Capítulo 10

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— Como é que é a história?! - Ele gritou se levantando da cadeira, seu feito ressoando pela sala de reuniões improvisada.

— Seriamente Keisuke, meio Japão já sabe disso nesse momento - Kyoko parecia entediada — Como você foi o último à saber? Até essa gema de ovo soube primeiro - Ela apontou para Takemichi meio encolhido na cadeira.

— Exatamente! Como vocês não me dizem uma coisa dessas?! - Ele parecia se sentir traído pelos amigos.

— Eu acho que foi porque você não teve tempo de pegar as informações no ar - Chifuyu falou com sabedoria — É por isso que eu digo que é bom ficar atento.

— Você só é atento demais, não é, Chifuyu? - Takemichi parecia meio perdido.

— Bem, isso já não importa - Hayato se levantou — Vamos logo, molengas.

— Quem 'cê tá chamando de molenga aí?!

[...]

A reunião que anunciava formalmente o fim da aliança já tinha terminado, boa parte já tinha ido embora, - inclusive alguns comandantes - mas Mikey segurou os mais importantes para resolver outra coisa.

— Isso é sério? - Você parecia que iria correr a qualquer momento.

— Aguente, tudo o que resta à nós é aguentar - Ayume repetiu para si mesma tentando controlar o impulso de correr.

— Não exagerem no drama, por favor - Hayato desistiu do cigarro o pagando com sua bota.

— E por que diz isso olhando para mim? Eu não sou a única aqui! - Você se indignou com o olhar que recebia.

— Ela não é de arrumar confusão igual você - Hayato não usou meias palavras.

— Por que você não vai ver se eu tô na esquina?

Hayato revirou os olhos.

— Podem por favor parar? Parecem duas crianças - Ayume disse serena, mesmo que a veia que saltava em sua testa estivesse contradizendo isso.

— Vamos lá - Baji tentou melhorar os ânimos ao se encontrar no topo da escadaria do templo.

— O que poderia acontecer, não é? - Takemichi resmungou com um sorriso nervoso.

Mikey estava sentando no primeiro degrau no topo do templo, o casaco pendurado em seus ombros voando com a brisa.

Draken estava nervoso, mesmo com os braços cruzados, olhos estreitos e aura de quem poderia assassinar alguém não demonstrasse isso.

Emma, que tinha ido lá só para distrair não esperava que seu irmão fosse agir assim, por isso seus olhos só estavam em direção ao fim da escadaria, só querendo ir embora.

E os outros comandantes estavam espalhados por aquela plataforma. Mitsuya tinha um sorriso estranhamente solidário ao olhar para você, como se estivesse tentando mostrar apoio pelo olhar.

Qual era o problema daquela gente?

Emma agora aparentava querer sair correndo de qualquer jeito enquanto se levantava e ficava cara a cara com você e Ayume. Tudo perecia uma série cujo os mafiosos principais se encaravam esperando quem começaria atirando.

Ah! Como você odiava ser o centro das atenções, mas se tava ruim para você imagine para Ayume, que sendo uma figura respeitável agora tinha fama de corna.

Inacreditável!

Já não bastava toda essa situação ridícula, tudo ainda tinha que ser mediado por Mikey e ter vários outros que pareciam mais interessados em entretenimento.

Draken tinha aguentado Mikey o olhando estranho por muito tempo, mas nada se comparava com essa situação agora. O loiro nunca tinha sentido uma vontade tão grande de se enterrar no chão.

Ele sabia que iria encontrar Ayume naquela reunião, já havia decorado um texto de desculpa, mas uma coisa é imaginar e outra muito diferente é a realidade fora da imaginação.

Mikey suspirou ao ver o clima pesar então decidiu que era ele que tinha que iniciar aquela conversa desagradável.

Mikey limpou a garganta, chamando atenção dos alheios — Acho que temos algo para resolver, não é? Ayume, [Nome], Draken e Emma.

Por um segundo você lembrou de sua professora ao chamar para diretoria.

— Puta que pariu - Falou por reflexo ao lembrar do olhar da professora que tanto desprezava, todos tinham que ter uma aura tão autoritária?

Naquele momento o seu respeito por Manjiro cresceu. Mikey não era só um líder, ele agia como líder e pensava como líder.

Ayume era uma criança comparada a experiência e liderança daquele cara.

— Primeiramente, o que diabos aconteceu?

Mikey estava aprendendo que odiava essas situações.

[...]

O som do motor parou e a garotinha desceu da moto e tirou o capacete entregando para uma outra garota mais velha.

— O que estamos fazendo aqui? - Ela perguntou, seu tom sombrio para uma criança de doze anos.

— Viemos ver meu amigo - Ela respondeu gentilmente enquanto descia da moto — Vamos, não faça essa cara [Nome], ele não morde.

— Eu não tenho interesse em conhecer seus amigos - Respondeu friamente — Preciso encontrar uma pessoa.

— Certo, você faz isso depois e... Olha ele lá! Ei, Shinichiro!

Um moreno apareceu, seus olhos tão escuros quanto seus cabelos e um sorriso muito gentil.

— Ei! E quem é essa aqui? - Ele perguntou se inclinado para ficar na mesma altura que você.

— Não te interessa - Respondeu grosseira — Eu vou comprar um sorvete - Não pediu permissão enquanto se afastava dali.

— Caramba! Cabe tanto ódio em uma garota desse tamanho - Ele brincou se virando para sua amiga — Então, quem é ela?

— Uma garotinha que eu conheci tem um tempo, passa a maior parte sozinha e quase não tem nada para distrai-la como qualquer criança - Ela deu um suspiro cansado.

— E os pais dela? - Ele perguntou vendo o quanto a amiga parecia no limite.

— Sei que não tem mãe e o pai parece quase não pisar em casa - Ela desviou o olhar — Pelo o que eu sei ele tem outra família.

Shinichiro pareceu em choque com essa nova informação, ele se perguntava se você sabia disso.

— E por que ela parece tão sombria? - Ele se virou na direção em que você saiu.

— Eu não sei - Respondeu sinceramente — E não acho que ela vá me dizer.

— Acho que eu poderia apresentar ela pro meu irmãozinho - O moreno sorriu esperançoso — Talvez ela precise de amigos.

— Seu irmãozinho é louco, Sano.

— Não digo o Mikey - Ele disse meio emburrado pela forma que ela falou de seu irmão — Eu digo o Izana.

— Aquele que você quer adotar? Francamente Shinichiro, você vive querendo adotar pirralhos pela rua.

— Você fala como se não estivesse fazendo o mesmo - Ele riu.

— A [Nome] é diferente - Cruzou os braços — Ela precisa de apoio e você sabe.

— O Izana também - Ele retrucou.

Um pouco mais distante, você estava sentada num banquinho da praça enquanto tomava seu sorvete.

Seu sangue fervia de vontade de sair correndo para tentar procurar mais respostas você mesmo. No entanto, naquele momento você só conseguia pensar numa coisa:

— Velho desgraçado, espero que morra logo - Sussurrou cruelmente ao vento, olhos injetados em ódio — E pague no inferno tudo que faz.

Talvez você já soubesse demais.

Beautiful Lady - Emma Sano.Onde histórias criam vida. Descubra agora