7

788 104 19
                                        

28 de maio, 2017.

Fazia mais de vinte minutos que eu estava sentada em frente ao computador. Minha mente estava em branco e nada em meus pensamentos faziam sentido.

Quero esganar quem algum dia ousar dizer que escrever um livro é fácil.

Me encostei no banco e fechei os olhos, tentei pensar em algo bonito, misterioso... Automaticamente me lembrei de Millie.

Porra, não tenho nem como falar com ela já que nem o seu sobrenome eu sei. Seus olhos escuros, uma escuridão imensa.

Quem ela realmente era? Quais seriam os seus gostos? O seu passado?

Fechei o notebook e me levantei, fui até o sofá e peguei meu celular. Caleb estava na faculdade, e quando ele saía, a casa ficava silenciosa.

Decidi dar uma volta, fui até a garagem de casa e peguei a bicicleta velha que estava ali, passei um paninho para tirar a poeira e em seguida, subi em cima.

A meses que eu não andava de bicicleta, demorou alguns minutos para que eu pudesse me acostumar novamente.

As tardes em Santa Mônica eram maravilhosas, as pessoas aproveitavam cada minuto ali como se fosse seus últimos. De longe, conseguia avistar o píer e me lembrei da primeira vez que eu e Caleb fomos lá.

Tínhamos acabado de chegar na cidade e queríamos dar uma volta, sugeri que fôssemos até o píer.

Passamos o dia inteiro lá, conhecendo as pessoas, comidas e dando voltas na roda gigante. Senti como se finalmente estivesse em casa.

Estava tão submersa olhando para o píer que só fui notar que meu celular estava tocando, quando uma senhorinha se aproximou e avisou.

Era Caleb.

- Sadie, onde você está?

- Dando uma volta, você já chegou? - perguntei ao ouvir sons de talheres -

- Ainda não, resolvemos fazer um lanche depois da aula. Bem, vou passar no mercado depois e liguei para saber se quer alguma coisa?

- Não quero nada, obrigada.

- Até mais!

- Até! - respondi -

Voltei para casa pedalando e cantando algumas músicas. Assim que avistei a minha casa, fui diminuindo a velocidade até parar, desci da bicicleta e a levei para a garagem.

E foi quando reparei que a porta da casa ao lado estava aberta.

Na varanda havia algumas malas e a luz estava acesa. Será que eu finalmente iria conhecer a senhorita Brown?

Em passos lentos, fui descendo as escadas da minha varanda, apesar da distância, ainda conseguia ouvir alguma coisa sendo arrastada lá dentro.

Estava em uma batalha interna entre conhecer a mulher que não me deixa dormir ou ir para dentro de casa. Não sei quanto tempo se passou, mas meu corpo paralisou ao ouvir meu nome ser chamado pela voz que tanto ficou na minha cabeça.

Levantei a cabeça e meu queixo caiu ao ver ela.

Millie.

Seus olhos passearam pelo meu corpo e pisquei várias vezes para ter certeza que aquilo não era mais nenhum dos meus sonhos malucos.

- Sadie? - ela disse novamente -

Sadie? Sim! Eu era a Sadie!

- Millie? O que faz aqui? - perguntei -

Ela franziu a testa, ainda me examinando com os olhos.

- Eu... Moro aqui - Millie apontou para a casa azul -

A casa azul, a casa da vizinha. Millie era a minha vizinha que não me deixava em paz.

- Aqui?

- Sim, aqui! - ela respondeu -

Cruzei os braços, não estava entendendo nada.

Então minha mente me levou de volta para a noite em que nos conhecemos, e depois para o dia em que vi Finn pela primeira vez.

"Tenho uma banda"

- Você e o Finn são da mesma banda? - perguntei, claramente confusa -

Sua expressão ainda estava neutra, seu olhar sério me causou arrepios.

- Sim, se for o Wolfhard, sim nós somos.

O que parecia ser uma conversa foi interrompida pelo barulho de um carro, olhei para trás e vi o carro de Caleb entrando na garagem. Me voltei a Millie.

- Eu tenho que entrar... Hum... Vamos marcar alguma coisa qualquer dia - disse, claramente sem graça -

Ela assentiu, me virei e comecei a caminhar em direção a minha varanda, quando ela me chamou novamente.

- Foi bom ver você - Millie disse -

- Igualmente.

Entrei em casa, logo ouvi a voz de Caleb perguntando que horas eu cheguei ou talvez ele perguntou sobre o jantar, não sei direito. Só conseguia pensar que agora descobri quem era a minha vizinha insuportável, e era Millie, a mesma Millie que me beijou como nunca fui beijada antes.

Eu estava perdida.

Eu estava perdida

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


writing our love | sillieOnde histórias criam vida. Descubra agora