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A música ecoava por todos os centímetros de meu quarto. Onde notas de guitarra e solos de bateria oscilavam pelo espaço, e Dan Reynolds, gritava ritmicamente os tons altos de Monster, enquanto sua voz mudava como uma metamorfose a cada estrofe, ganhando um tom doce e melancólico ou gritos de intensa dor. Esses que me lembra dos meus, que estão presos em minha garganta por não ter coragem suficiente de os libertar e encarar as consequências de cabeça erguida.

Eu sinto que essa melódia, resume muito do que eu sou. Da garota que prefere ocultar das pessoas o que realmente pensa, ocultar seus medos e suas vitórias. Eu não conheço ninguém capaz de confiar tudo isso, e que não se distancie como os outros fizeram.

A voz do vocalista do Imagine Dragons traz dos escombros do meu passado recordações, até dos mínimos detalhes, como quanto meu pai soltou a bicicleta e me deixou andar por si só, sem o apoio das rodinhas. Meu primeiro gostinho de liberdade, cabelos soltos no ar e dos olhos cerrados e objetivos naquele caminho ladrilhado da pracinha onde costumávamos ir.

Eu nunca fui a mesma desde que Joseph (meu pai), se mudou para a europa.

Já não era tão meiga quanto um dia já fui, isso só dava mais espaço para um sentimento estranho de recusa em ficar próxima de minha mãe. Joseph a abandonou, com cargas superiores das que eu achava que ela podia aguentar. Mas ela se ergueu como uma salvadora da pátria.

um dia após o outro, me pegava escutando ela chorar escondida em seu quarto, talvez por querer parecer forte e capaz diante de meu irmão e eu. Ou somente por querer que crianças não assumissem seus sentimentos de ódio pelo pai, mesmo ele sendo um completo cafajeste.

Foi no outono em uma das viagens de Joseph. A mais longas de toda sua carga extra na empresa de cerâmicas de Sydney. Lembro-me de pedir todas as noites que ele ficasse bem, e quando o mesmo voltou eu só queria que a vida fodesse ele.

Sua viagem se resumiu nos momentos que se divertiu com outra mulher que não fosse minha mãe. Mas ele foi descoberto.
E isso mudou tudo, nada justificava, aquilo que ele estava causando em nossas vidas, em como destruía nosso convívio familiar, chegando bêbado de madrugada, batendo em Thalia (minha mãe).

Lembro-me de chorar abraçada a ele, depois que o mesmo nos reuniu junto com minha mãe para um comunicado. Eles estavam se divorciando, e papai se mudaria para a europa.

Acordei de meus pensamentos com a água gélida descendo sobre meu corpo. O chuveiro não suportou levar essas lembranças na água morna que antes caia, ralo abaixo. Recolhi minha toalha, e saí do banheiro jogando a mesma em algum canto, enquanto trancava a porta logo em seguida.

Vesti uma lingerie preta e deitei sobre a cama, em cima das cobertas enquanto olhava pela janela Luke e Ashton apostando o que me parece uma corrida com Calum e Michael em suas costas, respectivamente.

[...]

O relogio marcava 14:00.

Vesti rapidamente uma blusa larga de mangas azuis, dos Ramones, e um short desfiado junto com um vans vermelho sangue.

Casey ficaria uma fera por não chegar nunca no horário que marcamos mas o que importava é que mesmo o assunto que a interessa ser Luke hemmings, eu iria.

Peguei minhas cópias da chave da porta de entrada, saindo logo em seguida.

-Halley Johnson quanto tempo!- escutei uma voz irônica atrás de mim, e virei logo que indentifiquei o dono. Ryan.

- O que faz aqui? - perguntei

- Calma não vim por você...- disse fitando minhas pernas- mesmo que olhando você agora eu sinta saudades de nosso tempo juntos.

UnbrokenOnde histórias criam vida. Descubra agora