O céu nunca foi tão escuro quanto estava agora. As estrelas davam espaço para dois faróis azuis (olhos de luke) iluminados somente pelas lanternas frontais do audi r8, estacionado de qualquer jeito na rua. Luke olhava seus punhos e o roxo no meu braço, como se não acreditasse que aquele momento tinha acontecido.
O homem do capuz estava sobre o chão com um lençol avermelhado de sangue abaixo de sua boca. Seus olhos estavam fechados, seus finos lábios entre abertos, e o capuz já não cobria seu rosto.
Sua fisionomia era de um garoto de nossa idade entre 17 e 19 anos, moreno, magro e com a barba pra fazer, mas o que o diferenciava é sua tatuagem no canto do rosto na forma de um escorpião.
- Luke.. Ele morreu? - perguntei.
Lágrimas já corriam pelas dimensões do meu rosto, não por aquele pobre corpo, afinal aquilo não se passava de carne, mas sim pela sua essência, a essência que todos temos e que muitas vezes a quebramos em mil pedaços quando fazemos tudo ao avesso. Não acredito na existência de linha tênue para o bem tampouco para o mal ou entre os dois, mas sempre tem uma forma de colar os pedacinhos e voltar atrás de nossas antigas escolhas, mesmo que os pedaços pareçam minúsculos. Não estou dizendo que o perdôo, não consigo esse feito, mas espero que ele volte atrás e se arrependa. Seja uma pessoa melhor.- Não pode Halley- cortou o silencio vindo em minha direção estando ainda um pouco desorientado ele me abraçava forte senti que minhas costelas fossem sair a qualquer momento por seus braços, mas em si foi um abraço reconfortante, tanto pra mim quanto para Luke. Eu senti que ele também chorava, por seu corpo estar tremendo como as badaladas de um relógio e seus pulmões procuravam o ar assim como os meus, mas ele se tornava escasso a cada arfada enquanto tentamos nos manter em equilíbrio em conjunto .- Halley, o que eu fiz?- suas lágrimas molhavam meus ombros nús.
- Luke olha pra mim!- disse entre arfadas- eu não estaria aqui se não fosse você. Por favor não chora!- quando se pede a alguém, para não chorar inconscientemente ela faz o inverso, e foi assim com Hemmings e até comigo mesma.
Ele voltou a me abraçar, e eu passava minhas mãos no couro fino de sua jaqueta. Seus braços eram meu refúgio.
Luke olhou novamente em meus olhos dedicando vários minutos a eles e envolveu minha mandíbula com as palmas das mãos dando um beijo na superfície da minha testa.- Halley Johnson..-Psiu..- coloquei o dedo indicador sobre seus lábio, fazendo ele voltar com suas palavras jogadas no ar.
A próxima sensação foi um gélido objeto quebrando em um choque térmico, a temperatura dos lábios mornos de Luke. Seu piercing.
Ele me beijava como se tudo fosse acabar depois que nossos lábios separassem, e eu também sentia isso. Enlacei meus braços no seu pescoço para prolonga-lo, massageando seus cabelos dourados, e me entregando por completo ao sabor de menta e chocolate típico do alito de Hemmings, o sabor que nunca achei que provaria ou mesmo gostaria de sentir. Ele abraçava minha cintura, enquanto seus lábios se movimentavam incentivando os meus. Nossos olhos estavam fechados, e achei que pequenos vagalumes deixavam minha visão embaçada, o encomodo fez eu o abri-los assim como luke, mas não era vagalumes e sim luzes avermelhadas, elas também carregavam um tom de azul, e se multiplicaram em questão de segundos. Nos soltamos vendo oficiais saírem dos carros.
- Vamos os dois!- disse um oficial uniformizado ao nosso encalço. Luke logo abraçou minha cintura. Olhei na direção da mancha de sangue e o homem já não estava por lá.
[...]
** Luke Hemmings**
Os oficiais me levaram a uma sala com uma luz amarelada e duas cadeiras postas frente a frente separadas somente por uma mesa.
- Sou Maxx Smith.- se apresentou.- o senhor é Luke Robert Hemmings, estou certo?- disse um homem alto e de pele escura entrando na sala e se sentando na cadeira vaga, a minha frente. Ele tinha vários papéis nas mãos, tentei me concentrar em não criar hipóteses de um daqueles ser a chave de cadeia pra mim. Acenei a cabeça em confirmação do meu nome.- pode explicar o que aconteceu? - disse erguendo seus óculos.
- Estava voltando para casa quando vi a garota ser atacada por aquele cara, sai do carro, tentei fazer ele soltar ela, mas ele tinha uma faca apontada, foi rápido em questão de segundos eu estava rolando com ele no chão.
- Você conhece a vítima?
- Sim, ela é minha vizinha. Halley Johnson, estudamos no mesmo colégio desde que me conheço por gente- finalizei.
- Encontramos no seu carro uma porção de drogas, garoto. - disse- A quantidade é de consumo próprio essa é sua sorte, algumas gramas a mais e você seria preso mesmo sendo a vítima. Creio que não é traficante ou é?
A droga. Eu havia esquecido completamente que tinha recebido a maldita droga.
- Não sou, eu uso.-falei- Ainda existe chance de eu ser preso Doutor, pelo o que aconteceu?
- Vamos averiguar as câmeras de segurança, mas seu histórico é limpo, você não tem antecedentes criminais e como disse a droga não é em grande quantidade e como você defendeu a senhorita Johnson não tem porque ser preso.
- E o assaltante...- dei uma pausa- Ele morreu?
- Por muito pouco não. Ele teve um desmaio momentâneo, nada tão grave.
Soltei o ar que estava a tempos preso em meus pulmões. Ele não morreu, eu não o matei mesmo que meus instintos no momento em que o vi apontando a faca para Halley me mandassem.
Depois de mais algumas perguntas sai da sala, me sentando em um banco de concreto, ao lado de alguns policiais que tagarelavam enquanto comiam rosquinhas doces. Halley passou por mim, ainda com os olhos inchados das lágrimas que derramou, mesmo assim tentou o melhor sorriso que poderia dar naquele momento, a retribui e logo em seguida ela desapareceu no corredor rumo a sala pra depôr sobre o ocorrido.
Fechei os olhos por um segundo e as cenas voltaram a me atormentar: Halley chorando com uma faca apontada em seu corpo, ela que pronunciava o meu nome em seu tom mais baixo;
Sua descrença quando recuei alguns passos;Sobretudo quando nos beijamos, e senti seus lábios quentes em contato com os meus, eu só desejava que aquele momento se prolongasse porque ali os problemas que me rodeiam já não faziam efeito algum, como o dia em que vimos Halley, o cometa, eu me senti tão sã ao seu lado que poderia eternizar aquele momento.
Eu tão errado, e ela o antídoto dos meus defeitos.
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Unbroken
Acak"Você é o antídoto dos meus defeitos" O que você faria se seu vizinho um completo idiota, que já não falava com você a anos de repente ressurge e faz a cada sorriso, a cada olhar, você voltar atrás de tudo o que um dia pensou a seu respeito. -Eu ten...