VII

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- Alessandra está me ouvindo?

- Desculpa Lucy, eu estou com problemas pessoais e estava pensando em como resolver.

- É o casamento? Amiga é normal ter briga no casamento, mas se quer um conselho...

- Lucy, eu não sou casada. – Interrompi-a. – Eu e Nathan moramos juntos por conta do Antônio.

- Vai dizer que não acontece nada entre vocês?

- Desde que cheguei nos beijamos três vezes, mas só. E meus problemas não são esses.

- Por que não se casam logo?

- Nathan é pediatra e eu sou apenas a mãe do filho dele que está fazendo faculdade com vinte e três anos e morando de favor na casa dele. Ele pode ter todas as mulheres do mundo.

- Mas nenhuma é Alessandra Ayeska, seu pai é empresário e você está fazendo faculdade de moda e tem um filho lindo com ele.

Ignorei-a caminhando até a cantina da faculdade. Nathan e eu já havíamos conversado sobre isso, estamos morando juntos para que Antônio nos tenha por perto, e que não precisemos entrar em acordo judicial para saber em quais dias Antônio fica com o pai ou com a mãe. Nat está pagando a minha faculdade também e disse que para habituarmos com os horários do trabalho e faculdade seria melhor assim.

Confesso que não está sendo fácil morar na mesma casa que ele, normalmente brigamos por responsabilidades e sempre acabo o culpando sobre o passado. Por exemplo, hoje, após deixarmos Antônio com a babá e ele me dar carona até a faculdade discutíamos sobre o Andrew, e sobre a aposta.

Uma buzina de carro fez interromper meus pensamentos.

- Tchau Lucy, até amanhã.

- Não se esqueça do trabalho! – Ela gritou da cantina enquanto eu entrava no caro.

- Merda. – Havia me esquecido do trabalho.

- O que foi?

- Tenho que entregar um trabalho para amanhã, e eu não fiz nem a capa. – Bufei.

- Tudo bem, você está com a tarde livre já que o baixinho vai para a escola e a noite eu cuido do jantar e dele para que termine.

- Eu agradeço, mas não é isso que está me incomodando. – Ele me olhou. – Precisamos proteger o Antônio, se ele encostar um dedo nele eu juro que eu mato ele.

- Ele só está querendo assustar, ele não vai mexer com o nosso menino.

Encontrava-me só naquela enorme casa, sentada no balcão da cozinha com o notebook para terminar o meu trabalho. Antônio na escola e Nathan na sua clínica pediátrica.

A casa é linda a propósito, ele realmente preparou a casa para uma criança. Fez uma brinquedoteca para que a sala não ficasse bagunçada e o quarto de Antônio parecia um parque de diversão, meu quarto tinha um enorme closet com roupas maravilhosas e muitos sapatos.

Por um momento eu queria entender a certeza de Nat que nada aconteceria com nosso filho, de que Andrew nunca nos machucaria novamente. Mas não consigo, ele vem andado estranho desde que chegamos, dizendo que tem pacientes para visitar de madrugada no hospital e sempre cochichando nos telefonemas. Ele vem escondendo algo e eu preciso descobrir.

Consegui terminar o trabalho antes de Nathan servir a janta e consegui ajudar Toninho terminar a lição de casa.

- Sr. Green ligou. – Ele levantou a cabeça me encarando. – Disse para resolver essa pendência com urgência ou sabe as consequências. – Enfiei um pedaço de bife na boca.

Meu Segredo (não revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora