É um monstro!

134 20 0
                                    

 A noite cai e Bell não sabia mais o que fazer, seu pai estava desaparecido a dias e Mathieu havia mostrado suas reais intenções, ele estava perdido, só uma coisa sabia, não podia ficar mais naquela aldeia, Bellmont arruma sua mochila com o que ele acha que vai precisar, antes que qualquer um note ele sai da vila em direção a cidade.


Entre o pequeno vilarejo e a cidade há uma floresta que poucos habitantes transitivavam, eles tinham tudo que era preciso na vila e nenhum deles sentia vontade de saber o que tinha no mundo a fora, seu pai e ele eram os único que passavam aquela velha trilha, Bell caminha em silêncio só com os sons de seus passos na terra molhada e a luz da sua lamparina iluminando apenas alguns passos a frente, seu pai o havia instruído como ele devia andar por aquele caminho desde pequeno, Bell anda uma longa distancia, seus pés doem nas suas botas e seus olhos desfocam com o cansaço, ele para por um momento para recuperar as energias, até que ouve um relinchar, o cavalo de seu pai grita tombado no chão.


— Phill? — o garoto corre até o cavalo e nota que uma das suas patas está ferida — O que aconteceu com você?


Ele pega seu casaco e amarra na perna do animal, que levanta com dificuldade, não há sinal da carroça ou do pai de Bell, o Garoto começa a procurar nas redondezas em busca de uma pista do que aconteceu, em pouco tempo ele encontra não muito longe da trilha um castelo, a única coisa que separava Bell do castelo era um barranco íngreme


— como nós nunca tínhamos notado isso aqui? — quando o cavalo vê aquela construção começa a relinchar e dar coices no ar, seu desespero é tanto que o animal acaba derrubando Bell no barranco


Bell rola e bate no chão com força, seus cotovelos e joelhos estão bastante machucados e sua lamparina quebrou no chão, ele se levanta com dificuldade, o cavalo que havia o derrubado galopou para o mais longe que conseguia daquele castelo, Bell cambaleia até os portões do castelo, o frio faz cada osso do seu corpo tremer, ele empurra com dificuldade o portão e entra no castelo em busca de se proteger do frio.


O castelo parece ser muito antigo, as paredes estão cheias de teias de aranha e antigos quadros, os passos de Bell ecoam por toda a sua extensão, o castelo estava sombrio e era difícil enxergar, Bell pega um pequeno candelabro e o acende para enxergar melhor, a pouca luz do candelabro ilumina o suficiente para Bell ver que a muitos anos atrás aquele castelo podia ter tido muita gloria, mas agora era só um fantasma do passado.


Bell sobe a escada em frente ao grande sala que se encontra, não parece ter nenhuma pista que alguém veio recentemente, mas algo o diz que há alguém ali, como se estivesse sendo observado.


— Me tire daqui! — Bell se assusta com uma voz ecoando no castelo que parecia com a do seu pai


— Pai! Eu estou indo


Bell corre pelo castelo seguindo a voz, ele sobe vários lances de escada até uma parte mais tenebrosa do castelo possivelmente uma antiga masmorra, ele acaba chegando a origem da voz, seu pai desmaiado estava trancado em uma das celas, Bell se ajoelha e segura sua mão sentindo o quão quente seu pai estava, o frio lá fora deve o ter deixado doente e agora estava queimando de febre, quem poderia fazer uma coisa dessas?


— Eu vou te soltar eu só preciso saber como — Bell se prepara para se levantar, mas a mão de seu pai segura seu pulso com força


— Vá embora Bell, corra o mais rápido que você conseguir — Bell espantando tenta entender porquê seu pai diria algo assim


— Eu não vou deixar você para trás


— Desista, é o fim para mim, mas não para você, fuja antes que ele te ache — Bell não conseguia entender, aquelas palavras o deixaram tristes e com raiva, as lágrimas surgem nos seus olhos


— Quem é ele pai, quem te deixo tão assustado, só me diz quem!


Uma enorme sombra surge atrás de Bell, seu pai na cela se afasta o máximo possível ficando encolhido em um dos cantos, Bell se vira para tentar ver quem é o dono do castelo, mas ao virar o candelabro, o homem se afasta se mantendo na escuridão


— Porque você prendeu o meu pai? — o homem se mantem quieto, se Bell não sentisse sua presença pensaria que estava falando com o vazio — Me responde!


— Seu pai é um ladrão — uma voz grave responde na escuridão e por um momento Bell vacila — Ele me roubou e agora viverá o resto dos seus dias na minha masmorra


— Meu pai não é um ladrão — Bell sente a raiva o consumindo — Você tem que o libertar, ele está doente não vai sobreviver nem um dia aqui


— Ele roubou! Roubou uma das rosas do meu jardim e precisa pagar

Bell começa a hiperventilar, aquilo era tudo culpa dele, ele havia pedido a rosa, se não fosse por ele seu pai estaria são e salvo na cidade, ele não podia deixar seu pai pagar por algo que era sua culpa


— Vamos fazer um acordo — o homem calou-se como se pensasse no assunto — Você liberta meu pai e... eu fico no lugar dele


— N...Não Bell, não f...faça isso... — seu pai implora, tentando convence-lo que aquela era uma péssima ideia, mas uma horrível tosse o impede de continuar


— Você aceita o acordo? — o portão da cela se abre e Bell puxa seu pai para fora, o abraçando forte, seu pai estava fraco e mal se movia


o homem continua nas sombras parado, Bell já se acostumando com a escuridão consegue distinguir um pouco sua silhueta e tenta não demonstrar seu medo, a forma do homem era animalesca, Bell podia ver seu peito subindo e descendo de forma acelerada, seus olhos vorazes o fitavam na escuridão.


— Venha para luz, Eu quero saber o que você é


a criatura não se mexe por um tempo, mas acaba concordando, a luz revela a fera monstruosa, Bell dá um passo para trás com medo, a Fera é duas cabeças mais alta que Bell, seu rosto é feroz e há duas pressas enormes na sua mandíbula, garras afiadas no lugar de unhas e uma pelagem caramelo claro ele pega Bell que não consegue reagir vendo aquela aparência monstruosa pelo braço e o joga na cela a trancando em seguida.


— O que você esta fazendo? Eu preciso ajudar meu pai, ele não vai conseguir voltar sozinho — a fera olha para Bell que engole em seco


— Você disse que trocava a vida dele pela sua, você não pode sair e seu pai vai ter que sobreviver para voltar para casa


a fera pega o corpo inerte do pai de Bell, o garoto começa a balançar o portão com força que tilinta


— Ele esta muito doente, ele não vai chegar, eu juro que irei e voltarei para pagar minha divida — a fera começa a descer as escadas — Ele vai morrer!


— Devia ter pensado nisso antes


A fera se vai, e Bell senta no chão imundo da cela sozinho, aquele era o seu fim e provavelmente o do seu pai, ele olha para uma pequena janela se perguntando se seu destino sempre foi ficar preso, sem poder nenhum dia voar e ver o mundo.

Bell e o monstroOnde histórias criam vida. Descubra agora