IV

8.7K 506 24
                                    

- Eu estou avisando, se invadirem meu quarto mais uma vez eu vou matar vocês! – Bethany gritou e três crianças saíram correndo rindo.

Ri da situação, depois de cinco anos ela continuava a mesma adolescente louca de quando a conheci na farmácia.

- Mamãe! – Sai correndo até o estábulo onde Antônio gritava. – Mamãe!

- O que foi Antônio? – Ele me mostrou o joelho sangrando. – Como foi desta vez? – Me ajoelhei.

- Foi sua culpa desta vez, esqueceu-se de amarrar meu cadarço.

- Está na hora de aprender amarrar o cadarço, desculpa querido estava resolvendo problemas do Rota. – Peguei-o no colo. – Ai que pesado, está na hora de fazer uma dieta para os ossos, pois estão muito pesados. – Ele riu.

- Opa, quer ajuda? – Fábio o pegou de meu colo. – E ai campeão, se machucou de novo?

- No mesmo lugar papai.

- Antônio. – Repreendi-o.

- Desculpe.

- Sem problemas, vamos fazer um curativo nesse joelho.

Feliz aniversário, querida. Amo-te. – Nat.

Ele não havia esquecido, nos últimos cinco anos ele me manda uma mensagem enorme de aniversário declarando seu amor. O único que lembrou do meu aniversário. Mas este ano ele estava frio, talvez tenha arranjado outra, talvez ele esteja sendo feliz.

- Um dia vou ser bem forte, que nem você.

- Por quê? – Perguntei enquanto colocava um band-aid em seu joelho finalizando o curativo

- Olha como ele é forte, não deve sentir dor. – Fábio riu.

- Venha, vou te levar na escola. – Ajudei-o a levantar. – Olha só a sua cor, sujou todo o uniforme. Vai ir assim mesmo que agora não dá mais tempo.

Após leva-lo a escola fui para casa limpa-la. Odeio fazer faxina, mas quando se põem um rock no último volume, você pega o rodo e a vassoura e desconto todo o stress da semana no chão, o que acaba deixando-o limpo.

O volume diminui e eu fui até a sala ver o que tinha acontecido.

- Precisamos conversar.

- Bethany, eu estou no meio da faxina. – Ela levantou um livro. – O que é isso?

- Seu diário, eu encontrei na mochila do Antônio junto com este desenho.

Sentei-me no balcão da cozinha pegando o desenho de sua mão. É um desenho típico de criança quando se tem pai e mãe. Ele havia desenhado Nat e eu segurando sua mão, com um sol sorrindo e nuvens com cabelo.

- Alê, conte para ele sobre o pai.

- Eu não vou contar sobre o Nathan, se ele quiser ir atrás do pai ele vai correr perigo. – Peguei o diário de sua mão. – Não posso deixar que ele corra perigo.

- Nat vive te mandando mensagem te procurando, por que não acredita nele?

- Minha mãe disse que Andrew está rondando o Queens, pois eu o denuncie no hospital.

- Acha que se ele estivesse atrás de você ele já não teria vindo ao Brasil?

- É por isso que mudei todo o meu visual, estou cheia de tatuagens, loira e com um filho, além de ser dona de um bar.

- Tudo bem, eu desisto. Faça o que bem entender, só não venha choramingar arrependida.

Bethany se levantou e saiu avisando que estaria no bar. Abri o diário, as folhas já estavam amarelando, ri com a minha tolice de colar o papel do bombom que Robert tinha me dado no colégio, dois dias depois ele apareceu com o olho roxo disse que Nathan teve ciúmes e não acreditei.

Meu Segredo (não revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora