Capítulo 3

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O tribunal em que Mariana trabalhava era um conjunto de três prédios altos, imponentes, com paredes revestidas em granito marrom-imperial, o que causava bastante impacto visual, apesar de ficar em uma rua pouco movimentada do centro. Mariana trabalhava ali desde janeiro de 2012, sempre na área de Recursos Humanos. No prédio, a aura de formalidade e austeridade, que assustava quem não estivesse acostumado com tais ritos, também a impressionara inicialmente, mas aos poucos foi se acostumando e a imponência inicial já não lhe parecia mais tão marcante, embora ainda pairasse no ar a formalidade exacerbada de uma Corte.

Ela conhecia cada pedacinho daquele lugar, cada um dos servidores... Transitava livremente por todas as salas e era sempre bem recebida, pois sempre levava notícias importantes e positivas aos servidores. Ela gostava muito de trabalhar ali e se sentia acolhida. Mas nos últimos meses, triste por achar que seus problemas pessoais nunca teriam uma solução, viu sua motivação ruindo. Mas, naquele dia, ela estava diferente. O sonho que tivera na madrugada lhe dera ânimo. Subiu os degraus da entrada, atravessou a porta automática que dava acesso a um amplo saguão, com piso em mármore bege-bahia, onde ficava o extenso balcão de pedra com formato em U, ocupado pelas recepcionistas que faziam o credenciamento dos visitantes. Cumprimentou o sempre simpático Josué, vigilante que trabalhava na portaria. Cumprimentou também as recepcionistas e rumou em direção às catracas eletrônicas que ficavam à esquerda, onde registrou o ponto.

Em seguida, subiu as escadas em direção ao andar ocupado pela Superintendência de Recursos Humanos, cuja área administrativa ocupava metade do andar, em quatro salas separadas por paredes com metade inferior de divisória em tom areia e metade superior em vidro, possibilitando uma visão ampla da repartição.

A primeira sala era ocupada pelos servidores que compunham a equipe do Setor de Pessoal. À esquerda ficava outra sala que abrigava o Setor de Folha de Pagamento. À direita, havia uma sala menor com 2 ilhas de trabalho, ocupadas pelo Setor de Políticas de RH, Saúde e Qualidade de Vida, onde Mariana trabalhava. O Setor era responsável pela identificação de competências, avaliação de estágio probatório, avaliação de desempenho, elaboração de políticas, projetos e programas para o desenvolvimento de pessoas, saúde e qualidade de vida, além de promover a comunicação direta aos servidores, estagiários e menores aprendizes. A Superintendência, com duas salas destinadas à secretária e ao superintendente, respectivamente, ficava ao fundo.

Na outra metade do andar, ficava a área de Saúde e Bem-estar, composta pelo ambulatório médico e cinco consultórios, para atendimento dentário, psicológico e fisioterápico dos servidores do Tribunal. Por fim, a copa e duas salas de reunião, que ficavam mais ao fundo.

Mariana rumou em direção à área administrativa, abriu a porta principal, passou em cada setor, cumprimentou todos os colegas de lotação, inclusive seu chefe Marco Aurélio, seguindo para sua mesa de trabalho no Setor de Políticas de RH, Saúde e Qualidade de Vida.

Horas mais tarde, Mariana continuava pensativa. Não conseguia sequer esquecer aquele sonho. Tinha voltado de uma longa reunião, que começou no início do expediente e alongou-se até às dez da manhã, para discutir o novo regulamento para acompanhamento e realização das avaliações de estágio probatório de novos concursados que seriam empossados no segundo semestre.

—*—

Laura, sua amiga e confidente, a observava, da mesa em frente, notando seu ar distraído. Laura já era uma senhora, com idade para ser sua mãe, mas como trabalhavam juntas há 8 anos, tornaram-se amigas desde que Mariana tomou posse no Tribunal e foi lotada na Superintendência de Recursos Humanos. Ela era psicóloga e trabalhava diretamente com Mariana na área de desenvolvimento profissional, saúde e qualidade de vida, onde elaboravam políticas, projetos e programas que norteavam os trabalhos da área de Saúde e Bem-estar.

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