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6 de junho, 2017.

Uma semana depois, muita coisa já havia acontecido depois que descobri a verdadeira identidade da minha vizinha.

Agora toda vez que ela começava a tocar bateria, eu conseguia imaginar perfeitamente o rosto de Millie.

Acho que cheguei a sonhar umas duas vezes, um final alternativo para aquela noite.

Contei a Caleb sobre o que aconteceu, ele não acreditou na história de primeira mas quando a ficha caiu, Caleb quase desmaiou.

Conversei com Finn pelo celular, estamos marcando de ir em algum lugar para conversar, não penso em me envolver com ele, por mais que seja um guitarrista bem bonito. Espero que ele tenha o mesmo pensamento, que me veja apenas como uma amiga.

Hoje o dia estava calmo, eu me encontrava sentada no sofá assistindo televisão e tomando café. Caleb estava sentado ao meu lado, digitando alguma coisa no seu notebook.

Eu não fazia ideia do que estava passando na televisão, meus pensamentos estavam na casa ao lado.

- SADIE!

Pulei no lugar, olhei para Caleb que me analisava com o olhar curioso.

- Você está pensando nela, não é? - ele perguntou -

Hesitei.

- Não - respondi -

- Mentirosa.

Me levantei e fui em direção a cozinha, coloquei a xícara vazia em cima da pia, evitei a todo custo olhar para a janela mas meus olhos me traíram.

A luz da cozinha estava acesa, ou seja, ela estaria em casa.

- Você parece uma psicopata.

Ignorei o que Caleb disse. Ele falava isso toda vez que eu olhava para a janela, com o tempo, aprendi a ignorar.

E eu precisava de uma distração.

- O que acha de macarronada?

Sugeri a ele, enquanto andava pela cozinha para procurar as chaves do carro.

- Você deveria ir até lá e conversar com ela! - Caleb insistia -

- Já se passaram semanas, ela não deve nem se quer lembrar de mim!

Achei as chaves, me virei para o meu irmão que estava com o semblante sério.

- Sadie, você está fazendo de novo. Está se esquivando!

Decidi que não iria mais discutir sobre aquilo, fui em direção a porta e abri. Sem olhar para ele, murmurei:

- Vou ao mercado, quer alguma coisa? - perguntei -

- Não, pode ir - ele respondeu -

[...]

Empurrei o carrinho para o outro corredor, estava a alguns minutos andando de um lado para o outro  procurando a mussarela. Parei de andar quando vi um menininho na pontinha dos pés, tentando alcançar os biscoitos que ficavam na prateleira de cima.

Larguei o carrinho e fui até ele, peguei um dos pacotes de biscoito e entreguei para ele.

Seus olhos eram castanhos escuros, mas o cabelo era loiro. Ele parecia me observar atentamente quando entreguei o pacote, dei um sorrisinho de canto.

Me virei, pronta para voltar ao meu carrinho, quando ouvi uma voz doce:

- Kurt!

Olhei para ele novamente, ainda me observando com os olhinhos curiosos.

- É o seu nome? - perguntei -

Ele assentiu.

- Minha tia que escolheu, ela diz que é igual um cantor - o garotinho disse -

- Kurt Cobain, sua tia tem um bom gosto! Meu nome é Sadie!

- Quem escolheu o seu nome? - ele perguntou -

Nunca haviam me perguntado isso antes.

- Acho que o meu pai - respondi -

A nossa conversa foi interrompida quando ouvimos passos rápidos e uma respiração ofegante, assim que vi quem era, congelei.

- Kurt! Você não pode sumir assim menino! Quase me mata do coração - Millie disse -

Millie.

A minha vizinha

Millie está aqui.

Ela usava uma calça jeans preta e uma camiseta, também preta e parece que seu cabelo estava mais escuro do que a última vez em que a vi.

- Desculpe tia Millie, eu queria aquele biscoito de chocolate - Kurt disse, enquanto apontava para a prateleira -

Até que Millie me olhou, eu não saberia descrever sua expressão naquele momento.

- Sadie? Essa é a minha tia!

Kurt dizia mais alguma coisa sobre os biscoitos de chocolate, mas eu não prestava atenção, os olhos de Millie passeavam pelo o meu corpo e de repente eu comecei a ficar com uma tremenda falta de ar.

- Eu vou voltar para... As minhas compras - falei, tentando disfarçar -

Quase corri de volta para o meu carrinho, quando me dei conta já estava no caixa passando as compras.

Durante o caminho de volta para a casa, me perguntei o que tinha acontecido comigo. Não sei o que dava em mim quando Millie estava por perto, espero que ela não tenha notado.

Assim que cheguei em casa, pedi a ajuda de Caleb para pegar as compras. Ele provavelmente notou que algo aconteceu no mercado, pois perguntou três vezes se estava tudo bem, respondi minimamente e prometi ajudá-lo com a macarronada.

E enquanto estávamos cozinhando, perguntei a Caleb:

- Quem escolheu o seu nome?

- Quem escolheu o seu nome?

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