N/A: Olá! Essa história faz parte do "Desafio pomo de ouro", onde há vinte temas para serem explorados no universo de Harry Potter. O tema dessa fanfic é "Beijos sob o salgueiro lutador" e eu espero que vocês gostem.
Esta é minha primeira obra com o casal Snupin, então sejam gentis. Ademais, vocês podem acompanhar outras histórias minhas de Harry Potter ao visitar meu perfil, tudo está separadinho por listas para facilitar o trabalho de vocês <3
Não deixem de votar nos capítulos e um grande beijo.
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SALGUEIRO.1
– O luar ilumina aquele pedaço de terra, onde só há eu e você.
Nossos olhos se encontram em uma mistura de desespero e entendimento.
E não há palavras que possam ser ditas, que possam me isentar da culpa, ou que diminuam os temores que existem entre nós dois.
Portanto, fico com as nossas melhores memórias, distantes dos beijos sob o salgueiro lutador.
Remus Lupin leu o texto em frente a turma, recebendo alguns elogios de colegas e do professor. Literatura e poesia havia sido uma das matérias optativas que se interessou em cursar naquele ano, surpreendentemente, também havia sido uma escolha de Severus Snape. O loiro suspirou e caminhou entre as fileiras de carteiras, até voltar ao seu lugar. A aula continuou como sempre, contudo, vez ou outra, os olhos castanhos do garoto insistiam em atravessar o espaço que existia entre ele e Severus.
A poesia poderia parecer romântica aos olhos apaixonados das garotas que frequentavam a aula, mas o sentido implícito era conhecido apenas por Remus e pelo sonserino. A produção escrita de do Lupin não havia sido ao acaso, era um pedido de desculpas que até então ele não havia conseguido expressar apropriadamente. Fingiu anotar o que era escrito no quadro, ou mesmo prestar atenção na leitura de outras pessoas, intimamente se perguntava o que Snape havia achado daquilo.
É claro que ele não esperava que Severus o perdoasse, mas queria que o garoto soubesse o quanto a culpa lhe havia afetado, a ponto de tirar seu sono durante algumas noites e o afastar da companhia absurda de Sirius e James, que não pareciam tomar ciência dos danos que haviam causado com aquela "brincadeira". Ele queria que o moreno soubesse que nunca havia sido seu intuito, sua intenção, colocar a vida de qualquer pessoa em risco com seus "beijos" sob o salgueiro.
Passaria a vida atormentado caso suas presas afundassem na pele de Severus, marcando-o para sempre, amaldiçoando-o com a licantropia.
Remus abaixou os olhos quando Snape caminhou até a frente da sala para ler sua composição, ele nunca havia feito aquilo até então. E por mais que quisesse, o Lupin não podia esperar que houvesse uma resposta imediata para seu pedido implícito de desculpas. Seus olhos castanhos olharam pela janela, observando os pássaros voando ao longe, parecendo aspirar liberdade.
– O silêncio mórbido ao seu redor, não destoa de sua falsa carisma.
É em instantes entre sorrisos e piadas que seus olhos sucumbem a escuridão, mas é na solidão que sua verdadeira essência transparece em agonia.
Noites de lua cheia são desculpas supérfluas para crimes maiores a serem ocultados.
Não há perdão que se justifique em almas maculadas. É tarde para a culpa, é cedo para falar de amor.
Remus fechou os olhos e aguardou até que Severus se sentasse para arrumar os materiais espalhados na mesa e deixar a classe. Enquanto caminhava pelos corredores, o Lupin se perguntou se a poesia teria sido rabiscada às pressas pelo moreno, sendo fruto da raiva do sonserino e ocorrendo durante sua fala mais cedo, ou se teria sido motivada por um ressentimento maior. Chegou à conclusão de que talvez ele não fosse o único a perder noites pensando no que aconteceu, não era algo fácil de se esquecer de qualquer forma, mas tampouco esperava que a resposta de Snape fosse atravessá-lo daquela maneira.
Se o moreno queria atingi-lo, ele havia conseguido com perfeição. Severus esfregou sal em suas piores feridas, porém Remus não conseguia culpá-lo. Era um monstro, não havia nada que justificasse isso.
