Zubbermann

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As aulas seguintes a de literatura passaram mais rápido do que eu esperava. O sinal de término já tinha tocado a alguns minutos enquanto eu travava uma batalha com meus materiais entre eles: cadernos, estojos escolares e mais cadernos.
A mochila parecia extremamente pequena em comparação a quando passei essa manhã pelo portão do WS, possivelmente pelo tanto de lição passada pela professora de ciências sociais Raquel Zubbermann.

-Droga!- resmunguei

Ciências sociais. A matéria mais sem sentido que o WS adotou ao colegial, principalmente a alunos de 2° ano médio, que estão a 2 anos de decidir qual caminho vão trilhar no futuro ou se terão um. Esses que passaram um pouco mais de uma década julgando, se escondendo, sendo estúpidos ao extremo. Eu me incluo nessa extensa lista, quer dizer se em 10 anos nós não mudamos, porque mudariamos agora?

Mas voltando ao que realmente interessa, Zubbermann é quase um führer (chefe), uma verdadeira ditadora que coloca sua matéria como o topo da cadeia alimentar do ensino médio. Principalmente depois que Dawídh (leia: David) nosso diretor, de nome radicalmente mal escrito, fez um comunicado sobre os altos investimentos do WS, como sempre recitando seu discurso de 23 páginas e 100 tópicos de porque está cortando tantas matérias e atividades extracurriculares. Aquele foi um dia e tanto, as líderes de torcida choravam como se alguns saltos para cá, uns gritinhos para lá, mudassem muito da situação do mundo. É, elas foram cortadas assim como os alunos na área de robótica, que passaram de um laboratório no segundo andar para um porão escuro, pequeno e mal arejado.

O pior foi ter que consolar uma. Casey chorou durante uma semana, enquanto tentava me explicar o porquê de um grupo de meninas ser tão importante para sua popularidade e para seu pseudo namoro com Calum Hood, um moreno, que diz não ser asiático, mas tem cara de um. Digo isso pelos olhos puxados e negros, tão pretos que sua iris desaparece no mar de piche que são.
Não nos falamos verdadeiramente, quer dizer eu nunca falei mais do que "Oi" e "Até mais" com o mesmo, afinal ele era problema. Problema como Luke hemmings, mesmo assim o que realmente me incomoda é que o namoro dos dois inclua que a minha volta para casa seja cansativa e mal cheirosa, já que minha carona sempre vai por água abaixo.

Sim, Casey me abandonava em uma caminhada de uns 300 metros ate minha casa. Todos os dias, inclusive hoje.

(...)

Porque eu fui reclamar do maldito tempo de Sydney?

Meus pés estavam literalmente pisando em brasas dentro de um all star preto cano longo. Longo, na altura do final da canela, o famoso "converse". Enfim, a mochila pesava, o cabelo armava e o suor descia. E para completar, Minha perna latejava ainda pelo corte recente, enquanto eu caminhava rumo a minha casa, discando o número da pizzaria mais próxima, que provavelmente ou esta me ignorando ou estava em seu dia de maior movimento já que sempre caía na caixa de mensagem.

> 200 metros mais próximo

Thalia, minha mãe, tirava alguns dias para resolver assuntos da empresa em que trabalha que geralmente eram as quartas e quintas, mas os negócios não iam nada bem, fazendo ela dobrar suas horas de trabalho, já que o valor comercial da empresa caiu 33% em 6 meses.
Isso incluía longas conversas, onde ela falava comigo sobre seu trabalho e eu fingia captar tudo, até me arriscava em dá opiniões.

Sobretudo viajar a países vizinhos em busca de investidores e deixar Matt e eu, ficarmos sozinhos dentro de uma mesma casa, é uma ideia absurda, já que quase explodimos o microondas da ultima vez.

Quem ia saber que tupperware de plástico não pode colocar no microondas?

> 150 metros mais próximo

Minha perna latejava como se eu tivesse posto sal no ferimento. Aquilo doía pra cacete, e ter de apoiar não só o meu peso como também o da mochila piorava tudo.

>100 metros mais próximo

- Hey, Johnson!- ouvi um " grito" abafado. Olhei ao redor e vi que o audi r8 preto que presumi ser de Luke estava parado no outro lado da rua.

Eu estava "puta" com ele, simplesmente chateada. Sem motivo? Talvez, mas ele era tão bipolar que as vezes me tirava do sério (leiam: sempre me tirava do sério).

-Hey Hey - gritou novamente, não parei para olhar antes, mas aquela voz parecia ser diferente da voz grossa e irônica de Luke Hemmings. virei o rosto e vi um cara de cabelos compridos na altura dos ombros, também loiro. Não era Luke.

-Ashton?- disse em um sussurro atravessando para o outro lado da rua onde o carro estava estacionado. Irwin saiu de dentro do audi e me cumprimentou com um abraço.

-Quer uma carona?- disse de imediato- Luke saiu com Calum e Casey e deixou essa máquina comigo- disse acariciando o capô do carro.

Calum, Luke e Casey. Não daria boa coisa!

- Claro, não sendo o Hemmings, aceito até do Chuck Fillimps.- ele riu, e por Zeus que risada mais estranha!

Ashton é o único no grupinho de bad boys de Luke que é legal e muito lindo ao mesmo tempo, Ele tem um sorriso cintilante e sempre está sorrindo. Fora o Clifford, ele é o único que vale a pena.

Analisei-o de cima a baixo, sabendo que não olhar para ele é impossível!
Ash vestia uma camisa do the rolling stones com buracos propositais e uma calça preta extremamente colada. E que pernas!

- Só temos que espera o Michael, sabe como é, ele não pode ver GameCube.

Gamecube é uma famosa loja de consoles, entre outras coisas de vídeo games. Michael é extremamente viciado em games assim como é viciado em pizza. Sei disso porque ano passado o convidei para uma pequena reunião para não deixar meu aniversario passar em branco.

Estava tudo perfeito até minha mãe aparecer com uma receita nova que ela mesmo havia criado. Aquilo era monstruoso!
A comida estava péssima, do tipo que não passa pela garganta mesmo você tampando o nariz ou fazendo algo do tipo. Depois de jogarmos toda a comida para Toy, meu cachorro, sem minha mãe ver, pedimos uma pizza tamanho familia, calabresa, 4 queijos e outros sabores que não me recordo. Enfim Michael comeu metade da pizza sozinho e mais 5 copos de red bull com refrigerante.

-Johnsooon!- gritou uma figura de cabelos loiros, próximos do tom branco, algo tipo platinado vindo correndo e me abraçando no ar. Ri abafado no seu pescoço enquanto o mesmo distribuía beijos e mais beijos na minha bochecha.

-Mike, quem diria cabelo novo?

-Sim minha smurf!- disse passando um braço sobre meu ombro.- estava cansado do azul e ele ficou bastante gay depois que desbotou!- ri

-Chega dessa cena de amor vocês dois!- disse ash emburrado.- Vamos!- corri até ele e dei um beijo babado.

-Meu Deus, Halley, acho que beijo de língua se dá na boca. Que nojo!- disse Michael fazendo careta.- rimos

- Vamos, mas antes podemos comer alguma coisa?- disse fazendo carinha de cachorro que cai da mudança- Minha mãe não está em casa e eu sou um terror na cozinha. Diz que sim?

- Tudo bem.- disse ash, enquanto Michael fazia uma dancinha como comemoração.

(...)

UnbrokenOnde histórias criam vida. Descubra agora