

— A Burcu e o Kemal.— Disse de forma óbvia.

— Você enlouqueceu? Acha o que? Que eles do nada vão se apaixonar por ficarem presos dentro de um cubículo?— Indaguei achando aquilo um completo absurdo.

— Não, mas se pegar sim— Constatou me deixando ainda mais indignada.

— A Senhorita Burcu não é desse tipo, ela não ficaria com um cara tão arrogante— Expliquei sem querer manter a calma.

— Também não acho que o Senhor Kemal queira ficar com ela, mas temos que tentar acelerar as coisas— Disse de modo cínico.

— Acelerar algo que nunca vai acontecer? Sinceramente, vocês escolheram o pretendente mais difícil e insuportável— Falei expressando fúria.

— Não fui eu que decidi isso. Não podemos fazer nada se ele é o mais atraente— Concluiu passando a mão no cabelo disfarçadamente.

— Quem garante que ele é o mais atraente para ela?— Perguntei desafiando a escolha.

— Isso é meio óbvio. Já viu como ela olha pra ele?— Indagou de forma confiante.

— E como exatamente ela olha?— Devolvi a pergunta raivosa. Sinan não respondeu de imediato, pareceu refletir um pouco e depois olhou para os meus olhos. Ficamos em silêncio durante alguns segundos. De repente, a porta do banheiro foi aberta.

— Sinan? O que você está fazendo no banheiro feminino?— Isik perguntou estranhando a situação. Encarei a mesma sem saber o que responder.

— Vamos— Sinan comunicou ignorando a pergunta da garota, logo agarrando meu braço grosseiramente. Em seguida, ele fez o mesmo com Isik.

— Vocês ficam aqui enquanto eu vou chamar eles— Avisou nos deixando na porta de fora do banheiro. Isik fazia uma feição de dúvida e me fitava desconfiada. Seu olhar estava começando a me deixar realmente desconfortável.

Quando será que eu vou poder ir embora de vez?