Mais um capítulo para vocês, espero que gostem e prestem atenção aos detalhes.
***Principalmente nas passagens de tempo.Boa leitura e comentem
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Um Mês Depois
POV Lauren
Acho que “babando” é o termo que eu poderia usar para me classificar nesse momento, vim com Camila para mais uma consulta e não consigo para de olhar o pequeno borrão na tela, é a coisa mais linda que eu já vi na vida. Da última vez que viemos aqui ouvimos o coraçãozinho do pedacinho da Camila, batia tão forte e eu só sabia sorrir como uma boba enquanto ela chorava olhando o borrãozinho lindo naquela tela. Senti Camila segurar minha mão mais uma vez e dei um leve sorriso atenta a cada palavra da Ally sobre a gestação, queria que fosse tudo tranqüilo porque ela já passou coisas demais sem merecer.
Já faz um mês que nos conhecemos e eu realmente entendi que não era só uma atração o que eu estava sentindo, realmente me apaixonei pelo jeitinho da Camila. Aliás, ela é uma mulher extremamente apaixonante, tão delicada, doce, carinhosa, inteligente, compreensiva, entre tantas outras qualidades... Mas ainda não falei ou deixei explícito meu interesse nela. Ela ainda não conheceu meus pais também, já que meu pai assim que voltou de viajem acabou sofrendo um acidente doméstico e quebrou o pé, ainda está se recuperando em casa e não pôde ir à empresa por esses dias.
Já conversei com os dois sobre a Camila estar morando comigo e eles me intimaram a levá-la no próximo domingo para um almoço, querem conhecê-la, mas antes falaram muito por eu ter colocado uma estranha dentro de casa. Só depois que expliquei TODA a situação que eles se acalmaram, logo após sentiram raiva dos pais dela e agora estão super ansiosos para conhecer a “mulher de sorriso doce” que eu tanto falo. Saímos do hospital após Camila terminar alguns exames e dirigi até um restaurante perto da empresa, hoje trabalharíamos no período da tarde por causa da consulta dela.
-Lolo?
-Hm.
-Ontem eu recebi o meu primeiro pagamento.
-E já sabe o que vai fazer? _ Perguntei estacionando o carro e ela assentiu me olhando. _ Me deixa adivinhar, comprar roupinhas para o bebê?
-Não, primeiro eu quero devolver tudo que você está gastando comigo.
-Está de brincadeira comigo, não é?
-Não, eu disse que faria isso.
-E eu que não aceitaria nenhuma devolução.
-Lauren!
-O quê? Eu fiz de coração. _ Fui sincera e ela mordeu o lábio inferior brincando com os dedos de forma nervosa. _ Eu não quero nada de volta, fiz porque gosto de você.
-Mas assim eu vou me sentir um peso morto na sua casa, Lolo.
-Você não é um peso morto, Camila. Se sente assim comigo?
-Não! É que você já fez tanto por mim. _ Ela comentou limpando uma lágrima e tirei o cinto saindo do carro para abrir a porta do carona. _ Só queria retribuir de alguma forma.
-Você já faz isso perfeitamente quando me abraça.
-Você me entendeu, Lo.
-Não, eu não entendi. O que tem de mais em querer cuidar de você?
-É que isso não é sua obrigação, Lolo.
-Eu sei que não, pequena. _ Falei agachada em frente à latina que mantinha o seu biquinho de choro. _ Eu faço isso porque gosto de você.
-Mas eu queria ajudar.
-Tá, eu vou pensar em alguma coisa.
-Promete?
-Prometo. Vamos almoçar? _ Perguntei e Camila assentiu com a cabeça dando um sorrisinho de lado, ela é tão adorável que dá vontade de apertar. _ Já decidiu o que vamos comer?
-Ainda não, mas dizem que todo dia tem a escolha do chefe.
-Ótimo, vamos então.
Seguimos para o restaurante enquanto Camila contava animada sobre um berço que viu numa loja no centro, já tínhamos conversado e decidido que ela ficaria lá em casa pelo menos até o final da licença maternidade, não acho que seja tão seguro uma mulher grávida morando num lugar onde não conhece ninguém. Então com isso tudo decidido, iríamos mobiliar o quarto que ela está usando para ficar com o bebê... O bebê... Eu tenho me apegado cada vez mais na idéia de conhecer um pedacinho da Camila, mesmo que ele sequer esteja aparente em sua barriga e eu só tenha o visto por três vezes numa tela de consultório médico.
-Lolo, você quer ir comigo comprar o berço e me ajudar a escolher algumas roupinhas?
-Claro, eu vou adorar.
-Obrigada por participar tanto da minha gravidez.
-É um prazer acompanhar tudo. _ Falei antes de pedir uma mesa no restaurante e senti Camila segurar minha mão olhando em volta de maneira nervosa. _ O que houve?
-Aquele homem ali é amigo dos meus pais, está nos encarando. _ Olhei em volta e um homem nos olhava com desdém, provavelmente mais um que trai a mulher no sigilo e quer pagar de moralista. _ Ele já deve saber da minha gravidez.
-Não se preocupe que ninguém vai falar bobagens para você. Eu te protejo.
-Eu sei. Você sempre me protege.
-Sempre.
Depois de passarmos o almoço inteiro conversando, viemos para a empresa porque eu teria mais uma vistoria para fazer no prédio escolar que está sendo construído antes de ir para casa descansar um pouco antes do jantar. Hoje Dinah, Mani e a Maite vão jantar conosco, já estava morrendo de saudades de passar um tempinho com minha afilhada que nas últimas semanas não veio por estar em período de testes e provas. Maite tem sete anos e é tão inteligente, tem as melhores sacadas puxando completamente o jeito da Dinah e carinhosa como a Mani, seus olhinhos num tom de castanho claro e os cabelos cacheados fazem uma combinação perfeita dela... Minha pequena bagunceira.
[...]
-Dindinha!
-Princesinha! Que saudades!
-A mamãe me deixou presa naquela casa, acredita?
-Deixa de ser dramática, mocinha. _ Fui andando com a pequena em meu colo até o sofá e vi seu sorrisinho sapeca. _ Sabe que precisava estudar para os testes e provas.
-Eu sei, mas a mamãe Di é muito brava.
-Mais do que a Mani?
-Depende. _ Ri a enchendo de beijos e ouvi sua gargalhada. _ Dindinha! Eu vou fazer xixi.
-Parei. Eu comprei um jogo para você.
-Sério? Cadê?
-Está em cima da cama, pega lá. _ Falei e ela subiu correndo as escadas me deixando falar com minhas amigas. _ Meninas, como estão?
-Eu, maravilhosa como sempre.
-Sempre tão modesta. Quero ser como você quando crescer, Hansen.
-Idiota.
-Senti saudades, bebê. _ Mani falou me abraçando e Dinah se jogou no sofá trocando de canal. Abusada. _ Dinah, tenha modos!
-Essa aí? Duvido que aprenda algum dia.
-E a Maite está seguindo o ritmo. No dia que elas me pagarem com raiva... _ Ela ameaçou e vi minha amiga sentar no sofá voltando para o canal anterior. _ Boa garota.
-Dá a patinha, DJ.
-Vai se foder, palmitinho.
-Mamãe! Não pode falar coisas feias. _ Ouvimos a voz da Maite e Dinah olhou toda sem graça, sabe que a Mani não deixa xingar na frente da pequena. _ Peça desculpas, isso é muito feio.
-Foi mal, Lauren.
-Isso, só pode falar coisas bonitas. Não é, mamãe?
-Isso, mas a mamãe vai aprender. _ Mani falou e vi Dinah ganhar um beijo da pequena ficando toda derretida. _ Ela sabe muito bem que se aprontar não tem brincadeira depois, não é?
-Sim, senhora.
-Dindinha? Muito obrigada, é muito lindo.
-Que bom que você gostou. _ Falei ganhando um abraço apertado da minha afilhada e beijei os seus cabelos. _ Te amo, hm?
-Eu também, dindinha. Muito.
Continuei conversando com as meninas enquanto eu ajudava Maite a montar o quebra-cabeça e vi Camila descer as escadas, ela usava um vestidinho soltinho e os cabelos soltos deixando o ar de menininha que ela carrega a maior parte do tempo quando está em casa. Sorri enquanto a observava cumprimentar minhas amigas e depois sentar no sofá recebendo um abraço bem apertado da Maite que já começou a encher de perguntas sobre o bebê. As meninas se deram super bem com a Camila, até mesmo a Dinah que é super desconfiada acabou se rendendo aos encantos da latina, mas quem não se renderia? Ela é perfeita.
[...]
-Tia Mi, quando você vai brincar de Barbie comigo?
-Quando você quiser.
-Eu vou pedir a mamãe Mani para trazer no carro, têm muitos vestidinhos.
-Sério? Então podemos trocar e fazer um desfile de moda.
-EBAAA!
-Mocinha, hora de ir para casa. _ Mani chamou parada ao lado do carro e Maite fez biquinho, pensa numa criança que adora um drama. _ Sem bico, você sabe que chora de madrugada e eu não vou te buscar.
