Os minutos pareciam não ter fim na pequena e esquecida cela da torre do castelo, Bell já havia perdido a conta de quantas horas se passaram, na janela que era sua única ligação com um mundo exterior a noite não tinha fim, aquele lugar o deixava cada vez mais aterrorizado, ele não sabia o que mais poderia acontecer naquele castelo magico e tinha medo de descobrir, seus olhos viravam inúmeras vezes para porta esperando a fera voltar e o dizer que repensou sua decisão e o mataria ali mesmo para pagar pelo "crime" do seu pai.
Bell ouve um barulho da alavanca da sua cela sendo puxada, e a porta se abre lentamente, mesmo com a chance de fugir Bell continuou ali, olhando em direção aporta.
— Você não pode libertar o prisioneiro o amo vai ficar furioso conosco — Bell ouve uma voz grave porem um pouco amedrontada
— Mon dieu, o amo não devia ter prendido nosso convidado em primeiro lugar — Outra voz surge um pouco mais melodiosa e com um sotaque francês
As vozes parecem mais perto e quando finalmente Bell vê quem o libertou ele fica sem palavras, o dono da voz amedrontada era um pequeno relógio de mesa, com detalhes dourados e ponteiros que não marcavam a hora, o outro era o candelabro dourado que ele havia usado para transitar pelo Palácio
— O que são vocês? — Bell fica o mais longe possível daquelas criaturas, aquilo só podia ser magia negra
— Oui, nós não fomos apresentados eu sou Lumiere aos seus serviços — ele faz uma reverencia breve e o relógio revira os olho — E esse paspalho e o mousier Horloge
— Ei! Não sou eu que estou desobedecendo o amo — O relógio parece realmente nervoso uma mistura de raiva e medo
— Porque vocês me libertaram? — Lumiere olha para Bell com um enorme sorriso
— Você é o nosso convidado
Bell não consegue compreender havia sido jogado naquela masmorra, fadado a viver sua vida lá para sempre e agora é um convidado, os dois pequenos objetos saem da masmorra e incentivam o garoto a sair também, eles descem a escadaria que a momentos atrás Bell subiu em busca de seu pai, eles saem daquela parte do casto e se encontram em um enorme corredor aquela ala do castelo parecia um pouco menos destruída, eles vão até a ultima porta e os dois objetos param um em cada lado
— Esse é o seu quarto — Bell hesita por um momento, mas acaba abrindo a porta — c'est beau, non?
O quarto era imenso, a enorme cama de colcha vermelha era do tamanho do seu antigo quarto de tão grande que era, não havia poeira ou teias de aranha nesse quarto, além disso havia um enorme guarda-roupa e uma cômoda refinada, Bell não resiste e pula na cama que o engole com seus travesseiros fofos e seus lençóis macios, ele nem podia acreditar que pessoas vivem assim enquanto ele e seu pai... Bell se lembra do pai e a tristeza da incerteza o abate
— O amo vai ficar furioso com você — o relógio emburrado anda em círculos preocupado — Você não só liberou um prisioneiro como ofereceu um quarto para ele, que tal entregar logo a ala norte de bandeja para ele?
— O que tem na ala norte? — os dois olham assustados quando ouvem a pergunta de Bell, o garoto entende que aquilo é algo que ele não devia saber então tenta mudar de assunto — deixa para lá, mais alguém vive no castelo?
— Oui, espere aqui e não mova um músculo — o candelabro parece estar em êxtase, provavelmente faz décadas que ninguém fica naquele castelo — vamos Horloge
— Eu ficarei aqui esperando o amo descobrir o que você fez e então eu...
O candelabro puxa o relógio o interrompendo e eles saem do quarto, Bell fica dividido, de um lado o candelabro e o relógio sendo objetos simpáticos o faz querer os conhecer mais e do outro a enorme fera que o faz querer sair correndo daquele lugar, ele não sabia o que fazer estava novamente preso em um lugar aonde não queria estar.
— rapaz, eu apresento o sr. Samovar e seu pequeno filho — um antigo bule e uma xicara lascada entram no quarto em cima de um carrinho de chá, Bell fica cada vez mais curioso com os objetos do castelo
— Que deselegante cavalheiros, nem perguntaram o nome do nosso convidado — o bule fala com elegância e a pequena xicara se esconde atrás do pai — Qual é o seu nome meu anjo?
— Bell... Bellmont, é um prazer conhecê-lo sr. Samovar, e você é? — Bell se aproxima da xícara que parece estar tão curiosa quanto o próprio garoto
— Eu sou zip... e você é o garoto que todos falam, não? Eu queria saber como você ficou quando o amo chegou e...roar! — a pequena xícara ruge tentando imitar a fera — ai ele jogou você na masmorra e bam! Ai ele levou seu pai até a vila e quase viram ele então o papai e o Horloje ficaram muito preocupados e....
— Ele levou meu pai até a vila, por quê? — Bell pergunta e todos ficam sem fala novamente, zip fica muito envergonhado ao perceber que havia falado mais que devia
— zip você não devia chatear nosso convidado com esse tipo de assunto, você se lembra o que nós conversamos — zip fica cabisbaixo e afirma com a "cabeça" — agora já para a cama, é hora de guardar a louça
— Mais pai! — os dois saem com o pequeno zip reclamando, Lumiere e Horloje se despedem também deixando Bell no quarto para descansar
Bellmont deitou e fechou seus olhos em busca do sono, mas ele não vinha, Bell só conseguia pensar na fera e o quanto ela o intrigava, primeiro o tratando como prisioneiro e não deixando ele nem se despedir do pai e depois levando seu pai a vila ele mesmo, mas o que a fera fazia não importava, Bell sabia que não importa se estava em um quarto luxuoso ou em uma masmorra, ele era prisioneiro e era assim que continuaria sendo.
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Bell e o monstro
FanfictionBellmont é um garoto que vive numa pequena vila e lá ele nunca consegui se enturmar e acaba preferindo a companhia de um bom livro, mas ao ver seu pai simplesmente dessaparecer Bell terá que encarar um monstro terrível, que no fundo talvez não seja...