28 de Janeiro >quarta-feira

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Pois é, descansei bastante, na verdade mais do que o suficiente. Quando fui descansar da viagem ontem era para ser só um cochilo antes do jantar, mas ninguém me acordou para descer e acabei dormindo direto até hoje. E a consequência disso é estar acordada agora, às 05:17 da manhã. Ninguém mais se levantou ainda. Já procurei pela casa toda algo para me ocupar até alguém acordar, mas a casa estava tão silenciosa que confesso que tive uma pontada de medo.

Por isso vim para cá, no quintal, sentada embaixo de uma arvóre que pra ser sincera nem sei de qual fruta é, escrevo neste diário enquanto estou me deliciando em ver o céu colorido, todo manchado por este nascer do Sol. Como eu sentia falta do Rio. Mesmo morando em São Paulo, eu e minha família sempre vínhamos para as férias e aniversários de parentes, e por isso um pedacinho meu sempre esteve aqui. Mas no último ano, quando meus pais se separam e eu fui morar somente com a minha mãe, nós não viemos para o Rio. Agora só quero aproveitar. Eu estava precisando disso. Relaxar. Por um instante, esquecer que minha mãe está longe, que agora moro com minha tia, que minha aulas estão prestes a começar e que irei para uma nova escola, na minha nova-velha cidade, seguir uma nova vida...deixar tudo isso de lado, e só prestar atenção nesta maravilha natural, o céu clariando e o Sol subindo bem devagar, tudo perfeito.

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Já devem passar das 06:00hrs, não sei ao certo, não trouxe o celular e nem relógio para o quintal. Mas o céu já está todo azul claro, e o Sol está lindo brilhando deixando a manhã mais quente, mas de um jeito bom, confortante. Ninguém acordou ainda, devem estar aproveitando as férias para dormir até um pouco mais tarde, eu também estaria dormindo se não tivesse desmaiado tão cedo e agora estou sem sono. Mas o que se pode fazer aqui a essa hora a não ser ir a padaria?

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E aqui estou eu, naquela pracinha. Decidi andar pelas ruas e acabei parando aqui. É tão bom ficar aqui no balanço, escrevendo, a pracinha vazia que daqui a pouco vai estar cheia de crianças brincando. Pode parecer enediante, mas não é. Aproveito para me tranquilizar um pouco, ainda estou meio desnorteada por esta mudança de vida tão rápida. Acabo recordando os bons momentos que vivi nesta mesma pracinha quando criança, quando ainda morava aqui ou até quando me mudei para SP e vinha aqui sempre nas férias. Dou um sorriso com esta lembrança.

__ Também tem boas lembranças desse lugar? - uma voz não muito estranha me tira dos meus pensamentos.

Quando me viro vejo um par de olhos cor de mel me encarando. Estava tão distraída que nem reparei que tinha alguém do meu lado, no outro balanço.

__ Na verdade sim, recordar é bom. - respondo e sorrio pra mim mesma.

__ Espera...Uvinha? - o garoto parece confuso e surpreso agora.

Mas como ele sabe meu apelido de quando era pequena? É algum tipo de vidente? Certo agora estou com um pouco de medo, mas não vou demonstrar. Minhas sombrancelhas se formam em um V curioso e eu digo:

__ Como você sabe desse apelido, ruivinho? Nem te falei meu nome! - epa, não era para ter chamado ele assim, mas quer saber? Deixa pra lá, quero mais é entender como ele sabe disso.

__ Você não precisa me falar seu nome. Eu já sei. E o apelido, é óbvio que eu sei, fui eu mesmo que inventei! - agora estou ainda mais perdida. - Sou eu, Natasha. Melancia, lembra? - ele deu um breve sorriso de lado e...Espera! Bruno? Aquele Bruno? Meu Deus! É ele mesmo! Como pude não reconhecê-lo?!

__ Bruno! Se você não tivesse dito eu não reconheceria, está tão diferente... - me arrependo imediatamente por ter dito isso.

__ Pois é! - ri - Faz bastante tempo. Você também não está nada parecida com aquela menininha que era minha melhor amiga, mas eu nunca me esqueceria dos olhos verdes da minha Uvinha!

Diário de uma CupidaOnde histórias criam vida. Descubra agora