-Nem eu, meu sono é sagrado.
-Eu não vou chorar, mamãe.
-Maite...
-Eu ia chorar só um pouquinho. _ Ela falou dando um suspiro frustrado e eu acabei rindo pelo seu desabafo. _ Posso vir aqui quando a Ari vier também?
-Pode, mas agora se despeça da tia Camila e da sua dinda.
-Tchau, tia Mi.
-Tchau, meu amorzinho.
-Tchau, dindinha.
-Tchau, minha princesinha. _ Falei abraçando a pequena que antes abraçava Camila. _ Te amo.
-Também te amo, dindinha.
Despedimo-nos das meninas que seguiram de carro e voltamos para casa, Camila continuava com um sorriso lindo no rosto pela noite tão agradável com as meninas e me abraçou de lado enquanto caminhávamos para o andar de cima em silêncio, precisávamos de um banho antes de dormir. Fui direto para o banheiro e peguei apenas uma samba canção e uma regata, queria me jogar na cama o mais rápido possível e dormir até meu corpo se fundir no colchão, já que o dia seguinte estava repleto de nada para fazer... Eu adoro os finais de semana.
[...]
Saí do banheiro secando o cabelo na toalha e vi a porta abrir dando a visão da Camila vestindo um “baby doll” preto, não teve como disfarçar o olhar em seu corpo, ela é gostosa demais e eu tenho um amigo que é muito visual. Droga! Eu estou só de samba canção... Sentei na cama na intenção de disfarçar jogando a toalha em cima da cueca, mas ela já tinha o olhar assustado na região entre minhas pernas, acho que está na hora de contar mais um pouquinho sobre minha vida. Respirei fundo olhando para o chão tentando encontrar as palavras certas para usar e me perguntando se depois disso tudo ela me odiaria, eu gosto tanto dela.
-Preciso te contar uma coisa sobre mim.
-Pode me contar, Lolo. _ Ela disse sentando ao meu lado e entrelaçou as nossas mãos de forma carinhosa. _ Eu jamais vou te julgar.
-Eu nasci meio diferente, sabe?
-Diferente como?
-É meio complexo explicar, os termos médicos são muitos e eu não gosto muito de falar sobre esse assunto. _ Falei baixo e senti um leve carinho em minha mão, mas não tive coragem de olhar para Camila em momento algum. _ Minha mãe teve um problema sério na gestação e eu acabei nascendo com uma anomalia que depois de um mês de nascida e muitos exames, eles rotularam com o que chamam de intersexual.
-Intersexual. Isso basicamente quer dizer que você tem uma parte de menino, não é?
-Sim. Explicando de um modo geral, é isso.
-Desculpe a minha ignorância, mas isso atrapalha na sua saúde, Lolo?
-Não mais.
-Como assim? _ Levantei o olhar e vi que não tinha nojo na sua expressão, apenas curiosidade e o mesmo olhar carinhoso de sempre. _ Pode te fazer mal em algum momento?
-Não, eu apenas fiz algumas cirurgias de correção quando era bebê.
-E ele é normal? Digo, ele funciona igual ao de um homem?
-Sim, de acordo com meus últimos exames, eu até posso engravidar uma mulher.
-Que legal! Você tem cara de que vai amar ser mãe. _ Ela falou e sorri fraco, não é como se eu já tivesse conhecido uma mulher para isso. _ Que foi?
-Não são muitas mulheres que querem ter filho com alguém como eu, geralmente bate aquela insegurança de nascer igual.
-E essa possibilidade existe?
-Os médicos dizem que não, mas as pessoas têm receio.
-As pessoas são idiotas então, você seria uma mãe incrível. _ Senti um beijo estalado na minha bochecha e ela me abraçou de lado. _ Agora está explicado à cueca do primeiro dia.
Continuei respondendo a todas as suas curiosidades e Camila me enchia de beijos na bochecha a cada vez que sentia a minha voz falhar, algumas lembranças ainda são bem difíceis para mim, precisei de cinco anos de terapia e agora uma vez por ano faço um pacote com dez sessões por precaução. Apesar de agora eu ser bem resolvida comigo, sei que sempre vou sofrer de algum modo o preconceito, tanto pela minha condição quanto a minha orientação sexual, as pessoas não lidam bem com o diferente. E mesmo eu me aceitando como sou, é horrível ouvir alguns comentários de pessoas ruins, então é raro eu contar sobre minha condição para alguém que não tenho muito tempo de amizade ou algum relacionamento.