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– Se é cedo para falar de amor, é cedo para falar de perdão.
Minha culpa não diminui com palavras rudes ou olhares de desprezo, continue por quanto tempo for preciso.
Sem memórias para me agarrar ou me prender aos teus braços, tudo que me resta é um pedido de desculpas que não precisa ser aceito, muito menos precisa ser dito. E se ele precisa ser sentido, que possa ser em toda a distância necessária para que seu coração (e o meu) se curem.
Se há medo na minha presença, não hesite em matar-me com algo além de seus olhares. Se há sangue em tuas mãos, talvez haja vida em mim.
As mãos de Remus estavam suando quando ele terminou a leitura. Engoliu em seco e foi envolto por um mal-estar. Por mais que as palavras estivessem mascaradas, não havia nada que o deixasse mais nu que a verdade. Se morrer o libertasse da culpa, se aquilo satisfizesse Severus, então valia a pena ver seu sangue manchar o chão. Ele já não suportava se sentir daquela forma.
No fim da aula, o Lupin pode ver os olhos raivosos de Snape em si. Suspirou e caminhou contra a multidão de alunos prontos para descansarem em suas comunais. Parado em frente a Severus, a vergonha quase o impediu de falar qualquer coisa.
– Perdão – disse devagar, houve alguns segundos de silêncio onde o sonserino o encarou como se fosse um pano velho e sujo. Uma risada baixa e desdenhosa escapou pelos lábios de Snape.
– Você deve ser muito burro para não ter entendido que eu jamais vou perdoá-lo – ralhou e os ombros de Remus se encolheram instintivamente.
– Ainda sim, eu não posso deixar de pedir – sussurrou, seus olhos encontraram os de Severus por alguns segundos – Eu não estava mentindo. Se me matar faria algum perdão surgir disso, vá em frente. Não ache que eu suporto isso melhor que você.
– Você é uma aberração – O moreno falou tão baixo que o som poderia ser confundido com um rosnar. Lupin assentiu, ouvindo seu próprio coração bater alto e forte.
– E quantas vezes você já não ouviu isso? – O Lupin respondeu em um instante, sua respiração se tornou falha – Eu sei o que eu sou, Severus. Não pense que há um dia em que eu não deseje ser diferente.
A verdade flutuou entre eles, sem parecer ter efeito nenhum, senão de engrandecer ainda mais o ódio do moreno.
– O que você ainda está fazendo aqui? – Snape indagou com raiva, ele não queria ouvir mais nada vindo de Remus – Você já pediu perdão, agora me deixe em paz.
– Como quiser – falou, mas não conseguiu simplesmente partir – Eu gostei do que escreveu. Você... Já tinha o texto pronto quando eu entrei na sala aquele dia?
– Não – A resposta foi curta, o Lupin assentiu compreensivo. Os olhos do sonserino pairaram sobre o grifinório, tentando ler suas intenções.
– Você quer que eu deixe as aulas? – O loiro perguntou por fim, com a genuína preocupação de não cruzar o caminho de Snape novamente, a não ser que houvesse espaço para perdão entre eles.
– Não – Severus respondeu depois de um longo tempo. Seus olhos se desviaram do garoto à sua frente – Apenas pare de escrever sobre mim, ou podem acabar pensando o pior.
Remus ergueu as sobrancelhas, surpreso pelo comentário. Um breve sorriso surgiu em seu rosto, mas ele se contentou em concordar com o pedido de Snape.
– Eu não escreverei... Até o dia em que escrever sobre mim – disse devagar e, sem esperar uma resposta para isso, o Lupin deixou a sala.
Severus bufou. Ele não esperava escrever sobre Remus tão cedo, ainda que estivesse mais disposto que antes a, talvez algum dia, perdoá-lo.
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Não escreva sobre mim - Snupin
FanfictionRemus Lupin leu o texto em frente a turma, recebendo alguns elogios de colegas e do professor. Literatura e poesia havia sido uma das matérias optativas que se interessou em cursar naquele ano, surpreendentemente, também havia sido uma escolha de Se...