Reconstruindo o Destino [Degustação: DISPONÍVEL NA AMAZON]

Capítulo 8

Após o choro, Mariana tentou colocar as ideias em ordem, não podia se deixar abater. Como aprendeu na universidade de Administração, analisou o cenário e decidiu que era hora de mudar o percurso. Ela não ia esperar até o dia seguinte para fugir. Não mesmo! Iria pegar a estrada naquele momento.

Foi ao banheiro, amarrou o cabelo, lavou o rosto. Pegou uma pequena bolsa e nela colocou uma garrafa d'água. No armário pegou alguns biscoitos, para o caso de precisar comer algo na estrada. Iria percorrer ao todo 1.573 km até Florianópolis. Queria tentar rodar o máximo que conseguisse ainda naquele dia, antes do anoitecer. Havia decidido não viajar à noite. Pegou a mala e a caixa de documentos. Em seguida pegou a bolsa, conferiu a carteira, dinheiro, cartões, tudo ali. Decidiu abastecer e calibrar os pneus no caminho. Trancou o apartamento e seguiu para o elevador. Desceu até a garagem, colocou a bagagem no porta-malas, a bolsa, a sacola com biscoitos e a caixa de documentos no banco de trás.

Sentou-se no banco do motorista, ajustou o banco e os retrovisores, tudo pronto! Olhou para o lado e viu o porta-luvas aberto e alguns papéis que caíram no momento em que puxou o envelope de Vinícius. Abaixou-se para pegar e jogar tudo no porta-luvas onde estavam guardados, quando um papel específico lhe chamou a atenção: "Oh meu Deus! Era uma nota fiscal de um rastreador que ele havia colocado no carro dela!!!" Entrou em pânico novamente! "Desgraçado!" A data da nota fiscal era do dia anterior. Na certa ele havia desconfiado de algo e teria mandado colocar o rastreador um dia antes de viajar.

—Idiota! Como eu fui idiota! – gritou consigo mesma inconformada com o que havia constatado.

Em seu desespero, encostou a cabeça no volante e ia chorar novamente... parou, pensou... pensou e decidiu recalcular a rota! Não ia se deixar abater! Não mesmo! Se não podia ir com o carro dela, iria alugar um carro! Ótimo! Não havia tempo a perder!

Desceu apressada, retirou suas coisas do carro e seguiu arrastando a mala em direção à Portaria. Na pressa nem se importou para a sacola com biscoitos e a água. Pegou o celular na bolsa, chamou um carro pelo aplicativo e seguiu com destino a uma locadora de veículos. Chegando na locadora, desceu suas coisas, aguardou atendimento e escolheu o carro. Queria um carro pequeno, ágil, porém seguro e confortável. Iria percorrer uma longa distância, logo, esses predicados fariam a diferença. Optou por um HB20 pelo conforto, segurança e economia. "Era perfeito!" Informou que devolveria o carro em Florianópolis, aceitou os termos e condições para devolução do carro em outro Estado, concordou com todas as exigências, todas essas coisas de praxe na hora da locação de veículos. Fez todo o cadastro e estava tudo indo bem, porém no momento que entregou sua habilitação para a atendente foi surpreendida:

—Senhora, infelizmente não poderemos concluir sua locação, pois sua CNH será cancelada por excesso de pontuação. – disse a atendente.

—Como?? – perguntou ela perplexa.

—Isso mesmo! A senhora tem um total de 63 pontos, enquanto o total máximo para perda da CNH é de 20 pontos. Como a senhora pretende sair do Estado, com certeza passará em alguma barreira da Polícia Rodoviária Federal e será impedida de seguir viagem. Por essa razão, não poderemos concluir a locação.

—Não acredito! Esses pontos não são meus! – falou indignada.

—Bom, sendo assim a senhora deveria transferir os pontos para o responsável. Mas enquanto estiverem lançados em sua CNH, não poderemos autorizar a locação. Sinto muito!

—Oh Deus! Não acredito!!! – desesperada, desabou no sofá que estava atrás de si, berrando: —Desgraçado! Desgraçado! – colocou as mãos no rosto para conter o choro em total desespero. —Fodeu a minha vida nos últimos 8 anos e até quando tento me livrar de você, me fode mais!!!