-Obrigada por dividir isso comigo.
-Obrigada você por não sentir nojo de mim.
-Nojo? Eu jamais sentiria nojo de você. _ Camila beijou minha bochecha e sorri beijando a sua mão que fazia um leve carinho em meu rosto. _ Só se você comer de boca aberta.
-Vou me lembrar disso.
-Ei? _ Ela chamou deitando a cabeça em meu peito e a abracei. _ Você é perfeita do jeitinho que é, hm?
-Obrigada, pequena.
-É a verdade, nunca deixe que te façam pensar o contrário.
-Você é incrível, Latina.
[...]
Dia Seguinte
POV Camila
Nove semanas de gestação.
Sempre me peguei pensando em como seria ficar grávida, ver minha barriga crescer, perder as noites tranquilas de sono porque um serzinho iria chorar pedindo meu aconchego e dar aquele sorriso banguela quando me visse... E agora tudo isso é real, daqui pouco mais de sete meses terei um pedacinho de gente em meus braços, me chamando de mãe. Terminei de me arrumar e peguei minha bolsa, hoje Lauren iria comigo escolher algumas roupinhas para o bebê, depois decido quando comprar o berço, eu quero esperar até descobrir o sexo pelo menos. Desci para a sala vendo Lauren sentada no sofá me esperando enquanto mexia no celular e me aproximei dando um beijo em seu rosto como faço todos os dias.
-Bom dia, Lolo.
-Bom dia, pequena. Está linda hoje, aliás, sempre. _ Ela falou levantando do sofá e beijou meus cabelos antes de fazer um carinho em minha barriga. _ Como está o bolinha hoje?
-Está bem, ele é tão calminho.
-Como você. Será que vai ser um menino? Eu chamo tanto de bolinha que parece que falo com um menino.
-Eu não faço idéia, mas esse vai ser o apelido dele quando nascer?
-Não, depois eu vou pensar num melhor.
-A gente vê. Vamos lá comprar as roupinhas?
-Vamos.
Seguimos para o carro e Lauren dirigiu até o centro da cidade em direção a loja de bebês que a gente combinou de ir, eu precisava começar a escolher algumas roupinhas ou meu bebê ficaria pelado no hospital quando nascesse. Entramos na loja depois de Lauren estacionar o carro aqui perto e de cara fixei o meu olhar num vestidinho vermelho que estava no manequim, não teve como não desejar ser mãe de uma menina ainda que por um instante. Será que é um mini Cabello ou uma mini Cabello como a Lauren gosta de brincar? Levei a mão até minha barriga e sorri imaginando pela primeira vez alguns detalhes meus no meu pequeno.
-Bom dia, eu posso ajudar? Procuram por algo em específico? _ Vi uma mulher com uniforme da loja e sorri assentindo. _ Menino ou menina?
-Neutro, ainda não sabemos. Viemos olhar as roupinhas.
-Ok. Sou Claire, espero que possam ter uma boa experiência na loja.
-Obrigada.
-Pode trazer todas as roupinhas de cores neutras, vamos olhar todas. _ Lauren falou dando um leve sorriso e a mulher assentiu levemente. _ Vamos olhar os sapatinhos enquanto isso, linda?
-Claro, eu acho.
-Com licença, mamães.
-Eu acho que ela pensou que somos um casal. _ Senti as minhas bochechas esquentarem após Lauren comentar risonha sobre a fala da vendedora. _ Ei? É uma honra ser “confundida” com a possível esposa de uma mulher tão linda como você.
-Obrigada, Lolo.
-Vamos ver os sapatinhos?
-Vamos. Muito obrigada por estar aqui, significa tanto.
-Significa muito para mim também. _ Ela falou olhando diretamente em meus olhos e mordi o lábio de forma tímida. _ Eu gosto muito de você, Camila.
-Eu também gosto muito de você, Lolo.
[...]
-Eu posso te ajudar, Lolo.
-Claro que não, está doida? Você está grávida.
-E o que tem eu estar grávida?
-Não vou permitir que você carregue peso. _ Lauren falou fechando o porta-malas e cruzei os braços, eu estava indignada. _ Nem adianta fazer bico, não vai carregar peso.
-São somente sacolas com roupinhas de bebê.
-Sem bico, agora vai para dentro.
-Lauren, eu não sou uma criança.
-Mas está fazendo birra como uma. _ Ela levou a mão até a testa e senti uma lágrima cair pelo meu rosto. _ Me desculpa. Ei? Não chora, princesa.
