One chance

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S/n Sadik

Dez minutos o cacete. Fui muito idiota de achar que eu poderia me livrar facilmente daquela espionagem tosca. Já se passaram mais de duas horas e eles ainda estão tentando me enrolar com essa história de que os "pombinhos" vão chegar em breve.

Trajar o uniforme também não está sendo confortável como eu esperava. Apesar de ser uma roupa mais comportada, suas mangas cumpridas impossibilitam a passagem de ar, ou seja, deixam um calor infernal. A cidade é muito quente nessa época do ano.

Eu batia o pé continuamente no chão, ocasionando um som repetitivo. Não vejo a hora de ir pra casa, ligar meu ar-condicionado e tirar essa camisa de botão brega.

Gente— Eda chamou mudando sua posição de tédio ao ver um carro passar pela rua. Que sejam eles, amém.

Já chegaram?— Osman perguntou esperançoso. Havíamos levado toda nossa atenção até o diálogo. Eda fitava o carro que passava com o farol ligado.

Não, alarme falso— Respondeu se jogando em seu assento frustrada. Kerem e eu demos suspiros cansados de maneira sincronizada.

Já é tarde, eu tenho que ir pra minha casa— Isik comunicou e não houve contestação. Olha a diferença de tratamento, pelo menos isso quer dizer que eu posso ir também.

Finalmente— Falei me levantando. Sinan e Kerem se entreolharam, logo repetindo minha ação. Osman viu que todos iriam, então fez o mesmo.

Depois você conta o que rolou— Sinan pediu enquanto nos retirávamos do quarto.

Aham— Eda concordou sem ter muita opção. Seguimos em fila atravessando os corredores, passamos pela sala e abrimos a porta que dava para o hall do elevador. Kerem apertou agilmente o botão.

Onde você mora?— Kerem me perguntou escorando na parede para aguardar.

Por que quer saber? Quer me sequestrar?— Questionei arregalando os olhos de maneira forçada. O elevador chegou assim que eu falei. Nós cinco entramos após a porta se abrir.

Perguntei porque pode ser perto da minha casa, está tarde— Explicou quando começou a descer.

Eu posso ir muito bem sozinha— Afirmei não querendo companhia durante o trajeto. Quem já se viu? Até parece que ele se preocupa comigo. Os outros encaravam nossa conversa com curiosidade.

Deixa de ser teimosa, diz logo— Pedi impaciente. Revirei os olhos e me dei por vencida.

Taksim— Falei o nome do bairro bufando. Todos se entreolharam rapidamente. Qual será o problema dessa vez?

Ui, então você é riquinha— Sinan presumiu se metendo aonde não foi chamado. Menino insuportável do caralho.

E você é sem noção— Adicionei dando um sorriso sarcástico.

Por sorte eu também moro lá— Kerem contou olhando em minha direção com deboche. Era só o que me faltava.

Claro que mora, seu pai é podre de rico— Sinan afirmou aparentando achar isso óbvio.

Concordo com a parte do podre— Disse amargurado. Pelo visto ele tem problemas com o pai. Sei como é uma merda, meus pais são separados desde que eu tinha dez anos.

Enfim, você vai comigo?— Questionou enquanto a porta do elevador se abria novamente.

Por acaso tenho escolha?— Indaguei sabendo do nível de insistência do garoto. Ele definitivamente não sabe ouvir um não.

Não— Garantiu saindo do espaço. Todos nos retiramos, logo caminhando até a parte de fora do prédio. Sinan nos encarava com uma cara de cu, se bem que essa é a feição dele naturalmente.

É... Acho que seguiremos caminhos opostos— Kerem percebeu vendo Isik, Sinan e Osman virando à direita assim que chegamos na área externa.

Tchau, galera— Kerem saudou antes de me puxar pra esquerda. Os demais se despediram em seguida, mas eu não fiz questão de repetir o ato.

Tem como pelos menos fingir estar um pouco animada?— Indagou ao andarmos na direção do nosso bairro.

Eu deveria estar "animada"?— Perguntei fazendo aspas com as mãos.

Olha, sei que você acha que eles não têm nada haver, mas dá uma chance— Pediu me encarando ao acompanhar meus passos.

A questão não sou eu, e sim o fato disso tudo ser uma perda de tempo— Enfatizei farta daquela historinha. De repente, pingos de água caíram do céu, se tornando uma chuva grossa.

Merda— Falei correndo para debaixo do ponto de ônibus mais próximo. Kerem fez o mesmo me seguindo na corrida. Paramos ao perceber que estávamos cobertos.

Ótimo, agora vamos ter que ficar de castigo esperando a chuva passar— Comemorei ironicamente e sentei em um dos assentos.

Dramática— Sussurrou se sentando no assento vizinho.

Diz isso porque não foi você que teve que ir contra gosto para um show cheio de bêbados e ainda ficar por horas esperando um casal que nem é um casal na casa de uma pessoa que não te suporta— Cuspi as palavras depressa num misto de raiva e rancor.

Ok, ok! Não tá mais aqui quem falou— Disse erguendo os braços em forma de rendição. Bufei revirando os olhos. Ficamos calados durante alguns segundos.

Voltando ao assunto... Dá uma chance— Repetiu olhando no fundo dos meus olhos. Franzi o cenho não compreendo seu objetivo em dizer aquilo. Eu achar que vai dar certo ou errado não vai influenciar no resultado final. Senhorita Burcu e Senhor Kemal que devem dar uma chance um para o outro.

Tá bom— Concordei querendo somente me livrar daquela repetição irritante, entretanto fui surpreendida por Kerem juntando nossos lábios e iniciando um beijo ágil. Não correspondi em nenhum momento. Mordi sua boca como modo de fazê-lo parar.

Ai!— Gemeu de dor após nos separarmos. Havia um pingo de sangue sobre seu lábio inferior.

Nunca mais ouse encostar em mim!— Ordenei vendo ele limpar o machucado. Saí do ponto e atravessei a rua enquanto me molhava inteira.

Ei! Ainda está chovendo!— Gritou lembrando do detalhe como se eu não houvesse percebido.

Fodasse a chuva!— Gritei de volta sem me virar.


Nem morta que eu vou passar mais um segundo perto desse maluco.

Love 101- Sinan and S/nOnde histórias criam vida. Descubra agora