Fiquei parada e senti Lauren me abraçar de forma carinhosa como sempre faz, odiava como eu chorava todos os dias e ficava extremamente sensível, mais do que o normal. Ally até explicou que durante a gestação os sentimentos realmente afloram bastante, mas nem eu entendo os motivos de estar chorando se ela só está tentando cuidar de mim. Suspirei me acalmando e ela beijou minha testa suavemente me aconchegando mais em seus braços, Lauren conseguia me deixar tão tranquila sem dizer uma palavra sequer.
-Ei? Leva essa bolsinha aqui, só não chora.
-Desculpa por ser chorona. Eu não consigo controlar.
-É normal, sinal de que alguém aqui dentro está fazendo bagunça. _ Ela tocou minha barriga e dei um leve suspiro me acalmando. _ Vamos entrar? Você precisa descansar.
-Tudo bem.
-Não precisa mais chorar, hm? Pode levar essa sacola aqui.
-Obrigada.
Entramos em casa depois de alguns minutos e fui direto para o quarto procurar alguma roupa leve para tomar banho, Lauren fez o mesmo depois de me ajudar com as sacolas de compras e eu desceria para escolhermos o que pediríamos no jantar, Lauren sempre diz que sábado é dia de lanche e eu prefiro uma alimentação mais saudável. Já dá para imaginar que toda vez ouço aquela história de “só temos uma vida para desperdiçar comendo alface”. É incrível conviver e poder ter uma relação tão boa com alguém que consegue ter tanto bom humor, mas que ao mesmo tempo é tão protetora e responsável com tudo a sua volta, principalmente comigo e o “Bolinha”.
Sim, o meu bebê ganhou esse apelido e eu achei super fofo.
[...]
-Nossa! Nunca comi um pastel tão bom, isso está maravilhoso.
-O Império tem a melhor massa de pastel da região, sempre dava uma passada lá quando ia à faculdade. _ Falei pegando um pastel de quatro queijos e Lauren assentiu enchendo um pastel de maionese temperada. _ Gostou do molho?
-Esse molho é muito bom, sério. Aprendeu com a sua abuelita?
-Sim, ela me ensinou quando eu tinha treze anos.
-Depois me ensina?
-Claro, quando você quiser.
Continuamos comendo entre assuntos vários aleatórios até terminarmos “nosso jantar” e Laur sugeriu assistirmos um filme antes de dormir, eu realmente precisava me distrair um pouco da idéia de conhecer os seus pais amanhã. Será que eles vão gostar de mim? Será que vão gostar do meu pequeno quando nascer? Ou nem vão esperar isso acontecer e vão falar para a Lauren me expulsar daqui?Afinal, eu sou uma estranha morando aqui. São tantas perguntas passando por minha cabeça e eu só vou ter alguma resposta quando realmente os conhecer.
-No que tanto pensa, hm?
-Nos seus pais. E se eles não gostarem de mim, Lolo?
-Impossível. Impossível. _ Lauren falou bem convicta, como se fosse uma coisa surreal pensar nessa possibilidade. _ É sério, tenho certeza que meus pais vão te adorar.
-Qual dos dois é mais bravo?
-Minha mãe, certeza.
-E o seu pai? Pelas fotos ele parece ser bem bravo.
-Propaganda enganosa, Cami. _ Ela falou descontraída e acabei rindo pelo comentário, Lauren parecia ter uma relação ótima com os pais. _ Ele é um pai bem babão, minha mãe diz que ele me estragou.
-Por que?
-Ciúmes. É porque minha primeira palavra foi “papai”.
-Não julgo, eu carrego o bebê por nove meses e ele fala “papai”? Deveria ser proibido.
-E por que deveria? O Bolinha também vai falar “tia Laur” primeiro. _ Ela falou convencida e eu gargalhei, se acha demais. _ Ri mesmo, depois não adianta ter raiva.
-Meu filho vai falar “mamãe”.
-Se quiser se iludir, tudo bem. Mas sabemos que isso não vai acontecer.
-Convencida.
-Realista, as crianças me adoram.
Revirei os olhos pelo seu comentário e Lauren riu passando o braço em volta da minha cintura me aconchegando em seu peito enquanto a televisão a anunciava a volta do intervalo para a sessão de filme, estávamos assistindo uma comédia enquanto o sono não chegava.
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My Angel (CONCLUÍDA)
Fanfic-N-não pode fazer... fazer... fazer isso. -Achou mesmo que um dia eu casaria com uma mulher assim? Por favor, Camila. _ Matthew falava e eu sentia meu coração acelerar enquanto as lágrimas caíam. _ Eu já consegui tudo o que eu queria, dei visibilida...